Dólar fecha em alta, a R$ 5,18, no último pregão do ano

Dólar fecha em alta, a R$ 5,18, no último pregão do ano

Com o resultado desta quarta-feira, moeda norte-americana encerra 2020 29,34% acima da cotação final de 2019

AE

Bolsa terminou o dia em baixa de 0,33% com ganho de 9,30% no mês e 2,92% no ano

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Num pregão em que operou sem tendência definida, oscilando entre a mínima de R$ 5,1532 (queda de 0,57%) e a máxima de R$ 5,2357 (alta de 1,02%), o dólar fechou o dia marcando valorização de 0,11%, cotado a R$ 5,1887. No fim da sessão, o real acabou se descolando do movimento de apreciação das moedas internacionais num dia em que os mercados foram guiados por expectativas de estímulos fiscais nos Estados Unidos e notícias de evolução das campanhas de vacinação no exterior - em especial, no Reino Unido.

Com o resultado de hoje, o último pregão de 2020, o dólar encerra o ano 29,34% acima da cotação final de 2019. Num contexto de atraso das reformas, o risco fiscal, após a explosão de gastos na pandemia, impediu que a divisa norte-americana voltasse ao nível inferior a R$ 5,00 de antes do avanço do coronavírus para fora da China.

Em 2020, dentro de uma cesta de 34 moedas, a depreciação do real só não foi maior do que a do peso argentino. Contra a moeda do país vizinho, o dólar subiu mais de 40%.

Hoje, como esperado, a disputa entre comprados e vendidos na formação da Ptax acentuou a volatilidade natural das sessões de liquidez reduzida. Depois de alternar altas e baixas, o dólar alcançou a mínima do dia praticamente junto com a definição da taxa de referência, que ficou em R$ 5,1967, com alta de 0,05% em relação ao fechamento da Ptax de terça-feira.

Sem a pressão do desmonte do overhedge (proteção cambial), que puxou para cima o câmbio até a última segunda-feira, o dólar parecia firmar trajetória de queda durante a tarde. Porém, no fim da sessão, a volatilidade voltou a subir, levando a moeda dos Estados Unidos ao terreno positivo.

Segundo avaliação de operadores, esse comportamento na reta final da sessão foi influenciado pela decisão do ministro do Supremo Ricardo Lewandowski de manter a vigência de medidas sanitárias de enfrentamento da pandemia, o que levou a preocupações, equivocadas, de prorrogação do estado de calamidade que permitiu a suspensão de regras fiscais em 2020. Apesar disso, o dólar futuro, com vencimento em fevereiro, fechou em queda de 0,43%, a R$ 5,197.

Ibovespa

O Ibovespa manteve o nível de 119 mil pontos pela terceira sessão consecutiva, chegando à inédita marca de 120 mil pontos no melhor momento do dia, mas não encontrou fôlego para romper a máxima histórica de fechamento, de 119.527,63, estabelecida em 23 de janeiro. Nesta última sessão de 2020, após quatro ganhos seguidos, o índice encerrou em leve baixa de 0,33%, aos 119.017,24 pontos, tendo oscilado entre a mínima de 118.919,43 e o novo pico histórico intradia, de 120.149,85, revogando a marca que vigorava desde 24 de janeiro, então a 119.593,10 pontos.

O giro financeiro totalizou R$ 32,5 bilhões neste último dia de ajuste de carteira. No ano, vindo de alta de 31,58% em 2019, a maior desde 2016, o Ibovespa alcançou leve avanço de 2,92%, assegurado pelo sprint nos dois últimos meses de 2020: ganho de 9,30% em dezembro, após salto de 15,90% em novembro, o maior desde a recuperação iniciada em abril (+10,25%), interrompida entre agosto e outubro. A Bolsa chegou a acumular perda de 45% no auge da crise, no fechamento de 23 de março, então aos 63.569,62 pontos.

Após perda 8,43% em fevereiro e tombo de 29,90% em março, ainda no início da pandemia, o Ibovespa teve uma recuperação de 40,93% até o começo do segundo semestre, encerrando a série abril-julho acima da sequência positiva de quatro meses entre fevereiro e maio de 2009, quando o Ibovespa teve avanço de 39,32%. Assim, o desempenho do Ibovespa entre abril e o fechamento de julho foi o melhor desde o agregado de 46,54% entre setembro e dezembro de 2003, segundo o AE Dados. Contudo, a recuperação sofreu revés a partir de agosto e só viria a ser restaurada em novembro, com o retorno do investidor estrangeiro à B3, em fluxo líquido recorde de R$ 33,3 bilhões naquele mês, o maior da série iniciada em 1995.

