Dólar cai 0,37% e fecha a R$ 5,3028 em dia de recuperação de ativos de risco

Dólar cai 0,37% e fecha a R$ 5,3028 em dia de recuperação de ativos de risco

Em outubro, a moeda norte-americana agora apresenta perda de 1,70%

AE

Dólar acumulou alta de 2,11% na semana passada

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O dólar encerrou a sessão desta segunda-feira em queda moderada no mercado doméstico de câmbio, em sintonia com o sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior. O dia foi marcado por recuperação dos ativos de risco lá fora, na esteira de balanços positivos de grandes bancos nos Estados Unidos e do recuo do governo do Reino Unido do pacote de cortes de impostos, o que aliviou a pressão sobre os mercados de dívida e a libra esterlina.

A corrida presidencial, que teve um capítulo importante no domingo, com o primeiro debate do segundo turno entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantém um pano de fundo de cautela com o real, embora não tenha tido nesta segunda papel relevante na formação da taxa de câmbio, segundo operadores. Isso apesar do mau humor com a possibilidade de mudança na política de preços da Petrobras, sobretudo em caso de vitória do petista.

Após acumular alta de 2,11% na semana passada, o dólar iniciou o dia em baixa firme e desceu até a mínima de R$ R$ 5,2541 (-1,29%) ainda pela manhã, em meio a relatos de entrada de fluxo (de estrangeiros e exportadores) e à redução de posições defensivas no mercado futuro. Com moderação das perdas ao longo da tarde e renovação de máxima nos últimos minutos de negócios (R$ 5,3038), a divisa acabou encerrando o pregão em baixa de 0,37%, cotada a R$ 5,3028. Em outubro, o dólar agora apresenta perda de 1,70%.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente uma cesta de seis divisas fortes - caiu mais de 1%, chegando a romper o piso de 112,000 pontos na mínima (111,922) pontos. Euro subiu mais de 1% e a libra chegou, nos melhores momentos, a apresentar ganhos de mais de 2% em relação à moeda americana. No Parlamento, o novo ministro de Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, anunciou nesta segunda que o governo britânico vai reverter quase todas as propostas de cortes de impostos anunciadas em 23 de setembro. Os planos fiscais da primeira-ministra Liz Truss haviam provocado mergulho da libra e disparada das taxas dos gilts, levando a uma intervenção do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), encerrada na sexta-feira, 14.

A reação de euro e libra nesta segunda-feira pode ser vista como uma correção do exagero das perdas recentes. A perspectiva é de um dólar ainda forte em relação ao seus pares, tanto pela deterioração das expectativas para a zona do euro, às voltas com os efeitos da guerra na Ucrânia, quanto pela perspectiva de aperto monetário mais forte nos Estados Unidos, após leitura ruim da inflação ao consumidor em setembro e falas duras de dirigentes do Federal Reserve na semana passada.

O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, vê um mundo marcado por múltiplos fatores de risco que podem atingir a moeda brasileira. Na semana passada, o foco esteve na disparada das taxas de juros dos gilts e nas dúvidas sobre a saúde de fundos de pensão no Reino Unido. Outros pontos relevantes são a crise de energia na Europa, que acelera a inflação e deprime o crescimento na zona do euro, e eventuais medidas que possam emergir do Congresso do Partido Comunista na China. Há muitas dúvidas sobre o tamanho do aperto monetário nos Estados Unidos e seus efeitos sobre a atividade econômica.

"Temos incertezas de todos os lados e cada hora o mercado coloca peso maior em uma questão. O real era até para ter um desempenho melhor hoje quando se olha o comportamento de outros emergentes", afirma Weigt, que ainda vê um prêmio de risco associado à corrida presidencial refletido na moeda brasileira. "Hoje a aposta majoritária é Lula vencer a eleição. Ele já disse que não vai divulgar o nome do ministro da Fazenda, mas se divulgasse um nome bom, o dólar cairia. Tem espaço para um câmbio um pouco mais baixo."

