Dólar sobe 1,5%, a R$ 5,26, e fecha no maior nível desde 30/11 com restrições por Covid

Dólar sobe 1,5%, a R$ 5,26, e fecha no maior nível desde 30/11 com restrições por Covid

Após oscilar durante o dia, Ibovespa terminou em baixa de 0,14%, aos 118.854,71

AE

Com noticiário interno escasso, o real operou em linha com as moedas emergentes

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O primeiro pregão do câmbio de 2021 foi marcado por dois momentos distintos do dólar. Pela manhã, a moeda norte-americana operou em queda e chegou a cair a R$ 5,12, com os investidores animados pelas perspectivas de vacinação da população mundial. Nos negócios da tarde, a divisa dos Estados Unidos passou a subir e bateu em R$ 5,27, com o temor do aperto de medidas restritivas no Reino Unido, confirmadas no final da tarde, enquanto a Escócia anunciou o prolongamento das restrições e a Alemanha pode fazer o mesmo, o que coloca em risco a retomada mais forte esperada para a atividade econômica mundial este ano.

Com isso, os investidores passaram a buscar portos seguros e o dólar fechou no maior nível ante o real desde 30 de novembro. A moeda norte-americana encerrou o dia em alta de 1,51%, a R$ 5,2681 no mercado à vista. No mercado futuro, o dólar para fevereiro fechou na máxima do dia, com ganho de 2,02%, a R$ 5,3020.

Com noticiário interno escasso, o real operou em linha com as moedas emergentes. Operadores destacam que pela manhã a moeda brasileira chegou a cair em ritmo mais forte que seus pares, o que atraiu compradores para a divisa americana. O dólar passou a ganhar força quando começaram a circular as notícias de endurecimento das medidas de restrição no Reino Unido, levando a libra a bater mínimas. No final da tarde, o primeiro-ministro Boris Johnson, confirmou que tais medidas irão até meados de fevereiro.

O economista da consultoria inglesa Capital Economics, Simon Macadam, avalia que o noticiário recente aponta para um ano de movimentos distintos na economia. Com o aumento de casos de covid mundialmente, mutações do vírus e aumento de restrições em vários países, a primeira metade de 2021 deve ser marcada por mais medidas de isolamentos e endurecimento de lockdowns, o que vai pressionar para a piora da atividade no primeiro trimestre.

Na segunda metade de 2021, Macadam observa que a vacinação em massa deve melhorar as perspectivas, embora as recentes mutações do coronavírus sejam um sinal de alerta, destaca o economista. Para o Brasil, o economista da Capital Economics cita a preocupação com o atraso no começo do processo de vacinação, ainda sem datas oficiais definidas.

Bolsa

O Ibovespa mostrou resiliência na primeira metade dos negócios, mas se inclinou no período da tarde à piora do humor externo sobre a pandemia, impedindo o índice de emendar o quarto fechamento na casa de 119 mil pontos na sessão inaugural de 2021, o que ampliaria sequência sem precedentes. Vindo de leve ajuste negativo de 0,33% no dia 30, o Ibovespa fechou o dia em baixa de 0,14%, aos 118.854,71, após ter se mantido pela manhã a caminho de perfurar a máxima histórica de encerramento, de 119.527,63, registrada em 23 de janeiro. Com abertura a 119.024,29, oscilou entre mínima de 118.061,77 e máxima de 120.353,81, novo recorde intradia, superando a marca da última sessão de 2020, de 120.149,85 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 33,1 bilhões nesta segunda-feira.

Em meio a avanço do dólar a quase R$ 5,27 e à acentuação das perdas nas ações de bancos (BB ON -3,12%, Bradesco PN -2,62%) - segmento de maior peso no índice -, o desempenho das ações de commodities (Vale ON +4,59% e Petrobras PN +2,01%) e das de siderurgia foi decisivo para suavizar a realização de lucros no Ibovespa neste começo de ano. Na ponta do Ibovespa, CSN fechou em alta de 7,28%, à frente de PetroRio (+6,57%) e de Gerdau PN (+6,50%), com o avanço de Vale e do setor de siderurgia sendo favorecido também pela alta de 3% no minério de ferro, negociado a US$ 165,29 por tonelada nesta segunda-feira no porto de Qingdao, na China. No lado oposto, Embraer cedeu 5,42%, JHSF, 4,74%, e Iguatemi, 4,55%.

Lá fora, a aversão a risco contribuiu para reforçar a demanda pela moeda americana. Desdobramentos negativos sobre a pandemia colocaram os investidores globais na defensiva nesta abertura de 2021. De acordo com relato da imprensa britânica, o secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hanckock, está "incrivelmente preocupado" com a variante do coronavírus descoberta na África do Sul e recentemente identificada no país europeu, em meio a dúvidas sobre se as vacinas atuais são eficazes contra esta mutação. O professor John Bell, da Universidade de Oxford, disse que a eficácia contra essa cepa é um "ponto de interrogação".

