Evento "Tá na Mesa" discute impactos da pandemia nos fretes do transporte marítimo

Evento "Tá na Mesa" discute impactos da pandemia nos fretes do transporte marítimo

De acordo com Leandro Barreto, diretor da Solve Shipping Intelligence, valor do frete aumentou 7 vezes se comparado ao período pré-pandemia

Christian Santos da Silva

De acordo com Leandro Barreto, diretor da Solve Shipping Intelligence, valor do frete aumentou 7 vezes se comparado ao período pré-pandemia

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O “Caos Logístico Internacional” foi o tema da edição mais recente do tradicional evento "Tá na Mesa", em sua versão virtual, promovido pela Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul). Nesta quarta-feira, o palestrante foi o diretor da Solve Shipping Intelligence, Leandro Barreto. A empresa é especializada em oferecer soluções inteligentes para importadores e exportadores, agentes de carga, cooperativas, armadores, autoridades e terminais portuários.

O presidente da Federasul, Anderson Trautman Cardoso, lembrou os impactos causados pela pandemia também nesta área. “O preço dos fretes marítimos disparou. Para a China, nosso principal parceiro comercial, os valores médios foram aumento sete vezes maiores do que o registrado no ano passado. Como exemplo, a rota Xangai-Santos, que custava, em agosto de 2020, US$ 1,5 mil por contêiner de 20 pés, atualmente custa US$ 11 mil”, contextualizou.

O problema, segundo informações colhidas por Cardoso, deverá seguir até 2022. “O mercado está em um período de pico e operando além do limite. Os importadores esperam mais tempo e pagam mais caro pelo transporte dos produtos, um custo que é repassado ao consumidor final”, ressaltou. “Segundo dados da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura apontam que o custo logístico no RS é de 21,5% do PIB estadual. Em uma economia que movimenta R$ 450 bilhões, cerca de 96 bilhões são gastos em logística”, concluiu.

Leandro Barreto mostrou como se dá o desenvolvimento da oferta e da demanda do frete marítimo, mostrando a evolução desde dois vetores desde o ano de 2000. “Antes da crise internacional de 2008, o mercado vinha crescendo a dois dígitos. Depois daquilo, se estabeleceu a 5%, 6%. Mas a oferta cresceu acima da demanda”, explanou o especialista. Esta “overcapacity”, segundo ele, levou a uma queda significativa dos fretes por tempo prolongado.

“Embora os armadores (empresas proprietárias dos navios) tivessem lucro, os resultados ruins da última década levara, o setor a uma consolidação e redução e de investimentos”, explicou Barreto. “Os navios recém-encomendados só chegarão no mercado entre 2023 e 2024. Então, não existe uma solução imediata”, acrescentou.

O especialista também citou como a pandemia influenciou no caos, que não se refere somente ao Brasil. “Todo mundo parou de comprar, houve uma elasticidade na demanda e a logística internacional não estava planejada para tamanha volatilidade e incertezas. O mercado chegou a ter 10% a menos de movimentação em maio do ano passado”, recordou. Barreto exibiu gráficos mostrando o congestionamento de navios parados e a consequente falta destes meios de transporte para afretamento. “Desde outubro de 2020, praticamente não há navios disponíveis de 6 mil a 11 mil TEUs (do inglês Twenty feet Equivalent Unit, que significa unidade equivalente a um contêiner de 20 pés)”.

Com a pandemia, muitas empresas estão repensando suas cadeias de suprimentos internacionais, segundo Barreto. “Isto pode causar uma grande reconfiguração das principais rotas. Estamos falando de globalização, (re)globalização e (des)globalização”. O especialista elencou os fatores que vão definir o contexto dos fretes nos próximos meses. “O comportamento da demanda pós vacina e reabertura das atividades, incluindo estímulos econômicos pelos governos. E, ainda, o tempo para limpar este backlog (atraso) nos principais corredores do mundo”, sugeriu.

O evento contou, ainda, com a participação do coordenador da divisão do Comércio Exterior da Federasul, Rodrigo Velho.


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