Dólar volta a subir forte e fecha em R$ 5,63

Dólar volta a subir forte e fecha em R$ 5,63

Mesmo com pressão na moeda norte-americana, Bolsa termina em alta de 0,60%, a 114.850,74 pontos

AE

Dólar teve alta de 1,44% nesta segunda-feira

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O dólar voltou a subir forte nesta segunda-feira, com o real descolado de seus pares, e encostou em R$ 5,66, em dia marcado por cautela no mercado internacional, por conta da agenda carregada na semana, com várias reuniões de bancos centrais, e países suspendendo o uso da vacina da AstraZeneca. Nesse ambiente, operadores relataram saída de capital externo do Brasil, em sessão marcada por dois leilões extraordinários do Banco Central, que injetou US$ 1,5 bilhão ao todo. No final da tarde, a moeda americana voltou a acelerar o ritmo de valorização e o real terminou o pregão com o pior desempenho mundial, considerando as 34 divisas mais líquidas, enquanto o dólar acabou caindo em emergentes como México, Rússia e Turquia.

No fechamento, o dólar à vista terminou o dia com alta de 1,44%, em R$ 5,6395. O dólar futuro para abril subia 1,40% às 17h38, em R$ 5,6355.

O BC fez pela manhã um leilão de US$ 500 milhões de swap, anunciado na sexta-feira. O efeito no câmbio foi praticamente nulo, porque a moeda americana subia no exterior. O real, porém, passou a se descolar de seus pares ao longo dos negócios, em meio a relatos de saída de recursos de estrangeiros do Brasil. Por isso, no início da tarde, o BC vendeu US$ 1,065 bilhão em moeda à vista.

O economista da Capital Economics, Shilan Shah, observa que com a alta das taxas de retorno (yields) dos juros longos americanos, os emergentes em geral passaram a registrar fuga de capital externo. Mas países como Brasil têm se destacado e perdido recursos também por conta de problemas internos, que no caso brasileiro é o aumento da incerteza política. "Indicadores de alta frequência sugerem que o apetite de estrangeiros por ativos de emergentes diminuiu nas últimas semanas, com as saídas no ritmo mais alto desde a pandemia", observa.

Hoje, o banco americano JPMorgan rebaixou a recomendação para a bolsa brasileira e também fez um alerta para o câmbio, afirmando esperar volatilidade nos próximos meses. O banco americano mantém a visão de que o real tem espaço para se apreciar pela frente, especialmente com o esperado início esta semana do ciclo de elevação de juros pelo Banco Central, que ocorre em meio a aumentos dos preços das commodities. Mas o câmbio tem estreita correlação com o risco-país, que não deve cair, caso o ambiente político não melhore, alerta o JP. A entrada em cena de Luiz Inácio Lula da Silva antecipa o debate político da eleição de 2022 e pode gerar mais incerteza política, contribuindo também para aumentar o risco e a volatilidade. Nesse ambiente, o JP está cético quanto ao avanço de grandes reformas no Congresso, como a administrativa e a tributária. Para os juros, o banco projeta que a taxa básica chegue a 6% ao final do primeiro trimestre de 2022.

A reunião do Copom começa nesta terça-feira e os estrategistas do Bank of America acreditam que a volta da alta de juros pode ajudar a colocar o real, que vem operando descolado de outras moedas emergentes, em trajetória de mais normalidade. A reunião do BC termina no mesmo dia que a do Federal Reserve, em semana que terá ainda encontros de política monetária no Japão e Inglaterra. "A semana terá agenda pesada, com dados importantes da atividade nos Estados Unidos e decisões de bancos centrais. Deve ser semana de volatilidade, o que gera cautela", comenta o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, em áudio.

Ibovespa

Em dia de vencimento de opções sobre ações, o Ibovespa teve uma abertura de semana moderadamente positiva, com giro financeiro a R$ 52,1 bilhões. O índice fechou em alta de 0,60%, aos 114.850,74 pontos, tendo oscilado entre mínima de 113.634,95 e máxima de 114.903,23 pontos na sessão, vindo de perda de 0,72% na anterior, após sequência de três ganhos diários. Em março, o Ibovespa avança 4,38%, limitando as perdas do ano a 3,50%.

Mesmo com atuação do BC no câmbio, o forte avanço do dólar (+1,44%, a R$ 5,6395 no fechamento, com máxima a R$ 5,6565) contribuiu para limitar o escopo da recuperação do Ibovespa na sessão, com resistência na faixa de 115 a 116 mil pontos. Desde o último 26 de fevereiro, o índice retomou a faixa dos 115 mil nas máximas de três sessões, mas só conseguiu sustentar a marca em único fechamento, no dia 5 de março.

"Um grande desafio em março é o rompimento da faixa de 116 mil pontos para, enfim, reverter o viés de baixa do curtíssimo prazo e abrir caminho para o topo intermediário nos 120 mil pontos", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Hoje, "a alta das bolsas americanas e o ajuste da curva de juros, dias antes do Copom, para uma alta (estimada) de 50 pontos-base, favoreceram os setores de construção e shoppings, entre os destaques desta segunda-feira." Iguatemi fechou em alta de 2,50%, Multiplan, de 1,77%, e MRV, de 1,38%. Nesta segunda em Nova Iorque, Dow Jones e S&P 500 renovaram recordes de fechamento.

