Ibovespa recua 0,11% e dólar sobe

Ibovespa recua 0,11% e dólar sobe

Dólar terminou contado em R$ 3,94

AE

Índice bovespa foi a 103.996 pontos

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As incertezas quanto à tensão comercial entre Estados Unidos e China voltaram a pesar nos mercados acionários e o Índice Bovespa perdeu fôlego nesta sexta-feira, após três altas consecutivas. O indicador chegou a subir moderadamente pela manhã, mas inverteu a tendência no início da tarde, sob influência direta das bolsas de Nova York. Assim, terminou o pregão em leve baixa, de 0,11%, aos 103.996,16 pontos. Apesar da forte turbulência dos últimos dias, o índice encerrou a semana com alta acumulada de 1,29%, na contramão das perdas dos índices americanos.

Mais uma vez, o mau humor do investidor foi justificado pelos sinais de que os conflitos comerciais e cambiais entre Estados Unidos e China não têm data para terminar, dadas as sucessivas declarações do presidente americano, Donald Trump. Nesta sexta ele afirmou que ainda avaliaria se os Estados Unidos retomarão as rodadas de negociações com o gigante asiático.

As quedas do Ibovespa foram puxadas pelas ações de bancos e pelos papéis de empresas ligadas a commodities. Vale ON seguiu a queda dos índices de metais e terminou o dia com perda de 3,58%, na mínima do dia, contaminando as ações de siderurgia. Nesse grupo, destaque para Usiminas PNA (-2,41%) e CSN ON (-2,01%).

As quedas das blue chips foram amenizadas em boa parte por papéis dos setores de consumo, utilities e energia elétrica - que compõem o grupo de setores considerados os mais rapidamente beneficiados pelo esperado aquecimento da economia. Nesse grupo, destaque para B2W ON (+17,75%) e CVC ON (+9,27%), ambas repercutindo aspectos positivos dos seus resultados trimestrais.

"Por trás do desempenho do Ibovespa houve ações oscilando para todos os lados nesta sexta-feira, com muitos papéis reagindo a resultados trimestrais. O dia foi azedo no exterior, mas tivemos ganhos importantes entre empresas que divulgaram balanços, mostrando que estão fazendo a lição de casa e estão enxutas", disse Rafael Bevilacqua, estrategista da Levante Ideias de Investimento.

No ambiente político, o destaque da semana foi a aprovação da reforma da Previdência em segundo turno na Câmara. A avaliação unânime nas mesas de negociação é de que a aprovação da reforma já está precificada, com algum espaço para novas altas no caso de os trabalhos no Senado ocorrerem de forma acelerada. Como a reforma tributária é tida como um processo mais demorado, a tendência para os próximos dias, segundo analistas, é de aumento na atenção a indicadores econômicos.

Dólar

O dólar acumulou alta de 1,26% nos últimos cinco dias, marcando a quarta semana consecutiva de valorização, de 4,09%. O movimento tem sido puxado principalmente pelo noticiário externo, sobretudo a intensificação da tensão comercial dos Estados Unidos com a China, que tem feito investidores fugirem de ativos de risco, vendendo moedas de emergentes, e buscarem proteção no dólar. No mês, o dólar já tem alta de 3,2% no mercado à vista, subindo em cinco dos sete pregões até agora. Na sessão desta sexta, a moeda americana terminou cotada em R$ 3,9405 (+0,33%).

A tensão comercial entre Pequim e Washington deve se intensificar antes de melhorar, avalia nesta sexta-feira o banco norte-americano JPMorgan. Os estrategistas da casa recomendam posição abaixo da média de mercado ("underweigth") em moedas de emergentes, que tendem a se enfraquecer neste ambiente de aumentos de risco e de incerteza na economia mundial.

"A tensão comercial deve prosseguir e provocar ondas de volatilidade nos mercados de moedas nas próximas semanas", avalia ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o estrategista de moedas em Nova York do banco BBVA, Alejandro Cuadrado. Para ele, é difícil neste momento o dólar voltar a patamares vistos em julho, quando recuou ao nível de R$ 3,70.

