Dólar fecha dia em leve alta de 0,03%, cotado a R$ 4,8997

Dólar fecha dia em leve alta de 0,03%, cotado a R$ 4,8997

Influência para a formação da taxa de câmbio vem de mudanças na percepção de risco fiscal em meio aos esforços do governo para aprovar medidas para aumentar a arrecadação

AE

Moeda apresentou queda após intervenção do Banco Central

publicidade

Com trocas de sinal ao longo da tarde, o dólar à vista encerrou o pregão desta segunda-feira, 27, em alta de 0,03%, cotado a R$ 4,8997. Segundo operadores, a formação da taxa de câmbio se deu em meio a pressões distintas, o que explica o vaivém das cotações. Depois de duas sessões de baixa liquidez no fim da semana passada, em razão do feriado do Dia de Ação de Graças nos EUA, o giro foi robusto hoje, com o contrato de dólar futuro para dezembro movimentando mais de US$ 15 bilhões.

Pela manhã, com a queda das taxas dos Treasuries e o sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior, o dólar ensaiou uma baixa mais forte no mercado local e desceu até a mínima de R$ 4,8725. A maré virou no início da tarde, quando houve um desconforto com a questão fiscal doméstica, em meio ao pedido de vistas do julgamento em torno do pagamento de precatórios no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ministro André Mendonça.

Temores de que malograsse o plano do governo de quitar R$ 95 bilhões em precatórios neste ano com crédito extraordinário, em razão do pedido de vistas no STF, deflagraram uma onda compradora que levou o dólar a correr até a máxima a R$ 4,9215. Sem a resolução do imbróglio dos precatórios, haveria ainda mais dificuldade para cumprimento da meta fiscal de 2024, já vista com ceticismo pelos investidores.

Logo em seguida, contudo, os ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes anteciparam seus votos favoráveis e formaram maioria no STF para autorizar o governo abrir crédito extraordinário em 2023 para quitar os precatórios. Além disso, apesar do prazo do pedido de vistas ser de 90 dias, o ministro André Mendonça sinalizou que devolverá os autos do processo para julgamento nos próximos dias, segundo fonte ouvida pelo Broadcast. Foi a senha para realização de lucros intraday que levou o dólar orbitar R$ 4,90 ao longo da tarde.

O sócio e head de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac, afirma que a instabilidade do dólar revela cautela por parte dos investidores e a falta de "gatilhos" mais fortes para formação de posições. No exterior, o mercado busca entre indicadores sinais de conformação da expectativa de pouso suave da economia americana e de possível corte dos juros pelo Federal Reserve ainda no primeiro semestre de 2024. No Brasil, a grande influência para a formação da taxa de câmbio vem de mudanças na percepção de risco fiscal em meio aos esforços do governo para aprovar medidas para aumentar a arrecadação.

"No momento, falta um 'trigger' mais forte para o câmbio. Do ponto de vista gráfico, vejo uma resistência muito forte do dólar em R$ 4,90 e R$ 4,91. Quando toca esses níveis, há uma entrada de empresas exportadoras. Já quando a taxa fica abaixo de R$ 4,90, vemos ordens de compra de importadores", afirma Izac.

No exterior, o índice DXY - que mede o comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes - operou em leve queda ao longo do dia e, no fim da tarde, rondava os 102,200 pontos. O dólar caiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, embora tenha subido em relação a dois pares latino-americanos do real, os pesos mexicano e chileno.

Ibovespa

O Ibovespa conseguiu deslizar para o positivo ao longo da tarde e fechar esta primeira sessão da semana em leva alta, apesar do sinal moderadamente negativo em Nova York em boa parte da etapa vespertina, e também no fechamento. Aqui, ao fim, o índice da B3 mostrava ganho de 0,17%, aos 125.731,45 pontos, com giro a R$ 20,5 bilhões. Hoje, oscilou dos 124.839,65 aos 125.826,08 pontos, saindo de abertura aos 125.517,27 pontos. No mês, o Ibovespa sobe 11,13% e, no ano, avança 14,58%.

Em dia negativo para o petróleo, Petrobras ON e PN fecharam, respectivamente, em baixa de 0,66% e 0,57%, assim como Vale (ON -0,60%) e os grandes bancos (Bradesco ON -0,91%, Itaú PN -0,26%, Santander Unit -0,33%), à exceção de BB (ON +1,84%). O comportamento desfavorável das ações de maior peso no índice, contudo, não impediu que o Ibovespa encontrasse fôlego no fechamento para retomar trajetória positiva, vindo de perda de 0,84% na sessão anterior. Assim, reaproxima-se um pouco da linha dos 126 mil, vista nos fechamentos da quarta e quinta-feira passadas.

Na ponta ganhadora nesta segunda-feira, Yduqs (+10,73%), Cogna (+7,19%) e CSN Mineração (+6,28%), com Raízen (-5,08%), 3R Petroleum (-4,27%) e Pão de Açúcar (-3,37%) no canto oposto. O avanço de Yduqs decorreu de mudança na recomendação do JPMorgan, para compra da ação, enquanto Goldman Sachs rebaixou a de 3R Petroleum, de compra para venda, colocando o papel da empresa na fila contrária nesta segunda-feira, observa Gabriela Sporch, analista da Toro Investimentos.

