Dólar tem novo dia de forte queda e fecha em R$ 5,11

Dólar tem novo dia de forte queda e fecha em R$ 5,11

Bolsa terminou a quarta-feira perto da estabilidade, aos 104.289,57 pontos, em dia ruim para commodities e bancos

AE

A moeda norte-americana já acumula baixa de 5,9% em julho

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O dólar teve novo dia de forte queda e fechou a quarta-feira no menor nível desde 12 de junho, quando estava em R$ 5,04. Um cenário marcado por melhora do ambiente político doméstico, perspectiva de avanço da reforma tributária após o governo entregar suas medidas ao Congresso, entrada de capital externo para oferta de ações e enfraquecimento do dólar no exterior levaram o real a ter o terceiro dia seguido de valorização e, novamente, ser a moeda com melhor desempenho no exterior, com grandes investidores reforçando o desmonte de posições contra a divisa brasileira. A moeda norte-americana já acumula baixa de 5,9% em julho.

No fechamento, o dólar à vista terminou em baixa de 1,83%, cotado em R$ 5,1157. Na mínima do dia, a moeda americana caiu para a casa dos R$ 5,08. No mercado futuro, o dólar para agosto era negociado em baixa de 1,18% às 17h, em R$ 5,1130.

A proposta de reforma tributária enviada pelo governo ao Congresso é um "desenvolvimento positivo" e melhora a narrativa para investir no Brasil, avalia o analista para mercados emergentes do banco suíço Julius Baer, Mathieu Racheter. Por ser um tema complexo, ele acha que a tramitação será lenta, mas se aprovadas, as medidas podem aumentar a competitividade e a produtividade do Brasil.

Para o economista-chefe de mercados emergentes da consultoria inglesa Capital Economics, William Jackson, a entrega da proposta de mudanças tributárias do governo é um sinal de que ainda há chance progresso na agenda de reformas do Brasil, após a turbulência política causada nos últimos meses pela pandemia do coronavírus. No médio prazo, se aprovadas, as medidas estimulam um maior crescimento potencial do País, o que por sua vez ajuda na consolidação fiscal, ressalta ele.

Traders das mesas de câmbio ressaltam ainda que ofertas de ações recentes e as cerca de 30 a 50 operações esperadas para este segundo semestre no Brasil contribuem para retirar pressão no câmbio. O economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, destaca que muitos estrangeiros têm entrado no Brasil comprando ações nestas ofertas, seja aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês) ou ofertas subsequentes.

A varejista de material de construção Quero-Quero deve ser a próxima a estrear na B3, com oferta total que pode chegar em R$ 2,5 bilhões. Entre os nomes que já começaram a preparar IPO estão a 2W Energia, a incorporadora Nortis e a empresa de varejo de medicamentos d1000. A Caixa Econômica Federal voltou a retomar o processo da Caixa Seguridade. Já a incorporadora You Inc e a Ambipar estão entre os nomes que fizeram ofertas recentes na B3.

Ibovespa

Em dia de desempenho negativo para as ações de commodities e de bancos, dois setores de grande peso no índice, o Ibovespa fechou bem perto da estabilidade, em leve baixa de 0,02%, aos 104.289,57 pontos, saindo de 104.311,59 na abertura e chegando a 103.277,01 pontos na mínima do dia. O desempenho de Nova Iorque vinha misto em boa parte desta quarta, 22, com leve variação nas duas direções, mas ao final firmou Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq em alta, ainda que moderada, nesta quarta-feira em que predominou cautela quanto às relações EUA-China, após o governo americano ter determinado o fechamento de consulado chinês em Houston, no Texas - os chineses prometem retaliar, o que no jargão diplomático costuma ser entendido como uma contramedida equivalente.

Por aqui, o ajuste nos preços do petróleo e do minério contribuiu para segurar Petrobras (PN -1,37% e ON -1,04%) e Vale (-0,77%), em variação inferior à observada nos bancos, ante avaliação dos efeitos da proposta de reforma tributária do governo - ambos os setores, contudo, chegaram a limitar as perdas no fim da sessão, contribuindo para uma leve virada ensaiada pelo Ibovespa, que acumula até aqui ganho de 1,36% na semana e de 9,71% no mês; em 2020, cede agora 9,82%. O giro financeiro da sessão totalizou R$ 28,5 bilhões, com o índice chegando a 104.979,95 na máxima do dia.

Em nota à tarde, a Febraban apontou que a carga tributária final sobre o setor financeiro ficará maior se for aprovada a proposta encaminhada ontem pelo governo ao Senado. A federação calcula que a participação da carga de tributos no spread bancário subirá de 19,3% para 20,3% só por conta da elevação da alíquota do PIS/Cofins, de 4,65% para 5,8%. Pela proposta, os bancos ficaram com regime diferenciado e alíquota menor do que a de 12% que valerá para outros setores. "A carga tributária final sobre o setor financeiro, de 45% de IRPJ e CSLL, somada ao aumento da alíquota para 5,8% (CBS), será mantida como a mais elevada dentre outros setores, não tendo havido qualquer redução de alíquota para os bancos", ressalta a entidade.

