Dólar encerra sessão cotado a R$ 4,85 e Ibovespa fecha no maior patamar em dois anos

Dólar encerra sessão cotado a R$ 4,85 e Ibovespa fecha no maior patamar em dois anos

Moeda norte-americana finalizou segunda-feira no menor nível desde o início de agosto

AE

Dólar operou em queda de 1,85% no início da tarde desta sexta-feira

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O dólar à vista apresentou queda superior a 1% na sessão desta segunda-feira, mais do que devolvendo os ganhos da última sexta-feira, e fechou no menor nível desde o início de agosto. O dia foi marcado pelo enfraquecimento da moeda americana frente a divisas fortes e emergentes, em meio ao avanço de commodities diante da expectativa de estímulos ao setor imobiliário na China. Operadores relataram entrada de fluxo para a bolsa doméstica e internalização de recursos por parte de exportadores.

Com a agenda doméstica esvaziada, investidores trabalharam de olho na perspectiva de avanço da agenda econômica no Congresso, com possível votação do relatório do projeto de lei que taxa fundos offshore na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, amanhã, e do parecer final da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na Comissão Mista de Orçamento (CMO), na quarta-feira, 22.

Lá fora, as atenções se voltam para a divulgação, amanhã, da ata do encontro de política monetária do Federal Reserve em 1º de novembro. Após leituras benignas de inflação nos EUA na semana passada, ganhou força a ideia de que o BC americano já encerrou seu ciclo de alta de juros. Especula-se agora com eventual início de processo de corte ainda no primeiro semestre. A semana é mais curta para o mercado dos EUA com o feriado do Dia de Ação de Graças, na quinta-feira, 23.

Em queda desde a abertura, o dólar rompeu o piso de R$ 4,85 à tarde em meio à máximas do Ibovespa e das Bolsas em Nova York, após a virada das taxas dos Treasuries mais longos para o campo negativo. Leilão do Tesouro dos EUA de papéis de 20 anos teve demanda acima da média, o que significa redução de prêmios, algo favorável a ativos emergentes. Com mínima a R$ 4,8480, a moeda fechou em baixa de 1,10%, cotada a R$ 4,8517 - menor valor de fechamento desde 2 de agosto (R$ 4,8055). A liquidez foi muito reduzida, em razão do feriado do Dia da Consciência Negra no Estado de São Paulo.

Segundo o analista de câmbio Elson Gusmão, da corretora Ourominas, não houve alterações no quadro doméstico que justificassem a apreciação do real hoje. "O mercado operou muito de olho no cenário externo. Amanhã tem a ata do Fed, e o mercado já especula uma queda de juros nos EUA para maio de 2024", diz Gusmão, ressaltando que, com a liquidez reduzida, "qualquer movimentação acaba fazendo preço." "Com a queda de hoje, podemos ver amanhã uma demanda grande de empresas por dólar para fazer remessas de lucros e dividendos. Esse patamar de R$ 4,85 é muito atrativo".

Termômetro do comportamento do dólar em relação a seis divisas fortes, o índice DXY operou em queda firme, com mínima aos 103,379 pontos. Entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities, destaque para o peso colombiano, o real e o peso mexicano. Ontem à noite, o Banco do Povo da China (PBoC, o Banco Central chinês) deixou suas principais taxas de juros inalteradas pelo terceiro mês consecutivo. Há expectativa, contudo, de auxílio financeiro a grandes incorporadoras, amenizando a crise no setor imobiliário. O peso argentino experimentou uma leve apreciação no dia seguinte à eleição de Javier Milei à presidência da Argentina.

Juros

Os juros futuros começaram a semana em alta, realizando lucros após três sessões seguidas de queda. O ajuste chegou a perder força no meio da tarde, após o bem-sucedido leilão de títulos de 20 anos do Tesouro norte-americano, com demanda firme e taxas abaixo da média, ter aliviado a curva dos Treasuries. As taxas locais então foram para a estabilidade, mas depois voltaram a subir. O ambiente de negócios foi fraco, com agenda local esvaziada pelo feriado da Consciência Negra em várias cidades do País e exterior sem destaques.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,480%, de 10,420% no ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 10,20%, de 10,11% no último ajuste. A do DI para janeiro de 2027 encerrou a 10,33% (de 10,25%) e a do DI para janeiro de 2029, em 10,74% (máxima), de 10,66%.

O recuo de mais de 30 pontos-base nas principais taxas na semana passada dava espaço para ajustes, na ausência de um condutor forte para os negócios nesta segunda-feira. Assim, as taxas subiram pela manhã, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro americano não tinham direção firme. O fôlego de alta esmaeceu no meio da tarde, após o leilão de US$ 16 bilhões em T-Bonds de 20 anos pelo Tesouro norte-americano. A taxa bid-to-cover, um indicativo da demanda, ficou em 2,58 vezes, acima da média recente, de 2,52 vezes. Nos Treasuries, as taxas longas passaram a recuar, mas a queda também perdeu fôlego no fim da tarde.

