“Não devemos cair na tentação da disputa política”, diz representante do governo federal sobre recursos para o RS pós-enchentes
Em painel no 4º Fórum de Energias Renováveis, nesta quinta, Ronaldo Zulke reforçou ajuda de Brasília e disse que “disputa” pode “prejudicar ação dos responsáveis por governar”
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O diretor de Articulação Econômica do Ministério de Apoio à Reconstrução do RS, Ronaldo Zulke, disse nesta quinta-feira, durante painel no 4º Fórum de Energias Renováveis, promovido em Porto Alegre pelo Correio do Povo e pelo Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do RS (Sindienergia-RS), que “não há uma negativa do governo federal de contribuir para o desenvolvimento” do Rio Grande do Sul.
“O RS contribui para o pacto federativo em torno de R$ 108 bilhões. O governo federal aporta, no estado, mais de R$ 108 bilhões por ano. Então, é uma correção que precisa ser feita”, pontuou ele. O painel Visão do País para a Reconstrução do RS contou também com a presença do secretário-adjunto da Secretaria da Reconstrução Gaúcha, Gabriel Fajardo. Zulke ainda reforçou que o Planalto encaminhou R$ 96 bilhões para a reconstrução gaúcha, declaração costumeiramente alvo de críticas do setor empresarial e do próprio governo do estado.
Já segundo Fajardo, as enchentes de maio no estado podem ser um dos eventos climáticos mais devastadores do mundo no século XXI. Segundo ele, o RS é o estado brasileiro que historicamente mais sofreu danos econômicos com catástrofes naturais em 20 anos. O impacto no PIB de maio de 2024 é de R$ 13 bilhões a R$ 18 bilhões, representando 20% a 28% de queda. Em 12 meses após o desastre, a previsão é de impactos de R$ 80 bilhões a R$ 120 bilhões, representando redução de 8% a 12% no PIB anual. “Ações como a agricultura de baixo carbono ganham importâncias ainda mais signficativas,, dentro do escopo do Plano Rio Grande, de recuperação do estado”, afirmou ele.
Zulke chamou de “catástrofe gigantesca” a tragédia das enchentes“. “Devemos fazer um esforço extraordinário para não cairmos na tentação da disputa política, ainda mais quando estamos tão próximos de um período eleitoral. Estamos a 45 dias de uma eleição que vai definir o futuro da gestão dos nossos municípios. Então há, num ambiente pré-eleitoral, sempre uma tentação muito forte para entrar numa disputa política que às vezes pode prejudicar, especialmente a ação daqueles que têm a responsabilidade de governar”, disse ele, rebatendo as declarações do governo estadual.
O representante do ministério ainda trouxe números, afirmando que, dos R$ 96 bilhões, já há no estado R$ 22,4 bilhões em recursos novos, prorrogações e antecipações, R$ 1,8 bilhão do Auxílio Reconstrução, que já beneficiaram 340 mil famílias gaúchas, além de R$ 2,8 bilhões para auxiliar 26 mil micro e pequenas empresas gaúchas e R$ 885 milhões diretamente para os municípios executarem ações de limpeza. “Muitos são os números que indicam a presença forte do governo federal aqui no estado, ajudando o governo, o governador, as prefeituras”.
Com isso, acrescentou ele, já houve resultados econômicos positivos, como o crescimento de 34,9% da indústria gaúcha em junho, superando a queda de 26,3% em maio. “Em relação a junho de 2023, o valor foi quase recuperado”, disse. “O governador Eduardo Leite projetava 25% de queda na arrecadação do ICMS para 2024. Com a boa arrecadação de julho, o acumulado nos primeiros sete meses de 2024 supera em 11,3% a arrecadação do ICMS no mesmo período de 2023”, comentou Zulke, acrescentando que há apoio do governo federal na transição energética gaúcha representada pelas energias renováveis.