Dólar fecha em R$ 5,14 com exterior negativo e saída de Mansueto

Dólar fecha em R$ 5,14 com exterior negativo e saída de Mansueto

Moeda chegou a bater em R$ 5,22 pela manhã

AE

O impacto da saída de Mansueto no câmbio acabou se reduzindo com a leitura de bancos

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O dólar teve uma segunda-feira de fortes oscilações. Chegou a bater em R$ 5,22 pela manhã, em meio ao movimento de fuga de ativos de risco no mercado financeiro internacional, por causa do temor de uma nova onda de contaminações pelo coronavírus, e ainda as preocupações causadas pela saída do secretário do Tesouro, Mansueto Almeida.

Nos negócios da tarde, caiu a R$ 5,08 após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciar um "amplo e diversificado" programa para comprar ativos de empresas.

Mas com a moeda americana ainda em alta ante emergentes após o Fed, o câmbio seguiu pressionado aqui e o dólar fechou no maior nível desde o último dia 2, cotado em R$ 5,1422 (+1,98%). No mercado futuro, o dólar para julho era negociado com valorização de 1,93%, em R$ 5,1535, às 17h50.

O impacto da saída de Mansueto no câmbio acabou se reduzindo com a leitura de bancos, como o Goldman Sachs e o Citibank, de que é uma perda importante, mas o ajuste fiscal prossegue. Para o economista do Goldman para a América Latina, Alberto Ramos, o "timing" da saída foi "inapropriado", pois foi em meio a uma forte deterioração fiscal, mas a avaliação dele é que o ministro Paulo Guedes permanece como principal formulador da política economia e vai prosseguir com a agenda do ajuste.

No final da tarde, o ministério confirmou o atual diretor de Programas do ministério da Economia, Bruno Funchal, ex-secretário da Fazenda do Espírito Santo, como substituto. O diretor de tesouraria de um banco destaca a formação técnica do novo chefe do Tesouro e observa que as finanças do Espírito Santo estão bem quando comparadas a de outros Estados, um bom indicativo do que esperar de Funchal.

No exterior, o dólar caiu forte ante divisas principais, mas subiu nos emergentes, um sinalizador típico de fuga de ativos de risco. Com o anúncio do Fed, o dólar chegou a perder força nos emergentes e a cair ainda mais ante divisas fortes, mas o movimento não se sustentou.

"Cresceu o temor de que uma segunda onda da pandemia possa ocorrer", avalia o gestor e economista-chefe da gestora americana Cumberland Advisors, Bill Witherell. Ele cita que a OCDE estima contração de 6% para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial este ano, mas uma segunda onda pode ampliar o número para 7,6%, daí a preocupação dos investidores.

Para os estrategistas do JPMorgan, o aumento de casos em certos estados dos Estados Unidos, e também na China, ampliou o temor de uma segunda onda de infecções, o que levaria a recuperação da atividade, atualmente esperada para ocorrer em formato de V, para W. Na avaliação do banco alemão Commerzbank, este é o maior risco atualmente para os mercados.

Bovespa

O Ibovespa iniciou a semana em terreno negativo, ampliando a série a quatro sessões de perdas ao fechar nesta segunda-feira em baixa de 0,45%, aos 92.375,52 pontos, em dia positivo em Nova York assim como para o petróleo. O principal índice da B3 chegou a zerar as perdas do dia e virar depois das 15 horas, com o anúncio do Federal Reserve.

Após o anúncio, os índices de Nova York acentuavam ganhos, em torno ou acima de 1%, enquanto o Ibovespa renovava máxima da sessão (+0,34%), aos 93.111,62 pontos - na mínima, foi a 90.147,92 pontos, em baixa de 2,85%, no dia de vencimento de opções sobre ações. O giro financeiro totalizou R$ 42,6 bilhões na sessão.

Ao fim, com a perda de fôlego em Nova York, que chegou a colocar o Dow Jones em baixa perto do encerramento, o ajuste se acentuou um pouco mais na B3, afastando o Ibovespa da linha de 93 mil pontos, que ameaçou recuperar no meio da tarde.

Com o resultado desta segunda-feira, o índice se mantém acima do nível de fechamento de 2 de junho, então aos 91.046,38 pontos, encadeando naquela data o terceiro de uma série de sete ganhos consecutivos iniciada em 29 de maio, que o levaria dos 87.402,59 para a marca de 97.644.67 pontos, a melhor desde 6 de março, no encerramento de 8 de junho. Em 6 de março, o Ibovespa perdeu o nível de 100 mil pontos, ao fechar aos 97.996,77, saindo de 102.233,24 pontos no encerramento do dia anterior.

