Especialista esclarece mitos e verdades sobre investimentos no exterior

Especialista esclarece mitos e verdades sobre investimentos no exterior

Para fugir da crise e fazer render o capital, alternativa tem sido procurada por brasileiros

Correio do Povo

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No passado, investir no exterior não estava ao alcance da maioria dos brasileiros. Recentemente, com a flexibilização das regras, novas alternativas se abriram. Hoje, diante da instabilidade da economia nacional e das boas perspectivas externas, as condições são ideais para diversificar a carteira e investir fora do país. 

Na avaliação do gestor de investimentos internacionais Marcelo Cabral, um número cada vez maior de brasileiros está aplicando em moeda forte em busca de proteção e rentabilidade. Com três décadas de experiência profissional no exterior, Marcelo foi vice-presidente de bancos globais como J.P. Morgan, Credit Suisse, Morgan Stanley, além de presidente da corretora Bradesco nos EUA e do Bradesco Europa. Gaúcho de Porto Alegre, comandou mesas de investimento em Nova Iorque, Londres, Luxemburgo, São Paulo e Hong Kong.

Hoje, lidera a Stratton, uma gestora de investimentos nos EUA focada em clientes brasileiros. Para Marcelo, a internacionalização representa um sinal de maturidade do investidor. “Muitos brasileiros globalizaram consumo e estilo de vida, mas ainda são ‘fechados’ na hora de investir. Isso está mudando rapidamente, e ainda há muito espaço. A diversificação internacional veio para ficar”, analisa. Confira a entrevista completa com o executivo, que aponta alguns mitos e verdades sobre o assunto:

Por que investir fora do Brasil?

As oportunidades externas são atrativas demais para serem ignoradas. Não faz sentido manter 100% do patrimônio exposto à volatilidade e às incertezas da conjuntura brasileira. Em caso de recessão econômica, crise política ou piora sistêmica do país, todas as aplicações perdem valor ao mesmo tempo. Essa concentração excessiva de riscos é perigosa e desnecessária.

Faz sentido manter poupanças em dólar para quem vive no Brasil?

Em um mundo globalizado, é importante acumular patrimônio em moeda forte. Isso significa mobilidade, segurança e poder de consumo global. O mercado financeiro do Brasil representa menos de 2% do global; é pouco provável que os melhores investimentos estejam concentrados nessa pequena parcela. O histórico é claro: no longo prazo, investimentos no mercado internacional têm melhor desempenho do que investimentos em real.

Por que ainda é difícil investir no exterior?

Manter conta no exterior é perfeitamente legal e muitas pessoas têm interesse, mas bancos e corretoras preferem oferecer aplicações no Brasil. A maioria dos assessores não tem familiaridade com o mercado externo e acabam limitando as opções dos clientes. Depois da desregulamentação do mercado, o processo ficou simples e fácil. É possível abrir uma conta de investimentos nos EUA em poucos dias, com um mínimo de burocracia.

Vale a pena remeter recursos para o exterior no momento atual? A taxa de câmbio não está alta demais?

Quem acha caro investir em dólar pode estar olhando apenas para o curto prazo. É difícil prever as oscilações da taxa de câmbio, mas o Brasil tem uma longa e recorrente história de desvalorizações. Desde a criação, o real já perdeu 82% do valor frente ao dólar. Para investidores de longo prazo, é preferível acumular capital em uma economia mais estável. A melhor maneira de enfrentar oscilações do câmbio é remeter os recursos de forma gradual, em preço médio.

Qual a expectativa para o mercado internacional em 2021?

As economias desenvolvidas estão em franca recuperação pós-Covid. Nos Estados Unidos, o PIB deve crescer cerca de 7,5% este ano. Europa e Japão crescerão menos, mas também terão desempenho robusto. Nesse cenário, a rentabilidade do mercado global deverá continuar elevada. O maior risco está relacionado à possibilidade de uma aceleração da inflação, o que levaria a um aumento das taxas de juros por parte do FED (Banco Central norte-americano).

Quais são os setores globais mais atrativos no momento?

Estamos posicionados em bancos nos Estados Unidos e na Europa, empresas de semicondutores na Ásia e na América, mineradoras, farmacêuticas e setor de energia renovável, entre outros. Esses comentários não constituem recomendações, porque nossas preferências podem mudar em função das condições do mercado e de alterações de cenário. Além disso, a composição de cada carteira depende do perfil do cliente.

 


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