Dólar sobe 0,16% e fecha em R$ 5,04

Dólar sobe 0,16% e fecha em R$ 5,04

Ibovespa encerrou a quinta-feira aos 115.128,00 pontos, na estabilidade

AE

Em dezembro, o dólar acumula queda de 5,6%, mas no ano, ainda sobe 26%

publicidade

O dólar subiu nesta sexta-feira, mas fechou a semana acumulando queda de 1,5%, a quarta seguida de perdas. Com isso, a moeda norte-americana testou no Brasil os menores valores desde 12 de junho. Profissionais das mesas de câmbio seguem mencionando que a forte entrada de fluxo externo continua contribuindo para valorizar o real, além da maior atuação do Banco Central, mas o desconforto fiscal voltou ao foco hoje após o adiamento da PEC Emergencial para 2021. Com a liquidez internacional elevada e o apetite por emergentes não dando sinais de perda de fôlego, essa semana foi marcada por forte movimentação de grandes investidores no mercado futuro da B3, com fundos e estrangeiros reduzindo apostas contra o real.

Em dezembro, o dólar acumula queda de 5,6%, mas no ano, ainda sobe 26%. Cálculos do economista do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Robin Brooks, é de que o real ainda está subvalorizado em 20%, a moeda mais depreciada globalmente. Um dos fatores que contribui para isso é o risco fiscal. No encerramento do pregão, com melhora do humor no mercado internacional, o dólar à vista reduziu a valorização e fechou em alta de 0,16%, cotado em R$ 5,0461. No mercado futuro, o dólar para janeiro fechou em alta de 0,78%, a R$ 5,0660.

A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, destaca que o Brasil continua se aproveitando da onda favorável no mercado externo, que vem desde a decisão da eleição americana e ganhou reforço das notícias positivas das vacinas contra o coronavírus. Agora são os Estados Unidos que vão dar início a vacinação dos grupos de risco. "Estamos vendo este fluxo forte para emergentes e tem um movimento de dólar fraco no exterior", disse ela.

"O Brasil estava para trás, por causa da questão fiscal, que continua, mas o movimento global é muito forte e acaba sendo preponderante", ressalta a economista da Armor. Ela acrescenta ainda que a sinalização por Jair Bolsonaro de não prorrogação do auxílio emergencial ajuda e o Banco Central está sendo mais ativo no câmbio, com vendas de swap, mesmo com o real relativamente mais valorizado. Além disso, Andrea Damico acrescenta a venda de dólares no mercado futuro, por fundos e estrangeiros.

Sobre a atuação do BC, que ontem e hoje fez leilão de swap novo, de US$ 800 milhões cada, os estrategistas em Nova Iorque do Citigroup calculam que a instituição pode injetar US$ 9,6 bilhões no mercado até o encerramento de dezembro. Já o adiamento da apresentação do parecer da PEC Emergencial para 2021 frustra os planos do governo de conseguir algum avanço no ajuste fiscal ainda este ano, acrescenta o Citi. "As notícias sugerem a dificuldade de o governo conseguir apoio no Congresso para implementar uma ampla política fiscal contracionista em 2021."

Os analistas da Blueline Asset Management destacam que apesar de ter havido "afastamento de uma crise fiscal no curtíssimo prazo, ainda não enxergamos iniciativas que enderecem os desafios para o ano que vem".

Ibovespa

O Ibovespa encerra a segunda semana de dezembro acumulando ganhos de 5,7% no mês e sustentando a marca dos 115 mil pontos - mesmo nível de fevereiro deste ano. Mas o pregão, que encerrou apontando estabilidade, foi marcado preponderantemente pelo o que os operadores chamam de realização em uma alta, passando por uma queda mais forte no período da manhã, mas que foi se abrandando ao longo desta sexta-feira. Quase no fim da etapa vespertina dos negócios, aproveitando uma brecha de leve bom humor em Nova Iorque, especificamente do índice Dow Jones que inverteu o sinal, o Ibovespa passou ao positivo.

Com os investidores ávidos por notícias domésticas em dia insosso, o índice chegou a acelerar os ganhos na última hora antes do fechamento, e renovou máxima intraday a 115.526,57 pontos, em consonância com o discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, que, em audiência na Comissão Mista do Congresso Nacional, que pediu aprovação de reformas e voltou a repetir que tudo que será feito vai respeitar o teto de gastos. Ele disse ainda ser possível reduzir o déficit público de 3% para 2% do Produto Interno Bruto (PIB).