"A abertura em Nova York veio fraca hoje e os índices de lá passaram a operar majoritariamente no campo negativo à tarde. Ainda assim, o Ibovespa conseguiu segurar os 125 mil pontos, oscilando bem próximo à estabilidade, em dia negativo para as exportadoras de commodities, como Vale e Petro, que têm grande peso no índice", diz Bruna Centeno, sócia e especialista da Blue3 Investimentos. Ela destaca que o ajuste negativo em Vale, na sessão, decorreu da preocupação mostrada pela China com relação ao patamar de preços do minério de ferro, em função da possibilidade de "trade especulativo."

De acordo com relato da Reuters, o órgão planejador estatal da China informou ter realizado pesquisa sobre os índices de preços de diversas commodities, entre as quais o aço e o minério de ferro. A decisão do centro de monitoramento de preços da Comissão de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) visa aprofundar a compreensão de como os preços são compilados e os dados são recolhidos. A medida ocorreu após a NDRC emitir dois alertas sobre o reforço da supervisão do mercado de minério de ferro, na semana passada, para conter a alta dos preços.

"O pregão foi um pouco volátil à tarde para o Ibovespa, que chegou a cair em torno de meio por cento à tarde, mas acabou fechando em leve alta, enquanto o dólar também ficou bem perto do zero a zero no fechamento da sessão. Esta semana guarda uma agenda de indicadores mais pesada, com destaque para o PCE nos Estados Unidos, na quinta-feira", diz Gabriela, da Toro, referindo-se à métrica de inflação ao consumidor preferida do Federal Reserve.

Juros

Os juros futuros fecharam a sessão em baixa, alinhados ao sinal das taxas dos Treasuries. A agenda doméstica esteve limitada, mas o noticiário fiscal ficou no radar numa semana de grande expectativa para as votações no Congresso.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,415%, de 10,438% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,16% para 10,08%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,21% (de 10,33% na sexta-feira) e a do DI para janeiro de 2029, em 10,63% (mínima), de 10,76%.
Após as taxas terem encerrado a semana passada com alta moderada a partir dos vértices intermediários, o mercado hoje testou maior exposição ao risco, autorizada pelo cenário internacional ameno e emitindo sinais que endossam a ideia do fim de alta de juros nos Estados Unidos.

As vendas de moradias novas no país tiveram inesperada contração em outubro e o índice de atividade empresarial regional do Federal Reserve (Fed) de Dallas caiu a -19,9 em novembro de -19,2 pontos em outubro. Os retornos dos Treasuries, já em queda antes dos dados, aprofundaram o ritmo. Novas mínimas viriam à tarde, após o leilão dos papéis de 5 anos, ainda que com demanda abaixo da média. No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos estava abaixo de 4,40%.

"O exterior deve dar a tônica da semana para o mercado de juros, com a agenda norte-americana bastante carregada", afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, destacando que na quinta-feira sai o índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês), medida favorita de inflação do Federal Reserve.

O mercado manteve um olho também no noticiário fiscal. Pela manhã, saiu a arrecadação de outubro, de R$ 215,6 bilhões, levemente acima da mediana das estimativas de R$ 212,6 bilhões, mas o maior interesse do investidor é na agenda de votações do Congresso na semana. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), confirmou que estão previstas para amanhã as votações em plenário do projeto de lei que prevê a taxação dos fundos de alta renda e offshores e do texto que regulamenta a tributação das apostas esportivas.

Outro tema caro ao mercado é a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os precatórios. A corte iniciou julgamento que vai decidir se governo poderá abrir crédito extraordinário ainda em 2023 para quitar R$ 95 bilhões em precatórios. O julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro André Mendonça, mas já há maioria para autorizar a medida. O relator Luiz Fux e os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Cármen Lúcia votaram para atender o pedido da Advocacia-Geral da União (AGU). Os ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes anteciparam seus votos após Mendonça pedir vista, mais cedo. O julgamento continua suspenso e ainda faltam os votos de quatro ministros.

A autorização encaminhará uma solução sobre o futuro do pagamento de precatórios vista como satisfatória para a equipe econômica. Embora não atenda integralmente ao pedido da Fazenda, a alternativa dá a chance de o governo Lula quitar o passivo gerado pela 'PEC dos Precatórios' e terminar o primeiro ano de mandato com o problema melhor endereçado.

"A solução dada pelo relator, o ministro Luiz Fux, parece ir na linha de tirar os pagamentos da regra fiscal sem alterar a contabilização das despesas, o que me parece positivo", disse o sócio fundador da Oriz Partners e ex-secretário do Tesouro Carlos Kawall.


Azeite gaúcho conquista prêmio internacional

Produzido na Fazenda Serra dos Tapes, de Canguçu, Potenza Frutado venceu em primeiro lugar na categoria “Best International EVOO” do Guía ESAO

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895