Na semana passada, com o feriado aqui em dia no qual NY caiu muito, o Ibovespa acumulou no período perda bem menor (-1,95%) do que a observada em Wall Street (de 5,52% para Dow Jones e de 4,77% para S&P 500), de forma que o leve ajuste negativo nesta segunda na B3, em dia positivo nos EUA, não chega a ser um acidente, grande evento, em pregão sem muitos catalisadores, aponta Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. No mês, o Ibovespa limita agora os ganhos a 5,69% e, no ano, cede 20,12 %.

Na agenda doméstica, a principal notícia para o mercado de ações veio da noite de domingo: o anúncio de saída de Mansueto Almeida, importante interlocutor da equipe econômica com o Congresso, e reputado pelo compromisso com a responsabilidade fiscal, deixará o governo. "Bruno Funchal é um bom nome, técnico, e se a troca não foi seis por meia dúzia, foi pelo menos seis por cinco", diz Vieira.

A saída de Mansueto "não chegou a ser uma novidade, já que ele havia manifestado essa possibilidade há algum tempo", observa Matheus Soares, analista da Rico Investimentos. "Mas como ele tem um viés liberal e vinha fazendo um excelente trabalho de consolidação fiscal, isso poderia ter afetado ainda mais o humor do mercado, que parece ter gostado da nomeação do Bruno Funchal como substituto, entendendo que com ele haverá continuidade do que vinha sendo feito pelo Mansueto", acrescenta o analista.

Entre as ações que compõem o Ibovespa, destaque positivo nesta segunda-feira para Cielo (+14,01%), seguida por Via Varejo (+6,69%), Gol (+5,23%) e Suzano (+4,00%). No lado oposto, IRB cedeu 9,92%, seguida por Eletrobras ON (-3,61%). Entre as blue chips, com os contratos do Brent para agosto em alta de 2,56%, a US$ 39,72 por barril, no fechamento da ICE, Petrobras PN encerrou o dia com ganho de 0,49%, enquanto a ON subiu 0,38%. Desempenho positivo também para Vale ON, em alta de 0,90% no fechamento. Bancos e siderúrgicas tiveram dia negativo, com perdas moderadas, chegando respectivamente a 2,34% (Itaú Unibanco) e 2,39% (CSN).

Juros

Os juros futuros fecharam perto dos ajustes anteriores, com viés de queda nos curtos e de alta nos longos. As taxas tiveram alívio à tarde, zerando o avanço exibido desde a abertura nos trechos intermediário e longo, após uma manhã de estresse no exterior em função das preocupações com uma nova onda da Covid-19 no mundo e, internamente, pela informação, do domingo, de que Mansueto Almeida deixará o comando do Tesouro.

A melhora no humor do mercado de juros na segunda etapa foi determinada pelo anúncio do Federal Reserve e também pela informação de que Bruno Funchal foi escolhido pelo ministro Paulo Guedes para substituir Mansueto.

O DI para janeiro de 2021 encerrou com taxa de 2,12% (mínima), de 2,155% no ajuste anterior, e o DI para janeiro de 2022 com taxa de 3,05%, de 3,07% no ajuste de sexta-feira. A taxa do DI para janeiro de 2025 subiu de 5,682% para 5,71% e a do DI para janeiro de 2027, de 6,602% para 6,64%.

A curva ganhou inclinação durante a manhã, com a ponta longa em alta de mais de 10 pontos e os DIs curtos de lado, refletindo a piora da percepção de risco no exterior com relatos de novos casos de Covid-19 na China, no Japão e em algumas regiões nos EUA, além da saída de Mansueto. O mercado de juros lamentou a decisão do secretário, na medida em que via risco para o cumprimento do teto de gastos e também porque o considera de perfil extremamente técnico e de grande interlocução com o Congresso.

Entre os nomes cogitados, o escolhido foi Bruno Funchal, que o mercado considera ter feito um ótimo trabalho na gestão de Paulo Hartung no Espírito Santo. "Aparentemente, o mercado gostou, dado o seu histórico bom e o fato de que passou pelo crivo do Mansueto. Ajuda a explicar um pouco dessa melhora à tarde", disse Renan Sujii, estrategista de Mercados da Harrison Investimentos. Funchal assumirá a função em 31 de julho.

Mas, mesmo antes do anúncio de que Funchal assumiria o Tesouro, o mercado já esboçava melhora, a partir da virada para cima nos preços do petróleo lá fora e depois consolidada pela informação de que o Fed passaria a comprar títulos corporativos, num esforço ainda maior para dar suporte aos funcionamentos dos mercados e facilitar as condições de crédito.

A ponta curta não se distanciou dos ajustes anteriores, mas o ambiente mais desanuviado à tarde abriu algum espaço para aumento das apostas em torno do corte da Selic. Pela precificação da curva, as chances de queda da Selic no Copom de quarta-feira subiram de 70% de manhã para 75% à tarde, enquanto a probabilidade de redução de 0,50 ponto caiu de 30% para 25%.


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