No dia 23 de janeiro, quando o Ibovespa renovou máxima histórica de fechamento, aos 119.527,63 pontos, o índice dolarizado estava em 28.688,46 e, no encerramento de 2019, a 28.826,29 pontos. No encerramento de abril, primeiro mês do ciclo de retomada do índice, o Ibovespa dolarizado estava a 14.802,41 pontos, refletindo avanço do índice no mês (+10,25%), acima do observado no dólar (+4,66%). Agora, no fechamento de 2020, o índice em dólar ficou em 22.937,77, com a moeda à vista em baixa de 2,95% no mês, e o Ibovespa dolarizado vindo de 20.368,35 pontos no encerramento de novembro. No ano, o dólar à vista subiu 29,34%.

"Quando dá tudo errado, o mercado coloca no preço que o mundo vai acabar - como se viu no auge da crise, quando ativos se depreciaram em até 50%, o que não faz nenhum sentido. Agora, parece que estamos indo para o outro lado do pêndulo: o excesso de otimismo, de que tudo vai dar certo", observa Leonardo Milane, sócio e economista da VLG Investimentos.

"O que aconteceu de novembro para cá nada tem a ver com o Brasil, com os fundamentos do País. A vitória de Biden e o enfraquecimento do dólar foram os fatores decisivos. Em movimentos de 'risk on' muito bruscos, o estrangeiro sai comprando tudo, até na periferia dos emergentes", diz Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, que prevê um primeiro trimestre difícil, no qual, sem prosseguimento do auxílio emergencial, a demanda agregada será afetada no Brasil - em um ambiente também marcado por atraso na vacinação, "que não deve vir antes do Carnaval".

Nesta última sessão de 2020, Vale ON coroou o avanço de 70,43% em 2020 com um leve ganho de 0,44%, enquanto Petrobras também esteve em terreno positivo nesta quarta-feira (PN +0,25% e ON +0,63%), mas ainda negativo no ano (PN -6,10% e ON -8,93%). Entre as siderúrgicas, CSN brilhou em 2020, com avanço de 125,73% no período - nesta quarta, fechou em baixa de 2,15%. Entre os bancos, o desempenho foi negativo, assim como o que prevaleceu para o setor em 2020, com BB ON acumulando perda de 24,04% e Bradesco ON, de 20,03%, em 2020.

Juros

A curva de juros futuros termina 2020 mais inclinada, em um ano marcado pela pandemia de covid-19, que propiciou que a Selic renovasse continuamente as mínimas históricas. O diferencial entre os DIs de janeiro de 2022 e 2027 passou de 150 pontos-base em 30 de dezembro passado a 355 pontos hoje, nível, aliás, bem perto da média de 350 pontos de 2020. Contudo, o cenário de mais aversão, por essa métrica, foi colocado para traz, diante do empurrão da ampla liquidez mundial. A perspectiva fiscal brasileira, contudo, inspira preocupações nos agentes do mercado.

Em meio à liquidez reduzida da sessão, perto do encerramento do pregão regular, às 16h, alguns dos principais vértices tocaram as mínimas. Diante do noticiário muito fraco, o movimento foi atribuído a operações pontuais para reequilíbrio de carteiras, algo já esperado neste último pregão de 2020, o que causa distorções. A indefinição do dólar hoje também ajudou a dar o tom, com a moeda em instabilidade por causa da formação da Ptax de dezembro.

O contrato de DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 2,860% (regular) e 2,865% (estendida), ante 2,884% no ajuste de ontem. O janeiro 2023 passou de 4,235% para 4,190% (regular) e 4,200% (estendida). E o janeiro 2027 foi de 6,413% a 6,410% (regular) e 6,430% (estendida). O spread janeiro 2022 versus janeiro 2027 passou de 353 para 355 pontos-base, levíssima inclinação.

Mas o movimento de abertura da curva no ano foi bem mais forte. Além do movimento de aversão ao risco, que vez ou outra deu as caras a partir de meados de fevereiro, quando a covid-19 se espalhou pela Europa e os Estados Unidos, a diminuição da Selic a níveis cada vez menores e o discurso do Banco Central de manter a taxa baixa por um período mais longo fez a ponta curta da curva baixar.

Os juros básicos chegaram em 2020 a 4,50% e, agora, fecham 2021 em 2%, renovando sequencialmente as mínimas históricas. No futuro, contudo, é esperado movimento de aperto monetário, à medida que o BC ensaia o movimento de abandono do forward guidance e as estimativas de inflação para 2022 caminham para a meta.

Na Focus de segunda-feira, a Selic esperada ao fim de 2021 é de 3,13%, enquanto o Top 5 projeta 3%. A mais recente estimativa colhida pelo Projeções Broadcast (10 de dezembro, após o último Copom do ano) tem mediana de 3,25%.

Além da inflação, o mercado de juros deve monitorar o andamento da questão fiscal no País, com o mês de janeiro já contaminado pela discussão em torno das presidências da Câmara e do Senado. Na prática, as duas pessoas a serem eleitas comandarão o processo legislativo de reformas, emperrado em 2020.


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