No fim da tarde, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou novo lockdown até meados de fevereiro, a ser iniciado nesta terça-feira. "Temos que fazer mais para controlar a nova variante do coronavírus", disse o premiê ao anunciar o novo período de restrições, no qual as aulas em escolas e universidades voltam a ser remotas. "As próximas semanas serão as mais difíceis da pandemia", afirmou Johnson, que disse acreditar que se esteja ingressando "na última fase dessa luta".

"De novembro pra cá, o mercado andou muito até os 120 mil pontos e, embora o cenário seja o de que se caminha para uma normalização gradual, há ainda que observar a eficácia das vacinas - eventual insucesso nesta questão tende a ser um fator de estresse", aponta Marcio Gomes, analista da Necton Investimentos.

"O ritmo da imunização em massa será fundamental para determinar o grau da retomada econômica, colocando a recuperação até em nível superior ao que o mercado antecipa. Mas o momento ainda envolve riscos, com os Estados Unidos registrando recorde de casos e a pandemia mantendo em aberto a possibilidade de novas restrições à atividade global neste começo de ano, o que teria impacto severo para os mercados, especialmente no curto prazo", observa Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos.

Juros

A piora da percepção de risco no meio da tarde mudou pontualmente a trajetória das taxas futuras de juros, acometidas pela liquidez mais baixa nesta primeira sessão do ano. Ainda assim o movimento, principalmente localizado no miolo da curva, não se manteve. O cenário de ampla liquidez global continuou dando fôlego para diminuição dos prêmios em alguns contratos. O investidor acompanhou o noticiário mais minguado nesta segunda-feira, enquanto aguarda informações referentes à inflação e atividade econômica ao longo da semana, também marcada pela retomada de leilões do Tesouro.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 recuou de 2,868% na quarta-feira passada a 2,845% no ajuste desta segunda-feira e 2,825% na estendida. O janeiro 2023 passou de 4,199% a 4,185% (regular) e 4,180% (estendida). O janeiro 2025 foi de 5,648% a 5,650% (regular) e 5,660% (estendida). E o janeiro 2027 recuou de 6,416% a 6,400% (regular e estendida).

O descolamento do mercado de juros dos ativos domésticos se acentuou na última hora do pregão regular. Enquanto o dólar batia máximas e a bolsa voltava ao território negativo, as taxas se encaminhavam para fechar a maioria em baixa. Parte da explicação deste movimento se deve à liquidez mais limitada nesta segunda, mesmo com o vencimento de R$ 104,6 bilhões em Notas do Tesouro Nacional - Série F (NTN-F).

Para efeito de comparação, a liquidez do janeiro 2022, o mais negociado, ficou em 255 mil contratos, abaixo até da segunda-feira passada, a última de 2020 (316 mil contratos), quando os negócios já estão mais minguados por causa do fim do ano.

Mas o pano de fundo segue sendo a tendência de tomada global de risco, uma vez que os principais bancos centrais seguem irrigando a economia com recursos e os pacotes fiscais voltam à baila com as nações ainda com problemas relacionados à pandemia de Covid-19.

A questão fiscal nos Estados Unidos, país mais afetado pelo novo coronavírus, chegou a causar um certo ruído no mercado hoje. A chance de a possível vitória democrata na eleição ao Senado da Georgia amanhã elevar o gasto público para impulsionar a economia fez com que o mercado americano de títulos projetasse inflação de 2% para a próxima década, algo que não ocorria desde 2018.

"O Senado de maioria democrata aumenta o temor de a inflação voltar a acelerar. O mercado já havia precificado a vitória republicana, que daria um impulso fiscal mais limitado. O medo é de que o tamanho da dose (de estímulos), agora, não seja na dose certa", comentou o operador de renda fixa da MAG Investimentos, Breno Martins.

No cenário doméstico, como lembra Martins, a discussão fiscal ainda se faz presente e volta à tona nesta semana quando o Tesouro retoma os leilões. Mas a estratégia do órgão mudou, e o calendário passou a ser trimestral, em vez de anual, e com isso há mais flexibilidade de ação. Haverá também leilões de rolagem antecipada de LFT e LTN. "Este é um desenvolvimento bastante positivo", pontuou o economista.

A analista de renda fixa da XP Investimentos, Camilla Dolle, destacou que a medida do Tesouro traz mais "capacidade de resposta em relação às condições de mercado". Ela comentou ainda que o Tesouro não deve encontrar dificuldade na gestão da rolagem da dívida, uma vez que os últimos leilões de 2020 foram "bem-sucedidos".

Na terça-feira, o Tesouro faz leilão de NTN-B com vencimentos em 15/08/2026, 15/08/2030 e 15/05/2055, que deixa de ser híbrido, ou seja, cada vencimento passará a ser ofertado individualmente. Na quinta-feira, é a vez da oferta de LFT (01/03/2022 e 01/03/2027), NTN-F (01/01/2029 e 01/01/2031) e LTN (01/04/2022, 01/01/2023 e 01/07/2024).

A semana é marcada ainda por números da inflação na cidade de São Paulo, medida pelo IPC-Fipe (quinta-feira), para a qual a expectativa coletada pelo Projeções Broadcast é de desaceleração da taxa mensal a 0,91%. Na sexta-feira há a divulgação do IGP-DI de dezembro e da produção industrial brasileira em novembro.


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