O mercado ilegal por produtos de tabaco é considerado um dos mais afetados na economia brasileira e gaúcha por conta da ilegalidade. No mercado total, 20% dos cigarros comercializados no Rio Grande do Sul são oriundos do Paraguai – ou seja, a cada 10 consumidores de cigarro, dois consomem de produtos ilegais. Já no território nacional, o percentual vai a 32%, e são cerca de R$ 10 milhões de evasão anual. Desses 32%, são 26% de produtos do Paraguai, até mesmo com fábricas clandestinas no Brasil, com empresas devendo aos cofres públicos mais de R$ 25 milhões. O principal atrativo do cigarro paraguaio é o preço, comenta Fabiano Machado, head de Relações Institucionais da B.A.T. Brasil, indústria de cigarros brasileira, anterior Souza Cruz.
"Fora essa questão do impacto relacionado à tributação, o principal player desse segmento é o crime organizado. Além de uma questão de pauta de tributária, tem uma questão relacionada à segurança pública também, porque o produto começa a virar um commodity para a compra de outros produtos, como arma e droga, por exemplo", explicou ele durante coletiva de imprensa antes da tradicional reunião-almoço Tá na Mesa, da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul).
O encontro, que aconteceu nesta quarta-feira no Salão Nobre do Palácio do Comércio, debateu os impactos do descaminho e da falsificação na economia e na sociedade, e também contou com a presença de João Carlos Dal'Aqua, presidente do Sulpetro, sindicato que representa os postos de combustíveis do Rio Grande do Sul; Leonardo Dornelles, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-RS) e Paulo Geremia, presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha).
João Carlos Dal'Aqua, presidente do Sulpetro, pontuou que o faturamento total do setor setor de combustíveis está estimado em RS 1 trilhão, com arrecadação de impostos de R$ 215 bilhões e com 11% de participação no PIB nacional. Considerando a grandeza do setor no Brasil, segundo maior produtor mundial de biocombustíveis, ele destacou a importância de estar atento à qualidade do produto, já que o diesel tem 15% de biodiesel e, se não tem a adição desta quantidade, tem uma ilegalidade. "É um ganho vantajoso sobre quem pratica a ilegalidade. Fica bem complicado, porque esse produto é importado, ele não é feito aqui da refinaria para nossa usina", explica.
O presidente da Abrasel lembrou que o problema do descaminho de bebidas existe há muitos anos, com maior percentual voltado ao contrabando, entre 20 e 25%, mas que a adulteração é de 5%. Em relação aos casos de contaminação por metanol, Leonardo ressaltou que não houve casos no Rio Grande do Sul, e que a associação promoveu treinamentos para milhares de pessoas e profissionais do setor sobre procedência de bebidas, como identificar garrafas falsas e bebidas adulteradas. Um treinamento também foi promovido quando diversos estabelecimentos em Porto Alegre foram fechados por ações da Vigilância Sanitária.
A associação não tem informações sobre queda de presença de participação de clientes nos dois segmentos nesse período em função disso, apenas em bairros pontuais de São Paulo, que chegaram a 40 e 50%.
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“É bom que a vigilância venha ao nosso negócio, porque ela nos dá um selo de procedência em tudo que tem. Armazenamento e data de validade é tudo que impacta qualquer coisa negativa para um consumidor”, afirmou o presidente do Sindha. Ele destacou a importância de haver controle dentro de um restaurante mensalmente para que o negócio prospere.
“Não tem mais como ter qualquer mercadoria que não tenha a nota, que não tenha o custo”, disse. “O turista não quer ter problema na sua viagem, e nós sabemos o quanto estamos tendo turismo no Rio Grande do Sul. A questão da confiança é tudo o que precisa. Acho que o nosso setor está demonstrando confiança, e vamos seguir”, complementou.