Ibovespa registra queda de 1,29% e dólar sobe a R$ 4,92

Ibovespa registra queda de 1,29% e dólar sobe a R$ 4,92

Ibovespa encerrou o dia no menor nível desde 12 de dezembro

Estadão Conteúdo

Ibovespa encerrou o dia no menor nível desde 12 de dezembro

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O Ibovespa perdeu a linha de 130 mil pontos, encerrando o dia no menor nível desde 12 de dezembro passado - também o primeiro fechamento de 2024 abaixo daquele limiar -, hoje aos 129,2 mil. Nesta terça-feira, 16, o índice da B3 oscilou dos 129.146,61 aos 131.516,52 pontos, saindo de abertura aos 131.514,92 pontos - ou seja, praticamente operou apenas no negativo ao longo do dia. O giro desta terça-feira, pós-feriado nos Estados Unidos, subiu a R$ 23,5 bilhões. Nas duas primeiras sessões da semana, o Ibovespa recua 1,29%, com perda a 3,65% no mês. O dia foi de correção bem distribuída pelas ações de maior peso no índice, como Vale (ON -1,30%), Petrobras (ON -1,10%, PN -1,24%) e as de grandes bancos (Bradesco ON -1,60%, Santander Unit -1,75%, Itaú PN -1,41%), além das siderúrgicas (CSN ON -3,64%, Gerdau PN -2,82%). Apenas uma (SLC Agrícola +1,97%) das 87 ações que integram a carteira teórica do Ibovespa conseguiu evitar perdas na sessão. Em porcentual, a queda de 1,69% no fechamento desta terça-feira, aos 129.294,04 pontos, foi a maior para o Ibovespa desde 21 de setembro (-2,15%). Na ponta perdedora na sessão, destaque para Soma (-6,18%), Cosan (-6,14%), Azul (-5,28%), Raízen (-5,25%) e Pão de Açúcar (-4,80%). A aversão a risco desde o exterior resultou em pressão sobre o câmbio nesta terça-feira - elevando o dólar a R$ 4,93 na máxima do dia - e também na curva de juros doméstica, que respondeu ao ajuste nos rendimentos dos Treasuries: combinação que levou o Ibovespa a renovar mínimas da sessão ao longo da tarde, chegando a cair 1,81% no pior momento. Em Nova York, os três principais índices de ações fecharam em baixa, com Dow Jones à frente (-0,62%) nas perdas.

O dia foi marcado pelo prosseguimento da reprecificação de expectativas quanto aos juros do Federal Reserve, com efeito direto para a curva futura nos Estados Unidos e resquícios para a dos DIs, no Brasil. Os rendimentos dos Treasuries voltaram a operar acima do limiar de 4% nesta terça-feira, desde vencimentos curtos, como o de 2 anos, a 4,26% na máxima da sessão, como também nos mais longos, de 10 anos (4,07%) e 30 anos (4,32%).

'Dia negativo para os ativos de risco lá fora, com os juros abrindo e, também, apreciação global para o dólar. Nesta semana, a política monetária permanece no foco das atenções, com falas de autoridades de BCs, como o da zona do euro (BCE), expressando cautela quanto aos juros, sobre quando poderão começar a cair. E hoje, nos Estados Unidos, Christopher Waller diretor do Fed ainda mostrou cautela com relação aos juros americanos', diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas. Ele acrescenta que o noticiário doméstico, sem muitas definições e em marcha lenta, reforça a reação dos ativos do Brasil a desdobramentos externos.

Nos Estados Unidos, Waller observou que a inflação parece estar retornando à meta de 2%, com reequilíbrio no mercado de trabalho, e dados recentes positivos, o que deve permitir ao Federal Reserve cortar os juros de referência em 75 pontos-base em 2024 - o correspondente a três reduções de 25 pontos-base, até dezembro.

Após a fala de Waller, no começo da tarde, a curva de juros americana mostrou redução significativa das apostas em relaxamento monetário agressivo nos EUA este ano. Antes das declarações, o mercado trabalhava com cenário mais provável de 175 pontos-base em redução da taxa básica do Fed até dezembro - ou seja, sete cortes se for considerado o ritmo de baixa em 25 pontos-base por reunião.

Com o ajuste na curva visto nesta terça-feira, a hipótese mais forte passou a ser de alívio um pouco mais suave, de 150 pontos-base (seis baixas de 25 pb), opção que cresceu de 29%, ontem, para 39,4% nesta tarde. Em Nova York, contribuindo para enfraquecer o apetite dos investidores por risco, a atual temporada de resultados trimestrais dos grandes bancos americanos tem se mostrado 'mista', observa Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, destacando, nesta terça-feira, os números apresentados pelo Morgan Stanley, com queda de lucro, o que resultou em perda de quase 5% para a ação do banco durante o dia. 'Os resultados dos bancos têm mostrado a sensibilidade do setor ao nível de juros por lá, que permanece o maior em 15 anos', acrescenta.

