Dólar tem dia de queda no mercado internacional e cai a R$ 5,32

Dólar tem dia de queda no mercado internacional e cai a R$ 5,32

Ibovespa superou os 124 mil pontos nesta segunda-feira

AE

Nesse ambiente, o real teve nesta quarta-feira o melhor desempenho internacional ante o dólar

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O dólar começou a semana enfraquecido no mercado internacional e o mesmo foi observado ante o real. O dia foi de agenda esvaziada aqui e no exterior, marcado por renovado apetite em ativos de risco. Os investidores deixaram, ao menos nesta segunda-feira, as preocupações com a inflação norte-americana em segundo plano, o que abriu espaço para alta das bolsas, com o Ibovespa superando os 124 mil pontos, e ajustes nas cotações das moedas de emergentes depois das perdas da semana passada.

A perspectiva de avanço da reforma administrativa na Câmara ajudou a retirar pressão do câmbio, mas a cautela com a pandemia, em meio ao temor de uma terceira onda de Covid-19 e de nova rodada do auxílio emergencial limitaram queda maior da moeda americana no Brasil nesta segunda-feira, em pregão marcado por volume fraco de negócios.

Após bater no começo do dia na máxima de R$ 5,37, o dólar à vista acabou fechando perto das mínimas do dia, em R$ 5,3247, em queda de 0,53%. No mercado futuro, o dólar para junho, que vence na próxima segunda, era cotado em queda de 0,79% às 17h40, em R$ 5,3220.

Os estrategistas em Nova York do Citigroup acreditam que a pressão para prorrogar o auxílio emergencial vai se intensificar a partir do mês que vem, o que tende a confirmar o cenário do banco americano de que os gastos vão superar o teto este ano, em algo como R$ 158 bilhões. Ao mesmo tempo, o Citi observa que o Brasil e outros países da América Latina estão recebendo fluxos externos, no caso do mercado doméstico, dinheiro de fundos mais alavancados e de curto prazo, mas que também ajuda a retirar pressão do câmbio.

"Não vou me surpreender se a gente chegar daqui a 3, 4 meses, e não tiver feito grande derrapagem fiscal e na política econômica, e o câmbio estiver em R$ 5,00 ou um pouco abaixo de R$ 5,00", avalia o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa. "Tem uma janela para o câmbio apreciar", disse ele em live da Genial Investimentos.

Contudo, o economista do Bradesco alerta que esse movimento vai depender do debate fiscal interno, se vai estender o auxílio emergencial, por exemplo. E vai depender do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que sinalizou intenção de começar a debater a redução das compras mensais de ativos.

Honorato observou que parece que "o câmbio está meio fora de lugar", sobretudo quando se olha o balanço de pagamentos, que tem mostrado queda do déficit da conta corrente e aumento do superávit comercial, para níveis recordes. Dados desta segunda-feira mostram saldo positivo em maio de US$ 7 bilhões até o dia 23; no ano, chega a US$ 25 bilhões.

Na avaliação do economista-chefe da Genial, José Marcio Camargo, se fosse levar em conta os dados do balanço de pagamentos e o diferencial de juros do Brasil, que deve ficar positivo em junho em relação a média dos emergentes, o câmbio já deveria estar em R$ 4,70 ou R$ 4,80. "A diferença que temos hoje é o risco fiscal", disse na mesma live. Se não tiver problema na questão fiscal ou em outro fator que possa mexer os prêmios de risco do Brasil, Camargo prevê que o dólar pode fechar o ano perto de R$ 5,00.

Taxas de juros

Os juros futuros iniciaram a semana com alta, em especial nos vencimentos mais longos, à medida que o mercado pondera o risco de terceira onda da Covid-19 e se prepara para a bateria de informações econômicas dos próximos dias. Os agentes monitoraram ainda declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta segunda etapa. Embora não tenha trazido novidades sobre política monetária em suas falas, ele destacou, por um lado, a diminuição do ritmo de vacinação no Brasil, ao mesmo tempo que observou que o mercado tem ajustado para cima as previsões de crescimento.

A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passou de 5,005% no ajuste de sexta-feira para 5,045%. O janeiro 2023 foi de 6,758% para 6,80%. O janeiro 2025 avançou de 8,185% a 8,27%. E o janeiro 2027 subiu de 8,764% para 8,86%.

Com os primeiros casos da variante indiana no País, o mercado volta, gradualmente, a colocar a pandemia nos preços dos ativos, dado o risco de terceira onda. No caso dos juros futuros, em especial, o risco fiscal - posto de lado nas últimas sessões - retorna à cena com a chance de nova prorrogação do auxílio emergencial.

"A gente começa a ver mais pressão dentro do próprio governo (por mais auxílio). Estamos muito próximos de 2022 e da eleição presidencial, e o governo quer popularidade em alta. Só consegue isso com duas vias: retomada econômica e auxílio. Uma terceira onda pode prejudicar a atividade, pressionando, então, pelo auxílio, que pega no fiscal", avalia o sócio estrategista da RIMS3 Capital, Renan Sujii.