"Os investidores estão demandando menos prêmio na taxa de juros americana. Menos prêmios nos EUA reduz atratividade das taxas lá, leva à queda do dólar e do DI longo", afirmou o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, lembrando que o comportamento do câmbio de emergentes é um bom termômetro sobre o apetite dos investidores. O dólar à vista fechou hoje em baixa de 1,10%, aos R$ 4,8517. No fim da tarde, o alívio se esvaiu e as taxas retomaram a trajetória altista.

Nos próximos dias, o calendário econômico local é escasso, mas a agenda em Brasília é importante para as aspirações fiscais do governo. Amanhã, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado pode apreciar o relatório do projeto de lei (PL) que taxa fundos offshore e fundos exclusivos. E a Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional pode votar nesta semana o relatório final da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, no qual o governo optou por não enviar sugestão de emendas para alterar a meta de déficit primário zero em 2024.

A Pesquisa Focus, divulgada antes da abertura, foi monitorada, sem influenciar o comportamento da curva. Até porque as projeções de IPCA para 2024, 2025 e 2026 pouco se alteraram. Para 2024 e 2025, anos que estão no horizonte da política monetária, as medianas ficaram em 3,92% (3,91% na semana passada) e 3,50% (inalterada). Para 2026, também permaneceu em 3,50%.

Ibovespa

O Ibovespa estendeu a série positiva pelo quarto dia ao encerrar a sessão em alta de 0,95%, aos 125.957,06 pontos, elevando os ganhos do mês a 11,32%, ainda a caminho de seu melhor desempenho em três anos - em novembro de 2020, a última vez em que acumulou ganho de dois dígitos, avançou 15,90%. Hoje, a referência da B3 oscilou entre mínima na abertura, a 124.773,21, e máxima de 126.162,01 pontos, com giro a R$ 23,3 bilhões na sessão. No ano, o Ibovespa avança agora 14,78%.

No fechamento, o índice da B3 mostrava o maior nível desde 28 de julho de 2021, então aos 126.285,59 pontos. A ação de maior peso individual no Ibovespa, Vale (ON +2,45%), foi o ponto alto da sessão, em que Petrobras, mesmo com o sinal positivo do petróleo, perdeu força em direção ao fechamento (ON -0,33%, PN +0,08%), o que impediu o índice de fechar na linha dos 126 mil pontos, como parecia destinado em boa parte da tarde. O encerramento foi de ganhos moderados para as ações de grandes bancos, com Itaú (PN +0,99%) à frente - exceção para Bradesco ON (-0,07%).

Além do avanço do minério e do petróleo, o dia foi de agenda relativamente esvaziada, com poucos catalisadores para os negócios. Na ponta ganhadora do Ibovespa, CSN (+9,49%), Raízen (+5,60%) e RaiaDrogasil (+4,57%). No lado oposto, Gerdau Metalúrgica (-4,62%), Gerdau (PN -4,33%) e Cemig (-2,84%).

A semana, mais curta nos Estados Unidos pelo feriado de Ação de Graças na quinta-feira, tem como destaque, amanhã, a divulgação da ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve - e chega no momento em que os mercados globais continuam a auscultar, atentamente, qualquer modulação na percepção do Fed sobre a economia americana e o nível em que os juros de referência já se encontram.

Recentemente, em meio aos sinais de arrefecimento da inflação e do nível de atividade nos Estados Unidos, o mercado começa a precificar a possibilidade de que o ciclo de alta na taxa de juros do Fed já tenha alcançado seu ponto máximo, e que o movimento de cortes venha a começar antes do que se imaginava, possivelmente ainda no primeiro semestre do ano que vem.

"Não parece que as minutas trarão mais informação para o mercado. Se olharmos o histórico das últimas divulgações, de fato o documento não tem feito muito preço, na maioria", aponta a Guide investimentos em nota, na qual destaca também a vitória do libertário Javier Milei na eleição presidencial argentina, ontem.

"Milei foi contrário a manter relações comerciais com o Brasil, porém apoiou que o setor privado comercialize com quem assim desejar. Por enquanto, a relação comercial Brasil-Argentina deve seguir como 'business as usual'. Mais importante será acompanhar o desempenho da economia argentina nos próximos anos, e seu efeito para a nossa balança comercial", diz a Guide.

Pela manhã, na agenda doméstica, o Boletim Focus trouxe nova queda nas expectativas de inflação para o ano, com algumas casas já projetando 4,2% para o fechamento do período, observa Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.

"O cenário tem ficado bem positivo quanto à queda da inflação, principalmente com o que se vê de arrefecimento no núcleo dos preços. Queda do setor de serviços, tudo isso tem ajudado. Não fosse o cenário externo, o Banco Central poderia até cogitar a aceleração da queda de juros", ressalva o economista, acrescentando que a contração na última leitura do IBC-Br, de setembro, divulgada na semana passada, contribui também para redução nas projeções de alta do PIB para o ano, que pode ficar abaixo de 3%.


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