"Há mais dinheiro disponível do que projetos", diz sócio de multinacional sobre inovação no RS
Cenário dos investimentos em inovação foi debatido no Tá na Mesa, da Federasul, nesta quarta-feira
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O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) assina, nesta semana, um contrato que libera mais de R$ 1 bilhão em projetos de inovação a empresas do Sul do país, por meio da Finep, empresa pública do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A estimativa é de que um terço desse valor contemple empreendimentos gaúchos. Porém, quem atua no setor vê barreiras entre quem pretende alavancar seu negócio e quem pode investir.
"Às vezes, falta informação", avaliou o gerente de Operações do BRDE, Paulo Andre Raffin. O tema foi debatido na reunião-almoço Tá na Mesa, realizada pela Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) nesta quarta-feira.
O sócio líder de incentivos fiscais no Brasil da multinacional KPMG, Wilian Calegari de Sousa, também debatedor no evento, corrobora a percepção de Raffin. "Há mais dinheiro disponível do que projetos", afirmou Sousa. Para o profissional, um exemplo é a Lei do Bem, considerada pelo governo federal como o principal instrumento de estímulo às atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação tecnológica (PD&I) nas empresas brasileiras.
Segundo Sousa, ela é utilizada por apenas 3,7 mil empresas, das mais de 150 mil do Brasil. “O estudo preliminar, do próprio Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, é que esse número deveria ser em torno de 40 mil”, detalhou.
O presidente em exercício da Federasul, Rafael Goelzer, que mediou o evento, afirmou que a maioria das empresas que sucumbem é em função da falta de organização econômica e linhas de crédito.
Avaliando o momento, os debatedores concordaram que o cenário econômico de alta de juros tornou ainda mais difícil conseguir crédito. “Hoje existe um desafio maior na captação, exatamente pela necessidade de uma robustez maior desses investimentos e de toda a estrutura”, disse o representante da Federasul.
Conectar projetos e investimentos
Para melhorar o cenário de financiamentos em inovação no Estado, o Instituto Caldeira desenvolve atividades. “No ano passado, foram 290 atividades e, parte significativa desses encontros, foi de caminhos e avenidas de oportunidade para poder alavancar”, relatou o CEO do hub de inovação, Pedro Valério, que também foi debatedor na Federasul.
Valério disse que a estratégia do Caldeira envolve conexão e conteúdo, tanto elucidando aos empreendedores e empresários sobre como funcionam os financiamentos quanto conectando esses profissionais a investidores.
Os representantes do setor no evento destacaram ainda que é importante a compreensão do que é a inovação. “A gente tem um costume, em geral dentro do ecossistema, de falar em inovação e botar um monte de coisas junto, mas são coisas diferentes”, disse o gestor do Instituto.
Também foi ressaltada a diferença de como ela se aplica a startups, que trazem novas propostas de negócio, e a médias e grandes empresas, que fomentam internamente iniciativas diferenciadas. “Inovação também pode ser a melhoria de um processo”, destacou o representante do BRDE. No entanto, “quanto mais radical a inovação. melhor”, avaliou Sousa, da KPMG.
O caminho para unir quem precisa de financiamento às ferramentas disponíveis pode ser encurtado, buscando auxílio. Os profissionais concordam que é essencial que o projeto seja bem explicado.
Além de projetos em hubs, como os desenvolvidos no Instituto Caldeira, os bancos também podem ajudar, conforme o gestor do BRDE. “A gente criou uma gerência específica que atende no setor de inovação e constrói junto com a empresa as condições do crédito”, explicou Raffin. Segundo ele, os demais que realizam financiamentos também podem ajudar.