Manifestantes fazem protesto em Porto Alegre e pedem o fim da escala 6x1

Manifestantes fazem protesto em Porto Alegre e pedem o fim da escala 6x1

Centenas de pessoas caminharam pela Orla do Guaíba pedindo pela diminuição da jornada de trabalho

Correio do Povo
Grupo realizou uma grande manifestação na Orla do Guaíba

Grupo realizou uma grande manifestação na Orla do Guaíba

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Com cartazes, faixas, bandeiras sindicais e de diversos partidos políticos, entoando gritos de efeito, centenas de pessoas realizaram um protesto na Orla do Guaíba, em Porto Alegre, na tarde desta sexta-feira, para pedir o fim da escala 6x1 (seis dias de trabalho, um de descanso) no Brasil.

As manifestações na Capital ocorrem em paralelo a uma série de protestos que também são realizadas em diversas cidades brasileiras, em uma iniciativa do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), do vereador eleito do Rio e tiktoker Rick Azevedo (PSOL).

No Congresso, durante a semana, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) conseguiu coletar o número de assinaturas necessárias para protocolar na Câmara uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim da escala. O projeto visa acabar com a jornada de 44 horas de trabalho semanais, vigente há 81 anos no País, desde que a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) foi publicada, em 1943. Em vez disso, a ideia é reduzir esse limite para 36 horas semanais.

Ao longo da semana, o VAT convocou atos em São Paulo, Brasília, Fortaleza, Vitória, Porto Alegre, Recife, Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis e Manaus, entre outras cidades.

Em Porto Alegre, a concentração dos manifestantes começou no início da tarde, na Praça Júlio Mesquita, em frente a Usina do Gasômetro. Por volta das 15h, o grupo atravessou a rua e iniciou uma caminhada pela Orla do Guaíba.

Identificados com camisetas de movimentos sindicais e partidos de esquerda, os manifestantes carregaram faixas com mensagens como “sem recuar nem rebaixar: escala 4x3”, aos gritos de frases como “reduza a jornada ou paramos o país". Bandeiras da Palestina, assim como a manifestação de outras agendas políticas e sociais também foram expressas por diversos grupos.

Personalidades como a ex-deputada Manuela D’ávila e a ex-candidata a vice-prefeita de Porto Alegre na chapa de Maria do Rosário, Tamyres Filgueira, estiveram presentes no ato.

A autônoma e uma das representantes do VAT em Porto Alegre, Nat Almada, diz que o movimento ganhou força através das redes sociais, com a convocação da população para o protesto. Ela explica que o objetivo é chamar a atenção do Congresso para a reivindicação. “Surgiu uma contradição de que parlamentares que se dizem em defesa do trabalhador, lá dentro do Congresso, que hoje trabalham menos que o trabalhador normal e recebem quase R$ 40 mil reais, entre outros auxílios, mas votam contra o trabalhador”, afirma.

Entre os organizadores também estava Isadora Vargas, que diz que o objetivo da redução da jornada é buscar a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. “Para mim, significa ter tempo de vida e a possibilidade de fazer alguma coisa além de trabalhar. Eu trabalho na escala 5x2, mas a minha mãe sempre trabalhou na escala 6x1 e, infelizmente, a gente não tinha tempo para nada. Isso é injusto”, justifica.

O que as entidades pensam sobre o projeto

Se de um lado diversos movimentos buscam o andamento e futura aprovação da PEC que pede o fim da escala 6x1, diversos outros movimentos e entidades contrapõem o debate e defendem que a medida causará uma série de impactos econômicos às empresas que adotam este tipo de jornada de trabalho.

Para a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), o entendimento é de que a jornada de trabalho deve ser tratada por meio de negociações coletivas. Conforme a entidade, a PEC impõe um ônus excessivo ao setor produtivo, elevando os custos das empresas, especialmente em relação à folha de pagamento, sem apresentar uma contrapartida comprovada no aumento da produtividade do trabalho, prejudicando a competitividade da indústria brasileira. “A PEC enfraquece o papel dos sindicatos e das negociações coletivas, elementos fundamentais para adaptar condições de trabalho às realidades específicas de cada setor”, afirma o presidente da Fiergs, Claudio Bier.

Além segundo a Fiergs, a PEC prejudica a continuidade operacional, especialmente em setores essenciais que dependem de turnos contínuos e outros cuja produtividade também está atrelada a um ritmo de trabalho sem interrupções. Outro entendimento é de que, com o aumento da necessidade de contratação, este custo será repassado aos consumidores, ou as empresas seriam desestimuladas a contratar.

Em nota, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), afirma a creditar que a PEC é “inadequada para o atual estágio de desenvolvimento do Brasil”. Para a entidade, a proposta é considerada bem mais complexa do que os números pressupõem. “Exige uma discussão extremamente profunda porque está relacionada com fatores como o ‘Custo Brasil’ e suas várias implicações, como elevada burocracia, altas cifras na admissão e demissão de trabalhadores, pequeno retorno da carga tributária em termos de prestação de serviços públicos e adequados, insegurança jurídica, deficiências na malha logística e na infraestrutura, entre outras. Todo esse conjunto determina a produtividade, crucial para o crescimento de um país e o bem-estar da sua população”, afirma a CDL POA.


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