Para conter inflação, juros básicos podem ter maior alta em 21 anos

Para conter inflação, juros básicos podem ter maior alta em 21 anos

Qualquer elevação da Selic em mais de 1 ponto percentual será a maior desde o salto de 3 pontos percentuais do fim de 2002

R7

Reunião do Comitê de Política Monetária, que define a taxa de juros, começa nesta terça

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne na próxima semana para decidir qual será a taxa básica de juros vigente na economia brasileira até o final de outubro. Com os recentes saltos da inflação, algumas projeções já sinalizam para a maior alta da Selic desde 2002.

A decisão pela variação recorde após quatro avanços consecutivos dos juros, que levaram a Selic ao atual patamar de 5,25% ao ano, deve levar em conta as surpresas trazidas pela alta disseminada da inflação dos últimos meses.

Somente em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,87% e registrou a maior alta para o mês dos últimos 21 anos. No acumulado dos últimos 12 meses, a variação dos preços encostou nos 10%, patamar já superado em oito capitais brasileiras.

A alternativa pela elevação da taxa de juros é o instrumento de política monetária mais utilizado para reduzir a inflação. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam outras alternativas de investimento.

Nesta terça-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que o plano da autoridade monetária para combater a inflação mira horizonte mais longo e vai "fazer o que for necessário" para devolver o índice de preços à meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Ainda assim, ele disse que o BC não terá reações precipitadas a cada novo dado inflacionário.

"A gente tem um instrumento na mão que vai ser usado da forma como ele precisa ser usado e a gente entende que a gente pode levar a Selic até onde precisar ser levada para que a gente tenha uma convergência da meta no horizonte relevante", afirmou Campos Neto em evento do banco BTG Pactual.

Entre as instituições financeiras ouvidas pelo BC, a mediana das expectativas até o final da semana passada apontam que a Selic vai subir para 6,25% ao ano, resultado de uma nova variação de 1 ponto percentual. No entanto, já existem apostas de que a alta dos juros será de até 1,5 ponto percentual, o que elevaria a taxa básica de juros a 6,75% ao ano.

O superintendente da assessoria econômica da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Everton Pinheiro de Souza Gonçalves, avalia que o veredito do BC deve elevar a taxa Selic em 1,25 ponto percentual na próxima quarta-feira, para 6,5% ao ano.

"A deterioração do balanço de riscos em relação à reunião anterior para inflação exige um aperto maior. Desse modo a nossa expectativa é de aumento de 1,25 ponto. Além disso, devem ocorrer mais elevações nas próximas reuniões do Copom, fechando o ano em 8,5%", prevê Gonçalves.

Desde o início do século, a Selic só subiu mais de 1 ponto percentual em duas oportunidades, em junho de 2001 (de 16,75% ao ano para 18,25% ao ano) e em dezembro de 2002 (de 22% ao ano para 25% ao ano).

Em posição semelhante à do último relatório Focus, a chefe de economia da Rico, Rachel de Sá, afirma que o Copom deve manter o mesmo ritmo do último encontro e elevar a Selic para 6,25% ao ano, o que resultaria em um novo aumento dos juros nas próximas reuniões do grupo.

"Por enquanto, a nossa visão é de que a Selic vai terminar o ano em 7,25% ao ano, mas essa projeção tem viés de alta, que estamos observando com bastante cuidado, porque não achamos que o Banco Central precisa acelerar o passo das movimentações", afirma Rachel.


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