Ministério do Trabalho não aceitará formas perversas de relação com trabalhadores, diz Luiz Marinho

Ministério do Trabalho não aceitará formas perversas de relação com trabalhadores, diz Luiz Marinho

Comandante da pasta afirmou que não deseja adotar uma lógica de penalização

Luciamem Winck

"Trabalho escravo é um tiro no pé da atividade econômica e um tiro no peito do Brasil", afirmou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho

publicidade

“O trabalho escravo é um tiro no pé da atividade econômica e um tiro no peito do Brasil.” A declaração foi feita pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, durante audiência pública da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, no Teatro Dante Barone. O encontro, proposto pelo deputado Miguel Rossetto, teve como propósito discutir novas diretrizes para o trabalho no país. Marinho afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deseja adotar uma lógica de penalização e que está oferecendo a todos os empreendedores “uma boia” para que consertem suas falhas.

"Para os que insistirem nas práticas ilegais, o caminho será o rigor da lei e a lista suja do trabalho escravo, cuja inscrição afeta, entre outros fatores, o acesso a financiamentos em bancos oficiais. O governo quer construir acordos, mas não vai aceitar formas perversas de relação com a classe trabalhadora”, advertiu. Para uma plateia formada por sindicalistas, servidores públicos e terceirizados, o ministro alertou que não será fácil realizar as mudanças pleiteadas pelos trabalhadores. “Não basta a vontade política do governo. É preciso que a sociedade queira mudar, criando uma correlação de forças favorável. E para isso a mobilização e a pressão são fundamentais”, frisou.

O conselho vale tanto para a erradicação do trabalho escravo e infantil quanto para a alteração da legislação que trata das terceirizações, um dos pontos da pauta do movimento sindical. O proponente da audiência pública defendeu o reequilíbrio da relação entre capital e trabalho e a recuperação do conceito de trabalho digno, ou seja, com remuneração adequada e proteção social. Rossetto criticou as “terceirizações ilimitadas”, que, em sua opinião, estão longe de representar eficiência. O parlamentar defendeu o fortalecimento dos sindicatos.

Autoridades, deputados estaduais e federais e representantes dos trabalhadores se revezaram no microfone condenando o trabalho escravo, a Reforma Trabalhista, as terceirizações e a falta de regulamentação de novas profissões, como motoristas de aplicativos e entregadores. O procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, José de Lima Ramos, falou sobre a escravidão contemporânea, ressaltando que ocorre em todo o país. Ele alertou também que, muitas vezes, o trabalho análogo à escravidão “caminha junto com o tráfico de pessoas”.

O desembargador Cláudio Barbosa, representante do Tribunal Regional do Trabalho, afirmou que nas ações julgadas pelo órgão “pipocam” elementos como jornada exaustiva e condições de alojamento e alimentação precários e que a Reforma Trabalhista de 2017 favoreceu a precarização do trabalho e a informalidade. Já o secretário estadual do Trabalho e Desenvolvimento Profissional, Gilmar Sossela, revelou que o governo gaúcho instituiu o Projeto Legal para monitorar as terceirizações que ocorrem em épocas de safra e orientar os empreendedores.

O presidente da CUT/RS, Amarildo Cenci, afirmou que é preciso combater também formas precarizadas de trabalho que foram legalizadas pela Reforma Trabalhista, como o trabalho intermitente e atividades via aplicativos, marcadas pela inexistência de direitos trabalhista elementares.


Empreendedor criou negócio para oferecer a receita ‘perfeita’ de xis em Porto Alegre

Quinta unidade inaugurada desde 2020 tem no cardápio lanches, petiscos e pratos

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895