Mercados financeiros se recuperam após medidas massivas de apoio aos bancos

Os mercados registravam uma recuperação da confiança nesta sexta-feira (17), após uma semana que testou o setor bancário, com o alívio dos investidores pelo resgate de um grande banco nos Estados Unidos, o First Republic, e do Credit Suisse na Europa.

Depois de uma semana turbulenta, 11 gigantes bancários dos EUA se comprometeram na quinta-feira a resgatar o First Republic, acalmando os temores de outra falência após o colapso do Silicon Valley Bank, do Signature Bank e do Silvergate na semana passada.

A notícia foi comemorada pelo Federal Reserve, banco central dos EUA, e sustentou as operações na abertura dos mercados europeus nesta sexta-feira. Por volta das 9h00 GMT em Londres (6h00 no horário de Brasília), o índice FTSE 100 ganhava 1,5%.

Nos mercados da zona do euro, o DAX de Frankfurt subiu 0,89% e em Paris o CAC 40 subiu 0,72%. Em Madri, o Ibex-35 ganhava 0,68% no início da sessão.

As bolsas asiáticas encerraram em alta nesta sexta-feira, após a recuperação de Wall Street na véspera. Tóquio ganhou 1,2% no fechamento, Hong Kong 1,6% e Xangai 0,7%.

"As preocupações com o setor bancário diminuíram depois que os grandes bancos apoiaram o First Republic e depois que o SNB (banco central) lançou uma tábua de salvação para o Credit Suisse", disse Edward Moya, analista da Oanda.

Em um delicado equilíbrio entre combater a inflação e ajudar o crescimento, o Banco Central Europeu (BCE) reafirmou sua determinação em conter o aumento dos preços, com uma alta de 0,5 ponto nas taxas na quinta-feira.

A instituição europeia absteve-se de antecipar seus próximos passos, aguardando novos indicadores.

"O BCE está deixando todas as suas opções em aberto, aguardando decisões do Federal Reserve e do Banco da Inglaterra na próxima semana", disse Axel Botte, analista da Ostrum AM.

BCE e a situação dos bancos

O BCE convocou uma reunião de seu órgão de supervisão bancária da zona do euro nesta sexta-feira para "trocar pontos de vista" sobre o setor bancário após a turbulência dos últimos dias, disse uma fonte à AFP.

"O conselho de supervisão se reúne para discutir e analisar os eventos recentes no setor bancário", afirmou um porta-voz do BCE.

O presidente do Banco Central francês, François Villeroy de Galhau, disse nesta sexta-feira à rede BFM Business que "os bancos franceses e europeus são extremamente sólidos".

"Os bancos europeus não estão na mesma situação que alguns bancos americanos por uma razão muito simples, eles não estão sujeitos às mesmas regras", disse ele.

Desde 10 de março, uma série de falências de bancos nos Estados Unidos alimenta o temor de uma nova crise financeira como a de 2008, que desestabilizou a economia mundial.

Um indício do estresse financeiro é que os bancos americanos pegaram empréstimos de US$ 164,8 bilhões (cerca de R$ 871,5 bilhões no câmbio atual) de duas linhas de crédito do Fed nos últimos dias, segundo a agência financeira Bloomberg.