Sujii lembra ainda que o mercado monitora passo a passo o caminho da vacinação, que segue lento. Segundo apontou o levantamento Broadcast Vacinas, a média móvel da imunização no Brasil nos últimos sete dias caiu no domingo em 457.934 doses aplicadas diariamente. Uma semana atrás, a média móvel era de 489.741 doses aplicadas.

Em evento nesta segunda-feira à tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu o problema, mas voltou a prever que a imunização será forte no País a partir de junho. "O que de fato está acontecendo em matéria de vacinação é menor do que esperávamos, mas tivemos boas notícias de grandes compras recentes de vacinas", afirmou.

Por fim, no evento, Campos Neto também sublinhou que o mês de março registrou resultados positivos na recuperação da economia brasileira e apontou que diversas expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto em 2021 estão indo em direção aos 4,00%, o que corrobora com a tese de aperto mais firme na Selic.

Bolsa

Em sessão com poucos catalisadores além do dia positivo em Nova York, o Ibovespa obteve o segundo melhor nível histórico de fechamento, agora na marca de 124 mil pontos, cada vez mais perto de reencontrar o recorde de 125 mil pontos, de 8 de janeiro passado. Nesta segunda-feira, após duas sessões em que permaneceu perto da estabilidade (-0,09% e +0,05%), o índice da B3 fechou em alta de 1,17%, a 124.031,62 pontos, entre mínima de 122.525,51 e máxima de 124.167,01, com abertura a 122.592,14 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,4 bilhões - no mês, o Ibovespa sobe 4,32% e, no ano, 4,21%.

Na máxima desta segunda-feira, o Ibovespa foi ao maior nível intradia desde 12 de janeiro (124.584,33 pontos) e atingiu a maior pontuação de fechamento desde o recorde de 8 do mesmo mês (125.076,63 pontos).

"Não houve uma grande notícia que explicasse essa recuperação, não antecipada antes da abertura e que basicamente refletiu o avanço do índice de tecnologia em Nova York (Nasdaq), que até o meio do mês vinha em modo 'sell in May and go away'. Ainda não se tem perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos, então ocorre esta volta, reaproximando o Nasdaq dos 14 mil pontos", diz Rodrigo Knudsen, gestor da Vítreo.

Ele chama atenção também para o noticiário corporativo doméstico, especialmente o de "M&A", de fusões e aquisições, como o recente sobre BRF e Marfrig, algo que sempre contribui para esquentar o mercado.

A relativa descompressão observada em alguns preços de commodities, especialmente o do minério de ferro, contribui para moderar a preocupação com a inflação global, acrescenta Knudsen. "Os retornos das T-notes de 10 anos estão ali por 1,60%: não é 1,70%, mas também não está tão baixo quanto 1,40%. Esta alta de hoje do Ibovespa não deixa de surpreender. Não há um motivo muito aparente para tudo isso, mas abre caminho para o índice buscar os 125 mil, quem sabe nesta semana."

Por outro lado, a expectativa por uma terceira onda de covid no Brasil, com a aproximação do inverno e a flexibilização das medidas de distanciamento social, recoloca no radar dos investidores a possibilidade de extensão do auxílio emergencial - fator que contribui para impulsionar o consumo, por um lado, mas mantém acesa a preocupação com a situação fiscal, por outro.

Assim, beneficiadas pela possibilidade de injeção de mais liquidez na economia doméstica, as ações do setor de varejo estiveram entre as vencedoras do dia, com destaque para Magazine Luiza (+7,93%), segunda maior alta do Ibovespa na sessão, superada apenas por Banco Inter (+24,83%), cuja ação foi impulsionada por proposta da Stone para ingresso na base acionária da empresa, apontam em nota os analistas Heloise Sanchez e Régis Chinchila, da Terra Investimentos.

Com ganho superior a 3% para o petróleo Brent e WTI nesta segunda-feira, Petrobras PN e ON fecharam respectivamente em alta de 1,70% e 1,02%, à frente de Vale ON, que saiu do vermelho para o azul durante a sessão, em alta de 0,35% no fechamento, contribuindo para dar mais dinamismo ao Ibovespa, em dia ainda negativo para o setor de siderurgia (Gerdau PN -2,89%, CSN -1,03%) ante o prosseguimento da correção do minério de ferro na China, que recuou mais de 4% neste início de semana.

Além de Vale ON, a virada observada em parte das ações de bancos, ainda que moderada, contribuiu para que o Ibovespa ganhasse fôlego a partir do meio da tarde, embora o movimento tenha sido parcialmente devolvido no fechamento. Destaque para alta de 0,49% em BB ON e de 0,36% em Bradesco ON, com Itaú PN (-0,27%) e Unit do Santander (-0,73%) ainda em baixa no encerramento da sessão.


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