“Fizemos uma revisão para evitar especulações”, diz Haddad após recuo na alta do IOF

“Fizemos uma revisão para evitar especulações”, diz Haddad após recuo na alta do IOF

Ministro da Fazenda afirmou que governo teve subsídios de pessoas do mercado sobre o assunto

Estadão Conteúdo
Haddad concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira

Haddad concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na manhã desta sexta-feira, 23, que o recuo do governo sobre a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicação de investimentos de fundos brasileiros no exterior visou evitar especulações. Segundo ele, o governo contou com colaboração de parceiros para "corrigir rotas" e não quer "inibir investimentos no exterior".

"Tivemos subsídios de pessoas do mercado dizendo que o IOF poderia acarretar problemas", afirmou em entrevista à imprensa pela manhã, antes da abertura do mercado. Haddad disse que o governo não tem problema de corrigir rotas, desde que "sigamos o rumo de cumprir metas fiscais". Ele afirmou ainda que não considerou a reação do mercado exagerada, como em dezembro do ano passado. "Dada a repercussão, tivemos que ser rápidos na revisão."

O ministro afirmou que o conjunto de medidas anunciadas na quinta-feira, 22, somam cerca de R$ 50 bilhões, para "fechar o ano". Ele reconheceu que o governo poderá ter de ajustar o congelamento de recursos em cerca de R$ 2 bilhões devido ao recuo na cobrança do IOF.

Sobre a comunicação da Fazenda com o Banco Central sobre as medidas, Haddad afirmou que cada um tem um mandato. "Não reviso decisões do BC", disse. O ministro disse que conversa com Gabriel Galípolo frequentemente e avisou que haveria medidas sobre receita e despesa. "BC não analisa decisões do presidente da República, não é esse o procedimento."

Para Haddad, a reação do mercado não foi exagerada. O ministro ainda lembrou do episódio sobre a isenção do Imposto de Renda.

“Eu não o considero exagerado. É bastante diferente do que aconteceu em dezembro quando houve anúncio da isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil. Em dezembro teve aquela reação exagerada que depois acomodou”, disse.

Haddad considerou que, após o anúncio da isenção do IR, de dezembro, houve “desinformação”, o que não ocorreu desta vez. “Ao contrário: houve uma reação informando corretamente as implicações. Se não tivesse a questão técnica, não seria revisto. Havia uma questão técnica a ser discutida. E eu repito, a Fazenda faz isso, rotineiramente.”

Na quinta-feira, a equipe econômica anunciou uma série de mudanças no IOF, incluindo a criação de uma alíquota de 3,5% para a aplicação de investimentos de fundos brasileiros no exterior.

Diante da repercussão fortemente negativa entre agentes do mercado financeiro, a Fazenda recuou da proposta ainda na noite de quinta, por meio de uma publicação no X. Com a decisão, permanece em vigor a alíquota zero.

A pasta também recuou em mudanças que haviam sido anunciadas nas remessas destinadas a investimentos por pessoas físicas. Nesse caso, também será mantida a alíquota atual, de 1,1%.

Pessoas com conhecimento do assunto disseram que o recuo no IOF tem impacto de menos de 10% no total da arrecadação prevista com as alterações no tributo, de R$ 20,5 bilhões este ano e R$ 41 bilhões em 2026.

A reportagem também apurou que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, foi consultado na quinta-feira pelo Palácio do Planalto sobre as medidas anunciadas, antes de o governo cravar a posição de recuar nas alterações do IOF.

Segundo pessoas a par do assunto, a avaliação de Galípolo foi "decisiva" para o governo mudar de ideia sobre a tributação. Na noite de quinta-feira, uma reunião de emergência ocorreu para discutir o tema. Haddad não participou, porque já estava em São Paulo.

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