"O ambulante é a ponta final de uma cadeia do crime organizado", diz vice-prefeito de Porto Alegre

"O ambulante é a ponta final de uma cadeia do crime organizado", diz vice-prefeito de Porto Alegre

Conforme a prefeitura, combate ao comércio informal será intensificado no Quadrilátero Central após as obras

Kyane Sutelo

Convidados do MenuPOA, da ACPA, debateram as dificuldades da convivência com o mercado informal.

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Com mais de 445 mil trabalhadores informais, conforme a prefeitura, Porto Alegre enfrenta o dilema de como lidar com o intenso fluxo de ambulantes nas ruas e com a mudança de perfil desse comércio. As informações foram apontadas tanto pelo Executivo municipal como pela Receita Federal, na reunião-almoço MenuPOA, da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA). 

“Não é mais o muambeiro que pega o seu carro e vende alguma coisa para sustentar a família, são grandes redes internacionais organizadas. Inclusive, as maiores facções criminosas do Brasil, PCC e Comando Vermelho atuam muito forte nessa área”, afirmou o chefe de fiscalizações e auditor-fiscal da Receita Federal, Carlos Eduardo Dulac.

"O ambulante é a ponta final de uma cadeia do crime organizado", disse o vice-prefeito de Porto Alegre, Ricardo Gomes, que, assim como Dulac, foi convidado no evento. “Na avaliação da Associação Comercial de Porto Alegre, o que tem que ser aperfeiçoado é, principalmente, a fiscalização e repressão da clandestinidade econômica em nossa cidade”, disse a presidente da ACPA, Suzana Vellinho.

Segundo o vice-prefeito, o combate a esse tipo de crime será intensificado após a conclusão das obras do Quadrilátero Central, visto que a região do Centro Histórico é apontada como a de maior incidência. Ele afirmou que o POP Center não é uma solução definitiva e apresentou outras ações, como a contratação de 61 guardas municipais, com previsão de início para janeiro de 2024, instalação de novas câmeras e a colocação de um posto da Guarda Municipal na Praça XV de Novembro.

Também convidado na ocasião, o presidente do Sindilojas, Arcione Piva, apresentou a taxa de informalidade no Estado, que é de 32,8%. O dado complementa o cenário exposto pela presidente da ACPA: entre 2011 e 2022, Porto Alegre registrou perda de 42.186 empregos formais, com base na Relação Anual de Informações Sociais. O vice-presidente de Relações Varejo da ACPA, Eduardo Oltramari, que mediou o debate, avaliou a pandemia como um agravante.

Para o representante do Sindilojas, a solução não é o descarte do trabalhador informal. “Muitos deles estão ali por falta de opções e têm família para sustentar”, argumentou. O objetivo, na visão de Piva, é capacitá-los para a formalidade, evitando o fechamento de postos de trabalho formais, oque afirmou que a entidade faz, por meio de cursos.

A prefeitura também afirma atuar na qualificação de quem realiza comércio e serviços de forma irregular, por meio do programa Cidade Empreendedora do Sebrae e em parceria com a Besouro - Agência de Fomento Social. Além disso, o vice-prefeito destaca que a desburocratização para abertura de negócios formais também é um incentivo à legalização.


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