Dólar

A percepção de que os juros dos Estados Unidos podem cair mais lentamente do que o mercado espera, somada às preocupações dos investidores com o ritmo de crescimento da China e com o conflito no Mar Vermelho, que aumentaram a aversão ao risco e a busca por ativos considerados seguros, favoreceram o dólar em escala global, levando a moeda americana a subir mais de 1% na comparação com o real. O dólar à vista subiu 1,22%, a R$ 4,9256, mas na máxima intradia atingiu R$ 4,9333 (+1,37%). Foi a maior cotação em um mês. O contrato da moeda para fevereiro subiu 1,46%, aos R$ 4,9350, mas na cotação mais alta do pregão chegou a R$ 4,9430 (+1,62%).

O movimento no mercado futuro foi de US$ 16 bilhões. No final do ano passado, os investidores aumentaram as apostas de que o Federal Reserve começaria a reduzir os juros rapidamente a partir de março, mas nas últimas semanas parte desta expectativa se desfez, tanto por indicadores apontando para a resiliência do mercado de trabalho e de alguns componentes da inflação quanto por declarações das autoridades do banco central americano sugerindo que a instituição será conservadora ao afrouxar a política monetária. Hoje, foi mais uma destas falas que ajudou a dar força ao dólar.

Christopher Waller, um dos diretores do Fed, disse que a inflação nos Estados Unidos parece estar retornando à meta de 2% e que isso deve abrir espaço para cortes nos juros do país. A previsão dele, porém, é de um recuo de 75 pontos-base em 2024, enquanto o mercado espera praticamente o dobro de cortes, segundo dados da Ferramenta CME FedWatch. A declaração de Waller desapontou o mercado, segundo Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos, em particular porque Waller sugeriu não ver motivos para acelerar o ritmo de cortes enquanto os indicadores não justificarem este movimento.

“Como a gente tem visto economia em pleno emprego, desemprego demorando a voltar, inflação controlada mas nem tanto, veio esse balde de água fria”, acrescentou. Diante disso, as taxas dos Treasuries renovaram as máximas intradia, o que ajudou a impulsionar o dólar. 'Depois da fala dele o mercado piorou. O dólar subiu mais, tanto na comparação com o real quanto o DXY', disse Apolo Duarte, head de renda variável e sócio da AVG Capital. “É mais uma valorização do dólar do que uma queda do real", acrescentou.

Juros

Os juros futuros avançaram em bloco nesta terça-feira, 16, com altas de quase 20 pontos-base nos trechos intermediário e longo da curva. O firme aumento dos rendimentos dos Treasuries deu o tom para o mercado doméstico de renda fixa. Investidores passaram o dia calibrando apostas na trajetória da política monetária americana. Lá e aqui, as taxas subiram desde a manhã, mas ganharam novo impulso à tarde, com declarações do diretor do Federal Reserve (Fed) Christopher Waller.

Em um evento nos Estados Unidos, ele disse ver espaço para apenas três cortes de juros de 0,25 ponto porcentual este ano - bem menos do que o precificado na curva de juros. Depois dos comentários, a taxa da T-Note de dez anos foi a uma máxima de 4,079%, o maior patamar intradiário desde 13 de dezembro. Aqui, o juro do mais negociado contrato de depósito interfinanceiro (DI) do dia, para janeiro de 2026, subiu até 9,815%, 0,19 ponto porcentual acima do ajuste anterior, de 9,628%.

O movimento amainou ao longo da tarde, mas, no fim do dia, a taxa do DI para janeiro de 2026 ainda era de 9,810%, 0,18 ponto maior que no ajuste. O DI para janeiro de 2025 passou de 10,054% no ajuste para 10,135%, e o para janeiro de 2027, de 9,761% para 9,965%. A taxa do contrato para janeiro de 2029 passou de 10,163% para 10,360%. Para o estrategista de renda fixa da BGC Liquidez Daniel Leal, a alta das taxas, hoje, é explicada principalmente pelos ajustes nas apostas de cortes de juros nos Estados Unidos. Esse movimento vem após um rali que derrubou os juros, lá e aqui, em dezembro, depois de sinais mais dovish do Fed, lembra. 'De fato, talvez o mercado tenha sido otimista demais com o que o Fed iria fazer, inclusive porque a previsão dos próprios dirigentes é de três cortes ao longo deste ano, e o mercado está precificando seis', afirma o analista.

"O mercado quer apostar em seis cortes, mas vira e mexe tem uma reversão parcial desse sentimento, e hoje é um bom exemplo disso.' Aqui, a incerteza fiscal continua em segundo plano, segundo o estrategista, apesar de poucos impactos diretos. 'Sempre volta a discussão sobre a questão fiscal, apesar dos poucos acontecimentos, mas todo mundo fica mais reticente em tomar risco enquanto não tem mais clareza”, explica. O estrategista da RB Investimentos Gustavo Cruz também atribui o movimento dos juros domésticos hoje à alta dos Treasuries, que influencia a precificação de cortes da taxa Selic. 'Por mais que alguns falem que não, uma demora maior em cortar os juros americanos também faria com que o BC daqui fosse mais devagar', afirma.


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