Café universitário para todos

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Abraçado pela comunidade acadêmica, José Laurito abriu o Mimô depois de anos vendendo brownies nas filas dos RUs

Correio do Povo
O Mimô explora um novo conceito: um café universitário feito para ser do bairro também

O Mimô explora um novo conceito: um café universitário feito para ser do bairro também

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A história do café Mimô se interliga com a trajetória de seu proprietário, José Laurito, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). O fisioterapeuta venceu a licitação do espaço e abriu seu próprio negócio no último semestre como estudante da universidade. No final de março, foi inaugurado o empreendimento no campus da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (ESEFID), no bairro Jardim Botânico.

Antes de ter um espaço fixo para vender seus doces, ele percorria os restaurantes universitários vendendo brownies. O Brownie do Zé começou pela necessidade de ter sua própria renda, quando a relação com os pais passou por um momento difícil em 2022. “Eu me vi completamente sem o recurso para passagem, para alimentação. Então eu pensei como eu poderia dar a volta por cima a partir disso”, explica.

Ele recorreu a vídeos na internet para aprender a fazer os brownies, que levavam os ingredientes que ele já tinha em casa. A primeira fornada deu errado, mas os amigos ainda quiseram comprar. Depois de tentar de novo, conseguiu uma cesta - que hoje decora a parte da frente do café com flores - e começou as vendas pelo campus da ESEFID.

Em setembro do ano passado, surgiu a oportunidade de participar de uma licitação para explorar um espaço, que antes era um bar. “Para mim aquilo era algo muito inalcançável, mas de alguma forma deu certo”, relembra. Já considerados clientes fiéis, os amigos, colegas e professores se juntaram para realizar o sonho de abrir o Mimô. Muitas pessoas de dentro da universidade se mobilizaram para arrecadar dinheiro e conseguir doações, além de limpar e reformar o espaço que hoje é o café. Além disso, alunos do curso de Arquitetura fizeram o projeto para a cafeteria com um custo mais acessível e estudantes do Design produziram toda a nova identidade visual. As plantas que decoram o café também foram doação do Departamento de Botânica da Ufrgs.

José optou por oferecer apenas doces e salgados produzidos artesanalmente, mas com a falta de experiência prévia, ele não tinha noção de como seria a demanda. Agora ele tenta organizar melhor a produção, mas às vezes precisa alterar o horário de abertura do café para dar conta de produzir os doces. Os salgados são de fornecedores que também produzem de forma artesanal e oferecem um preço justo. “Tenho que lembrar que a gente está dentro de uma universidade, então tem que ter uma coerência dos preços.”

O maior obstáculo que ele enfrenta ainda é a inexperiência e o pouco conhecimento sobre como gerenciar o empreendimento. “É uma equação muito complexa por enquanto, porque eu ainda não tenho funcionários e é muita coisa para resolver”, ele explica. Apesar de contar com a ajuda dos amigos que trabalham como freelancers no café, toda a produção dos doces, feita em casa em função da cozinha maior, ainda depende dele, e ele segue sendo o único funcionário fixo.

Um café da UFRGS para o bairro

Decorado por plantas, luzes amareladas e móveis usados cheios de personalidade, o Mimô explora um novo conceito: um café universitário feito para ser do bairro também. Zé explica que ele queria que as pessoas da região se sentissem à vontade para frequentar o local e considera isso muito importante para o ambiente da universidade pública.

A proposta de ser uma cafeteria aberta para o público de fora do campus também permite que ela se mantenha em funcionamento nos períodos de férias dos alunos. “A universidade tem muitas lancherias, mas ninguém entra para conhecer os lugares, eles são frequentados pelos alunos. Nossa ideia é fazer captação de pessoas do bairro também para preparar o café para o recesso.”

“Dá muito mais trabalho, mas é uma proposta interessante. Os salgados são do dia, os brownies são quentinhos e a gente utiliza cafés especiais passados na hora”, reflete.

O próximo passo segundo ele é continuar se dedicando ao café e fazendo de tudo para que ele funcione de forma eficiente. Além disso, ele não descarta abrir mais unidades do Mimô em outros pontos da universidade, se surgir a oportunidade. “Eu gosto muito desse ambiente universitário, porque foi nele que eu me encontrei. E isso aqui já foi um sonho, né? Agora, quais os próximos sonhos?”


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