"Dia de vencimento de opções naturalmente é mais agitado, e esta segunda-feira fez jus ao natural: o Ibovespa oscilou entre ganhos e perdas depois de engatar alta no começo do pregão, com os investidores brasileiros na expectativa de alguma resolução para a provável troca no Ministério da Saúde", observa Lucas Collazo, especialista da Rico Investimentos.

Na ponta do Ibovespa, Copel fechou hoje em alta de 7,30%, em dia também positivo para outras utilities, como Eletrobras ON (+3,52%) e Cesp (+2,54%). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que havia tirado a privatização da Eletrobras da lista de prioridades para sua gestão, hoje classificou como "tolerável" o modelo proposto pelo governo para a privatização da companhia.

Destaque ainda para Gol (+5,66%) e Azul (+4,16%), segunda e terceira maiores altas do Ibovespa na sessão. Entre as blue chips, Petrobras PN e ON subiram respectivamente 2,07% e 2,47%, enquanto Vale ON cedeu 0,60%. Os bancos tiveram na maioria dia positivo, com ganhos até 2,05% (Santander), assim como a maioria das ações de siderurgia, à exceção de CSN (-4,76%), na ponta negativa do Ibovespa na sessão, à frente de Magazine Luiza (-3,46%) e PetroRio (-2,90%).

"Até a 'super-quarta', quando se terá a decisão do Fed e também a do Copom, o mercado tende a ficar de lado. Com a promulgação da PEC Emergencial, o mercado passa a olhar para a reforma tributária. E eventual substituição do ministro da Saúde por um nome apoiado pelo Centrão pode dar mais ritmo à tramitação da reforma", diz Jefferson Laatus, estrategista do Grupo Laatus. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse hoje que o Congresso fará a reforma tributária "possível", não a "ótima". Segundo ele, o assunto mexe com interesses "gigantescos", exigindo união entre todos.

Para Laatus, quem quer que venha a ser o próximo ministro da Saúde terá pouco efeito sobre a trajetória da pandemia no curto prazo. Hoje, a cardiologista Ludhmila Hajjar, professora da Faculdade de Medicina da USP, confirmou ter recusado convite para assumir o Ministério da Saúde, por "motivos técnicos" e por "pontos de divergência" com o governo, entre os quais sobre a cloroquina. A médica esteve ontem com o presidente Jair Bolsonaro e, desde então, houve relatos de que a discordância sobre atitudes, como a crítica ao distanciamento social ainda reiterada por Bolsonaro, dificultaria acerto entre as partes. Outro médico, Marcelo Queiroga, também cotado para o cargo, reuniu-se hoje com Bolsonaro.

Juros

Os juros futuros de curto prazo fecharam em alta e os demais recuaram, configurando um dia de desinclinação para a curva de juros, em meio ao reforço das apostas de alta da Selic. A disparada da mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA) na Focus e o dólar flertando com os R$ 5,65 novamente ampliaram os ajustes, com evolução não somente da expectativa de aperto de 0,75 ponto da Selic na próxima quarta-feira, mas também, como mostram as opções digitais de Comitê de Política Monetária (Copom), têm crescido as apostas na possibilidade de alta de até 1 ponto.

À tarde, o desenho, porém, ficou um pouco mais equilibrado, com redução do ritmo de avanço do trecho curto e mínimas nos longos. O dólar se afastou das máximas do dia após nova intervenção do Banco Central e perda de força no exterior, além de lideranças do Congresso reforçarem discurso reformista, estancando um pouco da aversão ao risco vista nos últimos dias. No exterior, houve trégua na pressão do rendimento dos Treasuries, o que contribuiu para manter a ponta longa por aqui bem comportada.

No fim da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 projetava 4,28%, de 4,216% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caía de 7,446% para 7,40%. A taxa do DI para janeiro de 2027 estava em 7,96%, de 8,204%.

O operador de renda fixa da Terra Investimentos, Paulo Nepoumuceno, afirma que, muito mais do que por um alívio na ponta longa, a descinclinação se deu em função do maior conservadorismo em relação ao Copom. "Desde sexta o mercado vem trabalhando a possibilidade de choque de juros. Temos a inflação de curto prazo saindo da meta, muito mais perto do teto, e o BC queimando reservas para tentar segurar o dólar. E, ainda que não tenha piorado hoje, a ponta longa segue muito inclinada", afirmou, lembrando que o cenário fiscal e político se mantém desafiador.

A pesquisa Focus mostrou que a mediana das previsões para IPCA de 2021 saiu de 3,98% para 4,60% e a do IPCA para março saltou de 0,45% para 0,85%. A mediana para a Selic no fim do ano avançou de 4,00% para 4,50%. "Temos ressaltado a deterioração rápida dos principais parâmetros que teria ocorrida na previsão do modelo do Bacen. A mediana das expectativas do IPCA voltou a piorar e já aponta um diferencial de 0,85 ponto ante à meta central", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho.

Pouco antes do fechamento da sessão regular, as taxas longas ampliaram ligeiramente a queda, influenciadas pela fala dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), otimista sobre a agenda de reformas, tipo de coisa que sempre soa como música aos ouvidos do mercado. Pacheco, que havia tirado a privatização da Eletrobras da lista de prioridades para sua gestão, nesta sexta classificou como "tolerável" o modelo proposto pelo governo para a privatização da companhia. Já Lira disse que a Casa "entregará rápido" ao Senado a aprovação do texto negociado para a Eletrobras e os Correios.


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