Apesar do cenário externo mais desafiador, o executivo do BBVA avalia que há razões para ficar otimista com o real, principalmente na comparação com outros pares da moeda. Entre as razões, ele menciona a expectativa de mais cortes de juros nos Estados Unidos e avanços da agenda econômica com a aprovação da Previdência em segundo turno na Câmara.

Nesta sexta o Itaú e Bradesco mantiveram suas projeções para o dólar no final do ano em R$ 3,80. Mas os economistas do Itaú veem o dólar a R$ 4,00 no final de 2020, por conta do "ambiente global mais desfavorável". Já o Bradesco avalia como "transitórios" os efeitos do quadro externo no câmbio e estima que o dólar deve seguir no nível de R$ 3,80 ao final do ano que vem.

O Itaú ressalta que a desaceleração econômica global reduz o apetite ao risco dos investidores, pressionando os prêmios de risco em economias emergentes. O Credit Default Swap (CDS) do Brasil chegou a encostar em 145 pontos no começo da semana, mas nesta sexta operava em queda, em 129 pontos, de acordo com cotações da IHS Markit. "O CDS avançou, mas permanece em patamar baixo, refletindo a expectativa da continuidade da agenda de reformas", observa o Itaú.

Taxas de juros

O estresse que pautou os ativos financeiros ao longo desta sexta-feira, 9, teve efeito limitado no mercado de juros. As taxas foram marcadas por um viés da alta durante boa parte da sessão, mas no meio da tarde os principais contratos estavam de lado, com exceção dos de curtíssimo prazo, que recuaram. A aversão ao risco no exterior acabou servindo como argumento para uma realização de lucros moderada na curva, mas sem força para avançar diante da perspectiva desinflacionária global, do avanço das reformas no Brasil e da expectativa de queda da Selic.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020, que melhor reflete as apostas para a política monetária no segundo semestre deste ano, encerrou em 5,445%, de 5,471% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2021 fechou em 5,39%, estável ante o ajuste de quinta, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 6,341% para 6,35%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,85%, de 6,831%.

Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista-chefe da Ativa Investimentos, vê, de maneira geral, tanto o segmento de ativos prefixados quanto o de ações "relativamente equilibrados" em função de boas perspectivas domésticas, como o andamento das reformas e a inflação baixa. "Já o dólar ficou mais inserido na guerra de moedas", disse. "Tivemos uma semana muito conturbada pelo conflito comercial entre Estados Unidos e China e pelo aumento da perspectiva negativa para economia mundial, mas as questões domésticas geraram blindagem na bolsa e no pré", explicou.

Na medida em que vai amadurecendo a percepção de que o primeiro impacto da guerra comercial é sobre a atividade, "vai ficando claro que a inflação não será um problema nem aqui nem lá fora", diz um gestor, o que acaba limitando a recomposição de prêmios na curva de juros. Por esse raciocínio, o mercado não vê o câmbio como um problema para os preços internos, pois o canal de repasse está bloqueado pela depressão da atividade. "O mercado chegou à conclusão de que não tem pass-through. A única via seriam os combustíveis, mas os preços do petróleo afundaram. Então, não há inflação importada", disse Freitas Filho.

Desse modo, num mundo de juros cada vez mais baixos, a renda fixa brasileira ainda parece atrativa, especialmente num momento de otimismo renovado sobre as reformas. O texto da Previdência já está no Senado e a aposta do governo é de que a matéria possa estar definitivamente aprovada em 60 dias. De acordo com o Placar da Previdência elaborado pelo 'Estado', que aponta 52 votos "sim" ao texto, o governo conseguirá aprovar a reforma, que exige apoio de 49 senadores em dois turnos de votação.

Antes de ir a plenário, a proposta precisa do aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. O relator, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), prometeu entregar o parecer em até três semanas.


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