“Não devemos cair na tentação da disputa política”, diz representante do governo federal sobre recursos para o RS pós-enchentes

“Não devemos cair na tentação da disputa política”, diz representante do governo federal sobre recursos para o RS pós-enchentes

Em painel no 4º Fórum de Energias Renováveis, nesta quinta, Ronaldo Zulke reforçou ajuda de Brasília e disse que “disputa” pode “prejudicar ação dos responsáveis por governar”

Felipe Faleiro

Zulke representou governo federal nesta quinta no 4º Fórum de Energias Renováveis

publicidade

O diretor de Articulação Econômica do Ministério de Apoio à Reconstrução do RS, Ronaldo Zulke, disse nesta quinta-feira, durante painel no 4º Fórum de Energias Renováveis, promovido em Porto Alegre pelo Correio do Povo e pelo Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do RS (Sindienergia-RS), que “não há uma negativa do governo federal de contribuir para o desenvolvimento” do Rio Grande do Sul.

“O RS contribui para o pacto federativo em torno de R$ 108 bilhões. O governo federal aporta, no estado, mais de R$ 108 bilhões por ano. Então, é uma correção que precisa ser feita”, pontuou ele. O painel Visão do País para a Reconstrução do RS contou também com a presença do secretário-adjunto da Secretaria da Reconstrução Gaúcha, Gabriel Fajardo. Zulke ainda reforçou que o Planalto encaminhou R$ 96 bilhões para a reconstrução gaúcha, declaração costumeiramente alvo de críticas do setor empresarial e do próprio governo do estado.

Já segundo Fajardo, as enchentes de maio no estado podem ser um dos eventos climáticos mais devastadores do mundo no século XXI. Segundo ele, o RS é o estado brasileiro que historicamente mais sofreu danos econômicos com catástrofes naturais em 20 anos. O impacto no PIB de maio de 2024 é de R$ 13 bilhões a R$ 18 bilhões, representando 20% a 28% de queda. Em 12 meses após o desastre, a previsão é de impactos de R$ 80 bilhões a R$ 120 bilhões, representando redução de 8% a 12% no PIB anual. “Ações como a agricultura de baixo carbono ganham importâncias ainda mais signficativas,, dentro do escopo do Plano Rio Grande, de recuperação do estado”, afirmou ele.

Zulke chamou de “catástrofe gigantesca” a tragédia das enchentes“. “Devemos fazer um esforço extraordinário para não cairmos na tentação da disputa política, ainda mais quando estamos tão próximos de um período eleitoral. Estamos a 45 dias de uma eleição que vai definir o futuro da gestão dos nossos municípios. Então há, num ambiente pré-eleitoral, sempre uma tentação muito forte para entrar numa disputa política que às vezes pode prejudicar, especialmente a ação daqueles que têm a responsabilidade de governar”, disse ele, rebatendo as declarações do governo estadual.

O representante do ministério ainda trouxe números, afirmando que, dos R$ 96 bilhões, já há no estado R$ 22,4 bilhões em recursos novos, prorrogações e antecipações, R$ 1,8 bilhão do Auxílio Reconstrução, que já beneficiaram 340 mil famílias gaúchas, além de R$ 2,8 bilhões para auxiliar 26 mil micro e pequenas empresas gaúchas e R$ 885 milhões diretamente para os municípios executarem ações de limpeza. “Muitos são os números que indicam a presença forte do governo federal aqui no estado, ajudando o governo, o governador, as prefeituras”.

Com isso, acrescentou ele, já houve resultados econômicos positivos, como o crescimento de 34,9% da indústria gaúcha em junho, superando a queda de 26,3% em maio. “Em relação a junho de 2023, o valor foi quase recuperado”, disse. “O governador Eduardo Leite projetava 25% de queda na arrecadação do ICMS para 2024. Com a boa arrecadação de julho, o acumulado nos primeiros sete meses de 2024 supera em 11,3% a arrecadação do ICMS no mesmo período de 2023”, comentou Zulke, acrescentando que há apoio do governo federal na transição energética gaúcha representada pelas energias renováveis.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895