No entanto, logo após, o discurso do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez os investidores tirarem o pé do acelerador. Ele afirmou que a reforma tributária está pronta, tem voto, mas não vai ser votada por causa de briga política. Também criticou o adiamento da votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) Emergencial. O presidente da Câmara ainda afirmou que o governo "quer usina em venda da Eletrobras e o modelo está sob suspeição, por isso, não anda".

Depois disso, o Ibovespa encerrou aos 115.128,00 pontos (0,00%) com giro financeiro de R$ 30,7 bilhões.

Um pouco antes, as ações do setor financeiro ajudaram a sustentar a alta, mesmo que tímida. BB ON andou 1,74% enquanto as units do Santander ganharam 1,16%. E, durante todo o dia, o destaque foi para as ações da Eletrobras após o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO) defender que a desestatização da Eletrobras será um dos temas prioritários do Congresso em 2021 e há perspectivas concretas para a votação. Assim, Elet ON brilhou no ranking das maiores altas de hoje com 5,65%.

"Hoje o mercado passou o dia realizando uma alta", avaliou Luiz Mariano De Rosa sócio da Improve Investimentos, lembrando que após ganhos de 1,88% no índice na véspera é natural se esperar um recuo. "Mas as vendas não foram significativas apesar de já estarmos situados nos níveis que antecederam a grande queda."

No exterior, o dia foi negativo pelas indefinições quanto ao pacote de estímulos nos Estados Unidos e também quanto ao acordo comercial entre Reino Unido e União Europeia, que pesaram também na bolsa brasileira. Internamente o fator de destaque foi a notícia de que o relatório da PEC emergencial vai ficar para 2021, sendo que havia expectativas de que esse texto fosse apresentado hoje. "Se o mercado subir mais um pouco, e não tiver a questão fiscal resolvida, do mesmo jeito que o estrangeiro entrou rápido, pode sair fortemente. Tem de ter um atrativo para eles. Estamos brincando no 30º andar, sem grade", completou Luiz Mariano Rosa.

Juros

Os juros futuros fecharam o dia em queda, mais pronunciada nos vencimentos do miolo da curva, a despeito da alta do dólar, da menor propensão ao risco no exterior e da informação de que o relatório da PEC Emergencial ficou para 2021. O comunicado do Copom ainda teve efeitos sobre a curva, mas, segundo operadores, o principal vetor para os negócios hoje foi mesmo a perspectiva de continuidade de entrada de fluxo de estrangeiros para a renda fixa, que ontem teria tido grande participação no sucesso do leilão do Tesouro, apoiada também na aposta de liquidez global farta.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a regular em 3,025% e a estendida em 3,00%, de 3,084% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 4,465% para 4,33% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2025 terminou a regular com taxa de 5,89% e a estendida em 5,90%, menor nível desde 9 de setembro (5,79%), de 6,034% ontem. O DI para janeiro de 2027 fechou em 6,72% (regular) e 6,74% (estendida), de 6,833% ontem. A inclinação medida pelo diferencial entre os vencimentos de janeiro de 2022 e janeiro de 2027 fechou hoje em 374 pontos-base, de 383 pontos na sexta-feira passada.

O recuo dos juros longos, mais sensíveis ao risco político, ontem em tese abriria espaço para uma recomposição de prêmios nesta sexta a partir da informação de que o relator da PEC, Márcio Bittar (MDB-AC), vai entregar seu parecer somente no ano que vem, após um vaivém de versões que ora indicavam possibilidade de drible ao teto de gastos ora não. No entanto, o mercado relevou, dado que contra fluxo não há argumentos. "O fluxo se sobrepôs", disse o gerente da Mesa de Reais da CM Capital Markets, Jefferson Lima.

O operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno afirma que o mercado já precificou que nada de muito importante vai andar em Brasília antes da eleição para o comando das Casas do Congresso, no fim de janeiro. "Não houve mudança de driver, o cenário político não melhorou, mas pelo menos parou de piorar. E o mercado sabe que EUA e Europa vão jogar um caminhão de dinheiro no sistema e o Brasil está entre os melhores emergentes", disse.

E a sinalização do Banco Central sobre o foward guidance, que, segundo ele, já antecipa as apostas de alta da Selic para o primeiro trimestre, pesa em favor da percepção de entrada de recursos. "Além disso, a reação ao recado do Copom mostra que o mercado está mais confiante no trabalho do BC e que não será necessário dar choque de juros", explicou.


Azeite gaúcho conquista prêmio internacional

Produzido na Fazenda Serra dos Tapes, de Canguçu, Potenza Frutado venceu em primeiro lugar na categoria “Best International EVOO” do Guía ESAO

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895