Confeiteiras se unem para recomeçar depois da enchente

Confeiteiras se unem para recomeçar depois da enchente

Projeto arrecadou dinheiro para auxiliar 60 empreendedoras na retomada de seus negócios

Correio do Povo
A iniciativa realizou um mapeamento das confeiteiras que foram atingidas pela enchente e selecionou 60 pessoas

A iniciativa realizou um mapeamento das confeiteiras que foram atingidas pela enchente e selecionou 60 pessoas

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A enchente de maio de 2024 ainda reverbera nas vidas dos porto-alegrenses. Para muitos atingidos as águas levaram não só bens materiais, mas sonhos e planos como o da confeiteira Priscila Clementel, de 37 anos, mãe de três meninas. A moradora do Bairro Glória viu seus pertences, seus materiais de trabalho e sua casa serem destruídos pela tragédia.

Pri, como é conhecida, é proprietária da Vida Doces, uma confeitaria artesanal montada na cozinha da própria casa em outubro de 2020 em meio a pandemia. “Uma amiga da minha avó pediu pra fazer uma torta para as netas dela, sem pretensão. Fiz uma torta Brownie que rendeu muitos elogios e procura. Até que meu marido disse que eu deveria investir em Brownies", lembra. Incentivada pelo marido a investir na produção de brownies, a empreendedora começou a estudar sobre confeitaria para abrir o negócio que, segundo ela, carrega no nome o seu propósito. “Descobri que a confeitaria tinha o poder de me conectar com as pessoas de um jeito único”, conta

O ano de 2024 iniciou cheio de expectativas, a ideia era expandir a Vida Doces, dar mais alcance para a marca e investir em novas criações. Queria participar de feiras, eventos e aprofundar ainda mais meus conhecimentos com cursos e especializações”, conta. Além disso, também tinha o desejo de estruturar melhor o negócio, organizando um espaço mais adequado para produção.

Quando o córrego que fica ao lado de sua casa transbordou, ela foi pega de surpresa. A força da água foi levando tudo que encontrava pela frente, inclusive a casa de madeira da família. Depois do choque dos acontecimentos, foi preciso pensar em como recomeçar e se reerguer física e mentalmente. “A primeira coisa que vem na cabeça quando não se tem mais nada é ‘eu não vou pedir ajuda’. Porque dói. Dói perder, dói lembrar, dói aceitar. Até que a primeira ajuda chega”, lembra. Pri conta que recebeu ajuda de familiares, amigos e de gente que nem conhecia, na reconstrução do seu negócio.

Enquanto vivia essa mudança forçada em sua vida, Priscila ajudou a criar um projeto chamado SOS Confeiteiras RS. “O projeto nasceu da tragédia e foi a salvação para mais de 60 confeiteiras atendidas por ele”, conta. A iniciativa realizou um mapeamento das confeiteiras que foram diretamente atingidas pela enchente através de um formulário. Dessas, 60 pessoas que tiveram 100% de prejuízo, tanto com seus negócios quanto com suas casas, foram selecionadas. Depois disso, o projeto uniu forças com mais de 100 confeiteiros do Brasil inteiro para montar um e-book. O valor arrecadado com as vendas, que chegou a cerca de R$ 40 mil, foi dividido entre as empreendedoras acolhidas.

Priscila conta que cada uma também ganhou uma batedeira doada por uma confeitaria de São Paulo. “Entramos em contato com milhares de empresas do ramo. As que se solidarizaram, enviaram kits de formas, insumos e de tudo que tu pode imaginar. Nós dividimos tudo igualmente.”

Agora em 2025, a rotina da confeiteira está voltando ao normal, e ela espera retomar estabilidade e conseguir novas oportunidades para colocar em prática os sonhos que ficaram em pausa. “Este ano é um ano de esperança, de olhar tudo que vivi e transformar a dor em doçura. Mostrar que mesmo depois da enchente, a vida segue e seguimos fortes. A tragédia traz consigo um aprendizado gigante”, explica.


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