Parlamento grego aprova primeiras reformas para novo plano de ajuda

Parlamento grego aprova primeiras reformas para novo plano de ajuda

Segundo uma primeira estimativa, o texto passou por 229 votos a favor

AFP

Segundo uma primeira estimativa, o texto passou por 229 votos a favor

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O Parlamento grego aprovou nesta quinta-feira uma série de duras reformas apresentadas como condição pelos credores da Grécia, abrindo caminho para um novo plano de ajuda, apesar de algumas baixas no campo do premiê Alexis Tsipras.
Segundo uma primeira estimativa, o texto passou por 229 votos a favor, seis abstenções, e 64 contra as medidas, sobretudo, as altas do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e a reforma das aposentadorias.

Entre os congressistas que votaram contra, estão o ex-ministro da Economia Yanis Varoufakis e a presidente do Parlamento, Zoé Konstantopoulou. Pelo menos 32 deputados do Syriza, o partido de esquerda radical do Tsipras, rejeitaram as reformas.

O governo contou, porém, com os votos favoráveis do aliado partido nacionalista ANEL, assim como da oposição.
A apresentação do texto na Casa provocou tensões no Syriza antes mesmo de ir à plenária para ser votado.

A deputada e ministra adjunta da Economia, Nadia Valavani, renunciou ao cargo, depois de entregar uma dura carta a Tsipras. "A solução que nos foi imposta hoje, de uma forma tão deprimente, não é viável. Nem para eles (Europa), nem para o povo (grego), nem para o país", declarou Nadia.

Tsipras já deu a entender que os bancos, fechados desde 29 de junho, poderão continuar nessa situação por pelo menos um mês, até o acordo final sobre o terceiro resgate.

Os Estados-membros da zona do euro exigiram da Grécia que adote essas primeiras medidas antes de pôr em andamento um terceiro plano de ajuda, de pelo menos 80 bilhões de euros, por três anos.

Durante defesa das reformas, Tsipras voltou a afirmar que não concorda com as medidas, mas insistiu em que o país não tinha outra escolha. As alternativas seriam, segundo Tsipras, um default caótico da Grécia, ou a exclusão (ainda que temporária) da zona do euro, sugerida pela Alemanha.

Adotado pelo Parlamento francês, o texto ainda deve ser ratificado por Finlândia e Alemanha, entre outros, dois países que defendem a linha-dura com a Grécia.

Este documento reforça a austeridade rejeitada pela população em referendo convocado pelo premiê e realizado em 5 de julho passado.

Uma pesquisa do instituto Kapa Research para o jornal "To Vima" revelou que, mesmo bastante divididos quanto aos termos do acordo, 70,1% dos gregos consideram que o Parlamento deve adotá-lo.

Protestos deixam feridosAlém de transcorrer em um ambiente bastante tenso, a votação foi precedida por protestos reprimidos com gás lacrimogêneo pela polícia, do lado de fora do Parlamento.

No início do debate parlamentar, manifestantes lançaram coquetéis molotov e pedras contra a polícia, que respondeu com violência, na quarta-feira à noite, na praça Syntagma de Atenas, a poucos metros do Congresso.

Depois de um protesto de cerca de 12.000 pessoas contrárias ao acordo, vários jovens mascarados e com capacete enfrentaram a polícia. Os agentes responderam com gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.

Caixas eletrônicos também foram destruídos.
No bairro turístico de Plaka, aos pés da Acrópole, houve mais confrontos entre policiais e jovens, que atearam fogo a pelo menos dois veículos.

Perto da estação de metrô de Acrópole, pontos de ônibus e vitrines de lojas também foram danificados.
Quatro policiais e dois fotógrafos da AFP ficaram levemente feridos. Segundo a polícia, 40 pessoas foram detidas.
"Não às privatizações, salvemos os portos, a (Companhia Nacional de Energia Elétrica) DEI, os hospitais!", dizia uma faixa colocada diante do Parlamento.

"Estou aqui, porque o governo não respeitou nosso voto de 5 de julho (data do referendo), nem o que vivemos há cinco anos. Eu me formei e não consigo trabalho, apenas horas mal pagas", desabafou Heleni, de 28 anos, que protestava ao lado da extrema-direita.

"Não temos mais dinheiro. Milhões de pessoas estão desempregadas. Não vamos aguentar um terceiro plano", lamentou Maria Dimitrae, caminhando com os militantes do Partido Comunista KKE.

Durante os debates parlamentares, o ministro grego da Economia, Euclide Tsakalotos, admitiu que "não é um bom acordo", mas que o governo "não teve escolha". Qualquer outra medida, precipitaria a Grécia para fora do euro.

Além disso, a greve de 24 horas do funcionalismo público afetou o transporte e o atendimento nos hospitais.

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