Nesta quarta-feira, destaque para perda de 3,65% na unit do Santander e de 2,27% em Itaú Unibanco PN. Pelo segundo dia, Qualicorp teve a maior queda dentre os componentes do Ibovespa (-5,74%). No lado oposto, WEG subiu 13,89%, após resultados trimestrais muito bem recebidos, seguida por Cemig (+7,73%) e B2W (+5,30%).

"As ações de bancos ainda estão muito atrasadas no ano, e uma reação do setor ajudaria o Ibovespa, pelo peso que tem no índice. São uma boa oportunidade de compra, especialmente quando comparadas a ações que já andaram muito no ano, como as de varejo", aponta Rodrigo Barreto, analista da Necton. "Mas uma correção no índice deve ser vista com bons olhos, na medida em que cria oportunidade de compra em meio à tendência de alta, que se mantém", acrescenta o analista, que observa no gráfico suporte forte aos 100 mil pontos e dinamismo para que o Ibovespa venha a buscar os 107 mil. "O exterior continua ajudando, com o S&P 500 tendo rompido (no gráfico) topo anterior em direção a uma nova máxima."

"O setor de bancos tem apanhado desde o último trimestre do ano passado, em razão de questões relacionadas a impostos, como a CSLL, a discussão sobre tabelamento de juros do cartão de crédito, a queda na Selic e o aumento da concorrência. Se as ações de bancos subirem 10%, levam o índice para a faixa de 110-115 mil pontos", diz Ari Santos, operador de renda variável da Commcor. "O quadro de fundo para o Ibovespa continua positivo, com o progresso em direção a vacinas para a Covid-19 e os sinais amistosos entre o governo e o Congresso nesta retomada de discussão da reforma tributária. O índice deve seguir para os 105 e depois 110 mil pontos, antes do fim do ano."

Taxas de Juros

Os juros futuros fecharam em direções divergentes. Enquanto os contratos curtos e intermediários terminaram com taxas entre estabilidade e leve queda, os longos encerraram em alta. De um lado o novo tombo do dólar, a queda do risco Brasil medido pelo Credit Default Swap (CDS, em inglês) e o otimismo com o andamento da reforma tributária exerceram pressão de baixa, mas, de outro, algum desconforto com a votação do Fundeb e, à tarde, a movimentação de investidores se preparando para mais um megaleilão de prefixados nesta quinta limitaram a influência positiva.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a sessão regular em 2,035%, de 2,059% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2022 encerrou com taxa de 2,97%, de 3,00% ontem no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2023 ficou estável em 4,07% e a do DI para janeiro de 2027 encerrou na máxima, a 6,39%, de 6,323% ontem.

"Tivemos hoje forças se contrapondo na curva", afirmou o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno, para quem a forte queda vista no dólar desde ontem indica o retorno de "alguma normalidade" no câmbio, que vinha muito descolado dos demais ativos e bem pior que os pares emergentes, o que deveria puxar os DIs um pouco para cima. "Na medida em que a situação vai se acalmando, o BC não teria mais por que reduzir a Selic", disse. Ao mesmo tempo, a correção do câmbio é favorecida, entre outros fatores, justamente pela repercussão positiva do envio da reforma tributária ao Congresso, o que, em tese, tende a encorajar a tomada de risco prefixado.

Se o mercado de juros reagiu bem ao envio do projeto tributário, sobretudo porque o governo desistiu de reonerar a cesta básica, a votação do Fundeb aprovado ontem na Câmara não agradou tanto. O Planalto teve suas propostas de modificações rechaçadas. A ideia era carimbar parte do dinheiro para um programa de renda mínima ainda a ser criado e também "pular" o ano de 2021, período em que haveria um vácuo para o programa, mas não houve base suficiente para aprovar essas mudanças. Com o novo Fundeb, o governo federal vai desembolsar R$ 173 bilhões nos próximos seis anos no financiamento, de acordo com cálculo da Consultoria de Orçamento da Câmara ao qual o Broadcast Político teve acesso. Para piorar, poucos deputados bolsonaristas (sete no primeiro turno e seis no segundo) votaram contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Para o trader da Sicredi Asset Cassio Andrade Xavier, na votação tanto o resultado fiscal quanto a derrota deram sinais ruins. "Sorte que o mundo está se endividando também, então há certa tolerância do mercado", afirmou, acrescentando que o recuo do CDS para perto dos 200 pontos também ajudou a limitar a reação negativa. Na reta final dos negócios, o mercado adotou um tom mais cauteloso, já refletindo operações relacionadas ao leilão de títulos desta quinta-feira. O Tesouro vem elevando sistematicamente a oferta de LTN nas últimas semanas e na última operação o lote chegou a 23 milhões (21,5 milhões vendidos).


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