Economia

Mercado de veículos cresce em setembro no Estado, mas projeta fechar 2025 com até 1,8% de queda

Crescimento foi impulsionado pela Expointer, mas crise no agronegócio é considerado um dos fatores para a queda no desempenho neste ano

Sincodiv-Fenabrave-RS apresentou balanço das vendas em setembro e projetou o resultado deste ano
Sincodiv-Fenabrave-RS apresentou balanço das vendas em setembro e projetou o resultado deste ano Foto : Camila Cunha

O mercado automotivo do Rio Grande do Sul registrou em setembro um aumento de 14,27% nos emplacamentos em relação a agosto, totalizando 17.080 unidades vendidas. O resultado foi apresentado pelo Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos (Sincodiv-Fenabrave-RS), durante coletiva de imprensa realizada na terça-feira (7).

De acordo com o presidente do Sincodiv-Fenabrave-RS, Jefferson Fürstenau, o desempenho de setembro foi positivo, mas o cenário ainda inspira cautela. “Nós tivemos um mês de setembro de recuperação, com crescimento de 14,23% em relação a agosto. Porém, no acumulado, o nosso número ainda é inferior ao nacional”, afirmou.

Conforme a entidade, o desempenho no mês reflete o impacto direto das promoções e condições comerciais da Expointer, que tradicionalmente movimenta o setor. Apesar da recuperação mensal, o Estado acumula no ano uma queda de 1,69% nas vendas, em relação ao mesmo período do ano passado, com 135.327 veículos novos emplacados. O desempenho é inferior à média nacional, que cresceu 7,46% no mesmo período.

Fürstenau lembrou que o Estado vinha em ritmo superior ao país no período pós-enchentes, mas perdeu fôlego a partir de março. “De março para cá, estamos perdendo para a média nacional. Comparando o trimestre de 2024 com o de 2025, tivemos uma queda acima de 10% no mercado”, acrescentou.

Segundo Fürstenau, a Expointer foi decisiva para o resultado do mês, especialmente no segmento de comerciais leves, que apresentou um salto de 75% nas vendas. “O comprador sabe que vai vir a Expointer, então segura a compra em agosto e fecha o negócio em setembro, aproveitando as promoções. E, como quase tudo no Rio Grande do Sul, o nosso setor também está ligado ao agro”, disse o presidente.

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Ele reforça que o agronegócio e as oscilações climáticas têm forte influência sobre as vendas. “Enquanto tivermos indefinição sobre o agro, com estiagem e cheias, teremos prejuízo na venda de veículos. O Estado ainda sente os reflexos da reconstrução e da retração de investimentos”, observou.

Um dos destaques do mês foi o avanço dos veículos eletrificados, que atingiram o melhor resultado da série histórica no Estado. Em setembro, 1.610 unidades foram emplacadas, representando quase 10% das vendas do mês. “Foi o recorde de vendas de veículos eletrificados no Rio Grande do Sul. O crescimento dos híbridos vem sendo mais rápido que o dos elétricos, mas ambos seguem em alta. Já são mais de 15% das vendas entre automóveis”, explicou Fürstenau.

No acumulado de 2025, o Estado soma 10.213 veículos eletrificados vendidos, crescimento de 59,78% em relação a 2024, mesmo em um mercado geral em queda. “O consumidor está se adaptando a essa possibilidade do veículo eletrificado. Ele já está entendendo as diferenças entre elétricos e híbridos, e as concessionárias se prepararam para isso. E temos as montadoras que estão vindo para o Brasil, praticamente só com veículos eletrificados, acreditando no crescimento desse mercado”, reforçou Fürstenau.

O dirigente estima que 2025 deve fechar com queda de 1,8% nas vendas, enquanto o mercado nacional deve encerrar com crescimento. Apesar da projeção ele apontou outubro como mês decisivo para o setor. “Temos 23 dias úteis em outubro, o que pode definir se vamos fechar com saldo positivo ou negativo. Se o crescimento continuar, há chance de reverter o cenário. Caso contrário, será difícil compensar, porque novembro e dezembro têm menos dias úteis e o mercado desacelera”, ponderou.

Fürstenau ainda avaliou os efeitos das condições do agro impactam o desempenho do setor. “A medida provisória de socorro ao produtor era esperada, mas ficou aquém das necessidades. Se o produtor compra menos insumo e planta menos, ele também compra menos veículo. E o transporte de grãos cai junto”, explicou.

Ele acrescentou que a lentidão nos processos estaduais também limita o avanço. “O Rio Grande do Sul ainda tem um atraso em relação a outros estados na parte de emplacamentos. Enquanto em outros lugares o veículo zero é registrado apenas com nota fiscal, aqui ainda é exigida vistoria. Essa burocracia trava um pouco o crescimento”, finalizou.

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