Taxas de juros

O mercado de juros doméstico também se favoreceu da melhora do apetite ao risco global, com taxas em queda. O recuo dos juros no exterior e a fraqueza generalizada do dólar abriram espaço para devolução de prêmios na curva, após as taxas terem avançado nas três últimas sessões, mas o volume hoje foi bastante reduzido. A agenda econômica, com as novas reduções de estimativas de IPCA na Pesquisa Focus e a queda do IBC-Br maior do que apontava a mediana das estimativas, também encorajou o ajuste.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 caiu de 12,87% no ajuste de sexta-feira para 12,84% e a do DI para janeiro de 2025, de 11,78% para 11,64%. O DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,48%, de 11,62%.

O alívio generalizado nos mercados globais nesta segunda-feira deu vazão parcial ao acúmulo de prêmios nos DIs no fim da semana passada. Os balanços do setor financeiro nos Estados Unidos têm agradado, nesta segunda-feira com números do BofA, mas a principal notícia do dia foi o anúncio da reversão do pacote fiscal no Reino Unido. O governo britânico irá reverter quase todas as propostas de cortes de impostos, que tinham potencial para insuflar ainda mais a inflação no país. Com isso, a libra se fortaleceu ante o dólar e os juros dos gilts tiveram queda expressiva. Os juros dos Treasuries também cederam.

O operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio confirma que a melhora externa trouxe apetite ao risco também no Brasil, mas classifica a dinâmica nesta segunda-feira como ajuste técnico. "Não tem mudança estrutural de cenário. Até pela liquidez fraca, que acaba potencializando o efeito de movimentos pontuais", disse.

Do mesmo modo, para o estrategista-chefe da Necton Investimentos, Felipe Beckel, pode não haver fôlego para levar a queda adiante, dadas as múltiplas frentes de preocupação. No fim de semana, a tensão geopolítica cresceu, com novos ataques da Rússia à Ucrânia e o governo da China pedindo a seus cidadãos que deixem o país do leste europeu. Ainda, o presidente Xi Jinping, em discurso no Congresso do partido comunista, deixou claro que a política de covid-zero será mantida. "Dificilmente veremos juros aqui mais para baixo do que já estão. E pra cima, tem bastante espaço", disse Beckel.

No Brasil, o IBC-Br de agosto caiu 1,13% ante julho, bem mais do que apontava a mediana das estimativas (-0,30%) e veio perto do piso (-1,20%). Não mudou os cenários do mercado para o PIB nos próximos trimestres, mas confirmou a percepção de que o que tem segurado a economia é o setor de serviços. "Abre espaço para reduções (da Selic) no fim do primeiro ou começo do segundo trimestre", afirmou Alírio, da Nova Futura.

A percepção sobre a política monetária pode ter alívio vindo também do comportamento das expectativas futuras, na medida em que as medianas de IPCA para o horizonte relevante na Pesquisa Focus continuam caindo. A projeção para 2023 recuou de 5,00% para 4,97%, ainda acima do teto de 4,75%, e a de 2024 passou de 3,47% para 3,43%, abaixo do teto de 4,50%, mas acima do centro de 3,00%

Bolsa

Como nas máximas da sexta-feira, o Ibovespa voltou a flertar nesta segunda-feira com o nível de 114 mil pontos, após uma sequência de cinco perdas que o retirou, depois do fechamento do último dia 6, dos 117,5 mil pontos - que havia sido seu melhor nível de encerramento desde 8 de abril. Assim, após série de 10 sessões dividida ao meio entre cinco ganhos e cinco perdas, a referência da B3 retomou terreno nesta segunda-feira, em alta de 1,38%, a 113.623,98 pontos, com giro a R$ 28,0 bilhões. Entre a mínima e a máxima, oscilou dos 112.090,36 aos 114.406,03 pontos, saindo de abertura aos 112.106,80 pontos. No mês, avança 3,26% e, no ano, 8,40%.

"O local se manteve hoje muito conectado ao internacional, com forte desempenho em Nova York, animado pelos resultados do Bank of America, que ajudou aqui as ações de bancos, em dia também de recuperação na Europa, com a reconsideração pelo governo britânico de propostas fiscais que haviam sido mal recebidas pelo mercado. Por aqui, com agenda meio esvaziada nesse começo de semana, o boletim Focus ainda traz projeções melhores para IPCA e PIB, uma combinação que sempre ajuda", diz Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos.

