Desafios de uma empreendedora solo
Assistente social faz produção, marketing, compras e vendas para sua marca de acessórios feitos com botão

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A Pimenta Mimosa foi criada em 2015 de uma forma um pouco inesperada. Luciana Rabello, que sempre gostou de acessórios coloridos, reclamou para a mãe que não achava brincos do jeito que queria nas lojas. Quando voltou do trabalho, a mãe e a avó tinham comprado todos os materiais e estavam forrando botões para que ela pudesse fazer seus brincos.
O que começou como uma produção para uso pessoal logo se tornou uma renda extra. Naquela época, Luciana, que tem formação em Serviço Social, fazia residência em uma unidade de saúde e começou a usar os brincos que confeccionava no dia a dia. Depois de receber muitos elogios das colegas, surgiu a ideia de começar a vender. Com um mostruário comprado também pela mãe, ela expôs as peças feitas à mão com botões no trabalho e fez a felicidade das colegas que se tornaram clientes.
Em 2017, depois de dois anos participando de feiras e se vendo cada vez mais como empreendedora, Luciana tomou uma decisão que ela descreve como igualmente fácil e difícil: transformar a Pimenta Mimosa em sua única fonte de renda. No entanto, não foi de cara que as vendas aumentaram, ela conta que ganhou mais visibilidade na pandemia, quando criou um site e um perfil no Instagram para a marca. “Ali tudo começou a acontecer e as minhas vendas começaram a aumentar. Antes eu dependia apenas das feiras”, explica.
Dez anos depois da criação da marca, ela considera que a maior dificuldade ainda está em ser “empreendedora solo”. Mesmo com pessoas em volta que estão dispostas a ajudar, ela acha difícil descentralizar o trabalho e delegar funções. “Tudo é feito a mão em casa. Eu sou a produção, o marketing, as compras, as vendas.”
Hoje, a Pimenta Mimosa tem um espaço na loja Tela, criada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do Rio Grande do Sul para ser um laboratório do varejo. O local abriu em março, no Praia de Belas Shopping, em Porto Alegre, com os primeiros 24 empreendedores que farão parte de um ciclo de seis meses. Os selecionados ganham um lugar físico para expor seus produtos e mentorias individuais uma vez por semana.
Para Luciana, a Tela não é apenas uma loja, é o que ela chama de “curadoria viva”. O objetivo da iniciativa é conectar marcas locais e autorais, oferecendo tecnologia e apoio de especialistas em áreas como como gestão, marketing digital, precificação, visual merchandising. Além disso, a loja também incorpora recursos como visão computacional, inteligência artificial e sistemas de autoatendimento.
A empreendedora também fala sobre a importância de estar na vitrine de um shopping, em um ambiente que valoriza o trabalho autoral e conta as histórias das marcas. “É um reconhecimento de toda a minha trajetória empreendedora e criativa”, comenta.
Luciana vê o diferencial da Pimenta Mimosa no compromisso com transformar o visual e a autoestima das clientes. Em contrapartida, as clientes valorizam a exclusividade e a autenticidade dos acessórios autorais feitos a mão. “Eu sempre digo que o feedback aponta a direção”, explica ela sobre uma de suas motivações para melhorar cada vez mais seu trabalho desde 2015 quando vendeu as primeiras peças para suas colegas - que hoje seguem sendo clientes fiéis e divulgando o trabalho da empreendedora.