Guerra do aço é risco para comércio e trabalhadores americanos

Guerra do aço é risco para comércio e trabalhadores americanos

Taxas impostas por Donald Trump causam tensão entre sócios comerciais

AFP

Trump impõe taxa de 25% sobre aço e 10% sobre alumínio

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Com a imposição de tarifas aduaneiras sobre importações de aço e alumínio, Donald Trump espera proteger empregos em seu país, mas sua polícia irritou parceiros comerciais e poderia custar caro aos trabalhadores americanos, avaliam especialistas consultados pela AFP.  Trump disse nesta quinta-feira que na próxima semana anunciará a imposição de taxas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio importados pelos Estados Unidos.

O anúncio despertou uma onda de indignação entre os principais sócios comerciais dos Estados Unidos, como Canadá, União Europeia, China e México, muitos deles produtores dos materiais, o que desperta o temor de uma guerra comercial. O aço e o alumínio estão no centro das tensões comerciais, a nível mundial, há anos. "Isto se deve a uma superprodução de aço a nível mundial e aos empregos estarem concentrados nas regiões que sofreram processos desindustrialização", explica à AFP Nigel Driffield, professor de comércio internacional na Warwick Business School.  A importância do aço e do alumínio no comércio mundial também é explicada por seu uso em vários setores cruciais, entre eles a construção e as infraestruturas, equipamentos mecânicos e a indústria automotiva.

Brasil entre os mais prejudicados

"Há também tensões no Ocidente entre os produtores de aço e os que compram aço mais barato proveniente da Ásia", explica Driffield. No ano passado, os Estados Unidos importaram 35,6 milhões de toneladas de aço, ou seja 36% de seu consumo, ou o equivalente a 33,6 bilhões de dólares, segundo dados da consultoria Wood Mackenzie. Apenas 2,9% das importações americanas vieram da China. "As tarifas não terão muito impacto nas exportações da aço chinês, e a China não tem tanto a perder como os parceiros comerciais tradicionais dos Estados Unidos", afirma Ming He, da Wood Mackenzie. "As medidas protecionistas contempladas terão mais efeitos negativos sobre as importações de aço proveniente de Canadá, México e Brasil", avalia o analista.  A Coreia do Sul será "bastante afetada", segundo ele. A política de Trump indignou seus parceiros internacionais, mas também poderia ter consequências no âmbito doméstico.

'Curto prazo'

Esta política se dirige ao eleitorado do "Cinturão da Ferrugem", uma região do nordeste dos Estados Unidos, onde estavam instaladas as indústrias pesadas do país, hoje em declínio. "Os eleitores de Trump vão receber positivamente" o anúncio do presidente, "já que têm a impressão de terem sido afetados injustamente pela concorrência da Ásia", explica Driffield. Mas "de forma geral, as medidas de protecionismo generalizadas como esta funcionam apenas a curto prazo", acrescenta.

Os trabalhadores americanos que Trump quer seduzir podem acabar sendo as maiores vítimas de sua política econômica. "As tarifas sobre o aço não vão resolver o problema subjacente - os altos custos da indústria siderúrgica americana - que obrigou os usuários a buscarem importações mais baratas", conclui Ming He. "A intenção de Donald Trump é proteger os trabalhadores dos setores de alumínio e aço, mas isso será neutralizado por mais perdas de empregos nas indústrias que consomem muitos metais, como a automobilística", alerta.

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