Na ponta negativa do Ibovespa nesta segunda-feira, destaque para MRV (-11,42%), por conta de prévias operacionais que trouxeram desaceleração de vendas e queima de caixa, resultados que decepcionaram os investidores, aponta Harada. Por outro lado, empresas com exposição ao câmbio como as do setor de viagens (Azul +6,11%) e turismo (CVC +9,18%) estiveram entre as campeãs do dia, favorecidas por recuo do dólar ante o real, ainda que bastante moderado ao longo da tarde - a moeda americana fechou o dia em leve baixa de 0,37%, a R$ 5,3028.

Aqui, "os juros futuros recuaram com perspectiva de melhora da inflação, pela queda no preço das commodities, e a divulgação do Boletim Focus projetando IPCA mais baixo para 2022 e 2023, o que favorece os ativos de risco", aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. No câmbio, acrescenta o analista, o dólar acabou mostrando ao fim recuo muito leve frente ao real, alinhado ao mercado externo, com a recuperação da moeda americana observada no final do pregão refletindo "alguma cautela por parte dos investidores".

Na B3, "o mercado acompanhou a volta do investidor para os ativos de risco vista lá fora. Uma melhora grande no exterior, principalmente com a decisão do governo britânico de revogar grande parte dos cortes de impostos que haviam sido propostos, e que estavam levando as contas públicas daquele país para uma situação complicada", diz Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset, chamando atenção para o efeito "tranquilizador" não apenas para a libra mas também para os mercados acionários. "Um problema a menos para o mundo", acrescenta.

Em discurso ao Parlamento britânico, o ministro das Finanças do Reino Unido disse que o governo local precisa "fazer mais e mais rápido" para dar segurança aos mercados sobre seus planos fiscais. A fala vem após uma série de reversões no plano fiscal anunciado havia poucas semanas pela equipe da primeira-ministra Liz Truss. As movimentações políticas do Reino Unido ficaram assim em foco nesta segunda-feira, com a decisão de reverter quase todos os cortes de impostos previstos pelo novo governo.

Com alguma melhora na percepção de risco lá fora - com destaque para o índice de tecnologia de Nova York, o Nasdaq, que fechou em alta de 3,43% -, os investidores também retomaram as compras na B3. Até o começo da tarde, os ganhos eram bem distribuídos pelas ações e segmentos de maior peso no Ibovespa, o que levou o índice a marcar ganhos pouco acima de 2% nas máximas do dia. No meio da tarde, a virada, ainda que leve, observada nos preços do petróleo tirou ímpeto de Petrobras, que fechou o dia em baixa (ON -0,65%, PN -0,09%).

Entre os setores de maior liquidez, embora também com desempenho amortecido no fechamento, destaque nesta segunda-feira para os grandes bancos, como Itaú (PN +0,80%), Santander (Unit +0,90%) e BB (ON +0,84%). "Nos Estados Unidos, a temporada de balanços continua com força nesta semana. Nesta segunda, mais cedo, foi divulgado o balanço do Bank of America, superando as estimativas para lucro e receita", aponta em nota a Guide Investimentos.

O setor minero-siderúrgico teve desempenho misto na sessão, apesar da queda do preço do minério de ferro na China nesta segunda-feira (-1,93% em Dalian), em meio à ausência de estímulos econômicos, no curto prazo, para fazer frente aos efeitos dos lockdowns sobre o ritmo de atividade, especialmente na construção civil, observa Martinez, da Kilima. Vale ON fechou em alta de 1,20% e Gerdau PN, de 2,09%, mas Usiminas PNA e CSN ON cederam, respectivamente, 1,22% e 0,70%.

Na agenda doméstica, se por um lado o Focus contribuiu para que o Ibovespa se alinhasse ao bom humor externo, por outro o IBC-Br de agosto, também divulgado pela manhã pelo Banco Central, decepcionou. O indicador de atividade econômica do BC avançou 4,86% em relação a agosto de 2021, mas, na margem, recuou 1,13%, em desempenho pior do que o mercado antecipava para a comparação com julho, observa em nota a Terra Investimentos. "Além disso, os resultados dos últimos meses foram revisados predominantemente para baixo", acrescenta a casa.


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