Duração da guerra na Ucrânia e lockdowns na China vão determinar custo de vida no Brasil

Duração da guerra na Ucrânia e lockdowns na China vão determinar custo de vida no Brasil

No começo do ano, a meta era de 2% a 5%, mas já está projetada a quase 8% pelo BC e beira os 9% na avalição do mercado

R7

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O Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira (4) aumentar a taxa Selic a 12,75% ao ano. A elevação da taxa de básica de juros tem como objetivo conter a inflação, que segue em alta em 2022. Nos últimos 12 meses, a alta dos preços acumula 12% e, em abril, bateu 1,75%. No começo do ano, a meta era de 2% a 5%, mas já está projetada a quase 8% pelo Banco Central e beira os 9% na avalição do mercado.

"As pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de Covid-19 na China e da guerra na Ucrânia", afirmou o Banco Central, em nota, ao explicar a elevação da taxa básica de juros e indicar que novo aumento deverá ocorrer no próximo mês.

O conflito entre Rússia e Ucrânia trouxe impactos sobre preços de energia e alimentos. Já a política de Covid zero na China, com lockdowns, provoca risco de desabastecimento de produtos finais, peças e outros insumos industriais.

Matheus Peçanha, economista do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), explica que o Brasil está enfrentando no momento uma inflação de custos. "E mais difícil de controlar e mais difícil de prever, porque foge do controle e depende muito de fatores externos. Em 2020, tivemos o La Niña, que causou inflação via grãos e atingiu também as proteínas, como as carnes. Já em 2021 houve a seca, que impactou os preços do agro e, quando passamos pela seca, veio a geada, que fez subir os preços do hortifrúti, como o tomate e a cenoura”, avalia Peçanha.

Em 2022, além do impacto inercial da inflação de 2021, houve também grande impacto nos preços causado pela guerra e por problemas com a chuva. "Nossa inflação vai depender muito do ritmo da guerra entre Ucrânia e Rússia, mas há bons prognósticos. Esse problema da inflação dos alimentos é climático e, a partir do inverno, devemos observar um regime mais estável de chuvas. Além disso, o problema da energia também deve melhorar. Já houve uma revisão da bandeira, estamos na verde. Por outro lado, os problemas da guerra impactam muito no setor de fertilizantes, que também esbarra nos alimentos e combustíveis", explica o economista.

Segundo o economista Davi Lelis, especialista da Valor Investimentos, as incertezas dificultam o prognóstico da alta de preços. "O pico inflacionário deve acontecer assim que as cadeias produtivas se normalizarem, assim como a situação da guerra na Ucrânia e os estímulos econômicos se normalizarem também. Aí a inflação começará a arrefecer", analisa Lelis.

A alta dos combustíveis afeta muitos setores da economia, porque é fundamental para o frete dos produtos, produção agrícola e também para os transportes. Diesel e gás também são importantes em diversas etapas da produção brasileira e devem flutuar de acordo com a guerra.

A gasolina subiu 7,51% em abril e foi o principal fator para a maior inflação em 27 anos para o mês. O preço dos combustíveis tem impacto direto no setor de transportes (+3,43%), que também pressionou o IPCA. Também subiram os preços do óleo diesel (+13,11%), do etanol (+6,6%) e do gás veicular (+2,28%).

De acordo com Peçanha, se não houver novos choques de custos, como houve em 2020 e 2021, a inflação dependerá muito do ritmo do conflito na Ucrânia e, por isso, deve seguir alta, apesar de mais estável. 


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