Novos ministros gregos tomam posse, mas obstáculos financeiros persistem

Novos ministros gregos tomam posse, mas obstáculos financeiros persistem

Tsipras realizou dez trocas para afirmar sua autoridade após votação de medidas dos credores

AFP

Tsipras (à direita) participa da posse de novos ministro

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Os novos ministros do governo grego foram empossados neste sábado, depois de uma remodelação destinada a afirmar a autoridade do primeiro-ministro Alexis Tsipras, enquanto a corrida continuava para impedir o risco de uma saída do país da zona do euro. O premiê realizou dez trocas em sua equipe para substituir os ministros e, sobretudo, vice-ministros, que votaram no Parlamento contra o primeiro pacote de reformas exigidas pelos credores em troca de nova ajuda financeira ao país.

O primeiro-ministro, no poder há seis meses, quis mostrar sua autoridade após uma votação extremamente tensa na madrugada de quinta-feira, durante a qual vários líderes do seu partido Syriza rejeitaram as reformas exigidas pelos credores. Mas, de acordo com vários comentaristas, esta remodelação superficial não será suficiente para evitar eleições legislativas antecipadas, talvez no outono.

Tsipras manteve o ministro das Finanças Tsakalotos Euclides, homem de ideias fortemente arraigadas, mas um negociador ponderado. Ele havia substituído o virulento Yanis Varoufakis, que renunciou em 6 de julho e que é agora porta-voz dos dissidentes. Varoufakis, que será o convidado de honra do retorno político do ex-ministro francês Arnaud Montebourg, declarou neste sábado à BBC que o novo plano de ajuda à Grécia, ainda não finalizado, "já está fadado ao fracasso."

A disposição do primeiro-ministro de se distanciar da ala mais radical do seu partido e o voto positivo do Vouli restabeleceram uma calma desconfortável com os parceiros europeus e credores, mas sem garantia de sobrevivência financeira a longo prazo.

Ajuda de emergência esgotada

A Grécia vai receber uma ajuda de emergência de 7 bilhões de euros que será imediatamente engolida, ou quase. Atenas deve reembolsar na segunda-feira mais de 4 bilhões de euros para o Banco Central Europeu e o mesmo junto ao Fundo Monetário Internacional. Uma nova corrida contra o relógio já começou para, além desta ajuda provisória, estabelecer o terceiro pacote de ajuda prometido ao país, de mais de 80 bilhões de euros durante três anos. Idealmente, isso deve ocorre antes de 20 de agosto, data de um reembolso pesado ao BCE.

Atenas não deve parar de provar a sua boa vontade: os seus deputados devem validar em 22 de julho, o mais tardar, uma reforma da justiça civil e transpor uma diretiva europeia sobre os bancos. A saúde do setor bancário grego continua a ser uma grande incógnita, enquanto os guichês devem reabrir na segunda. A porta dos bancos, fechada desde 29 de junho, não será mais do que entreaberta: o limite máximo de retirada permanecerá em 60 euros por dia, por medo de uma corrida bancária.

3 bilhões em danos

Há urgência em restaurar a circulação de dinheiro. Os controles de capital já custaram 3 bilhões de euros para a Grécia, fora o setor do turismo, de acordo com o jornal Kathimerini. As restrições afundaram o período de promoções do varejo, geralmente auspicioso para o comércio, e congelou as importações necessárias para o bom funcionamento da economia. De acordo com a Câmara de Comércio e Indústria de Atenas, citada pelo jornal, cerca de 4,5 mil contêineres estão em espera no porto devido à falta de regulamentação.

Outro teste será a implementação na segunda-feira dos aumentos do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA), aprovados pelo Parlamento, em um país onde a fraude fiscal é importante. Os alimentos não-perecíveis, restaurantes e transportes públicos serão os mais tributados. Mas não depende unicamente da Grécia afastar permanentemente o espectro de um "Grexit": os credores devem agir em conjunto.

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, continua a defender a sua proposta de exclusão temporária do país da zona do euro. Segundo ele, esse é um pré-requisito para aliviar a enorme dívida da Grécia, que representa quase dois anos de Produto Interno Bruto. O FMI e o BCE, apoiados por países como a França, consideram que este alívio da dívida, maior reivindicação do Syriza, tem de ser planejado como parte do novo plano de ajuda e mantendo a Grécia na zona do euro.

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