Dólar firma alta e fecha cotado a R$ 5,31

Dólar firma alta e fecha cotado a R$ 5,31

Um dos motivos foi a ata da reunião de política monetária do Federal Reserve

AE

Moeda norte-americana fecha com com recuo de 0,27% nesta quarta-feira

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O dólar subiu pela manhã, em meio ao ambiente mais adverso a risco nesta quarta-feira no mercado internacional com preços do bitcoin despencando, e chegou a zerar a alta no começo da tarde. A moeda, porém, voltou a ganhar força com a divulgação da ata da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Prevaleceu no documento a visão de que a aceleração da inflação nos Estados Unidos é um movimento "transitório", o que frustrou os participantes do mercado, preocupados com os números mais altos dos últimos índices de preços, sobretudo em abril.

Ao mesmo tempo, houve a primeira menção na ata de "alguns dirigentes" sobre a intenção de começar nas próximas reuniões a discussão da redução das compras de ativos.

Nesse ambiente, o dólar voltou a superar os R$ 5,30, enquanto as taxas de retorno dos juros longos americanos também foram para as máximas do dia e as moedas de emergentes perderam força, em meio a um movimento generalizado de fuga de ativos de risco. O noticiário político doméstico foi agitado e contribuiu para o clima de cautela.

O real, que vinha tendo o melhor desempenho recente ante o dólar, nesta quarta-feira foi a moeda que mais perdeu força no mercado internacional, considerando uma cesta de 34 divisas mais líquidas. No fechamento, o dólar à vista terminou a quarta-feira em alta de 1,17%, a R$ 5,3158. No mercado futuro, o dólar para junho tinha ganho de 0,99% às 17h35, a R$ 5,3195.

A consultoria inglesa Oxford Economics prevê que o Fed vai oficialmente anunciar seus planos para reduzir as compras mensais de ativos em agosto, durante o simpósio anual de Jackson Hole, organizado pelo próprio BC americano e que tradicionalmente é aberto com discurso do presidente da instituição. O simpósio já foi usado no passado recente para anunciar mudanças da política monetária.

A redução das compras deve começar no início de 2022, prevê a economista-chefe para os EUA da Oxford, Kathy Bostjancic, em relatório. Já a elevação dos juros deve começar no início de 2023. Estes dois movimentos devem ajudar a fortalecer o dólar e nesta quarta já foi possível ver o reflexo disso nas cotações.

Com a influência do exterior prevalecendo nesta quarta no câmbio, os eventos domésticos foram apenas monitorados, mas reforçaram a visão de cautela com Brasília, incluindo o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, na CPI da Covid no Senado, e a operação da Polícia Federal contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, envolvendo denúncias de exportação de madeira.

Como ressalta um gestor carioca, estes eventos não foram determinantes para os preço nesta quarta no câmbio, mas adicionam ingredientes para piorar o ambiente político em Brasília, com potencial de trazer volatilidade pela frente.

Bolsa

O Ibovespa chegou a zerar perdas pontualmente logo no início da divulgação da ata do Federal Reserve no período da tarde, mas voltou a terreno negativo, interrompendo nesta quarta-feira a sequência de quatro ganhos ao fechar em leve baixa de 0,28%, aos 122.636,30 pontos, com giro a R$ 35,3 bilhões, entre mínima de 121.595,27 e máxima de 123.013,40 pontos na sessão. Na semana, o índice da B3 avança 0,62% e, no mês, 3,15% - no ano o ganho está em 3,04%.

Na ata, o reconhecimento, na visão de "alguns" do colegiado, de que o BC americano pode iniciar nas próximas reuniões debate sobre o programa de afrouxamento quantitativo (QE) colocou os juros dos Treasuries nas máximas da sessão, assim como o dólar à vista no Brasil, a R$ 5,32. Na ata, o Fed pondera que o debate sobre o fim do QE depende de avanços na economia.

No texto, as autoridades monetárias reiteram que a inflação nos Estados Unidos aumentou, em grande parte, devido a fatores transitórios, e que a compra de ativos será mantida até que haja "progressos substanciais" quanto aos preços e o emprego. Além dos índices de ações em Nova York (Dow Jones -0,48%), o dia também foi negativo para o Brent, em queda de quase 3% para o contrato de julho, na ICE - Petrobras PN e ON fecharam o dia respectivamente em baixa de 0,76% e 0,31%.

"A sinalização de que o Fed pode diminuir o ritmo de compra de ativos gerou um efeito de realização nos mercados, que também chegou por aqui", diz Júlia Aquino, especialista da Rico Investimentos.

Ainda que cercado de ressalvas, o início das discussões sobre "tapering" contribui para a cautela dos investidores, na medida em que, desde a última reunião do Fed, apenas o presidente da distrital de Dallas, Robert Kaplan, havia apontado publicamente que a recuperação da economia ensejava a possibilidade de início da discussão sobre a retirada de estímulos. Nesta quarta, antes do anúncio da ata, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse que o BC americano estava "mais perto" de iniciar o debate sobre a redução do QE.

Entre os setores do Ibovespa, os papéis de mineração e siderurgia voltaram a pesar sobre o índice, em resposta à queda nas cotações do aço e do minério de ferro na China, aliviadas do "receio de restrições adicionais a siderúrgicas no país, que poderiam levar a cortes de produção" no segmento, observa a analista Paloma Brum, da Toro Investimentos, chamando atenção também para a "expectativa de desaceleração de atividades de construção em meio à proximidade da chegada da estação de chuvas (na Ásia)."

Assim, CSN ON segurou a ponta negativa do Ibovespa na sessão, em baixa de 3,98%, superada apenas por Cyrela (-4,03%) - Vale ON fechou o dia em baixa de 2,05%. No lado oposto, Cemig fechou em alta de 5,07%, BRF, de 4,56%, e Eletrobras ON, de 4,17%. Além de Cemig, destaque positivo também, pelo segundo dia, para Eletrobras (PNB +3,62%), com a expectativa para votação de MP sobre a privatização da empresa.


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