Petrobras nega que haja estudo para criação de novo fundo reserva

Petrobras nega que haja estudo para criação de novo fundo reserva

Empresa enfrenta crise por retenção de dividendos

Estadão Conteúdo

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A Petrobras informou nesta quarta-feira, 13, que não há qualquer estudo para criação de uma nova reserva. O posicionamento da companhia se dá após rumores de que a empresa estaria estudando a criação de um novo fundo para receber dividendos extraordinários com foco em investimentos.

A Petrobras perdeu, na última semana, R$ 56 bilhões em valor de mercado depois de anunciar a não distribuição de dividendos extraordinários que eram aguardados por acionistas. As desconfianças do mercado sobre a gestão da estatal aumentaram porque, na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma entrevista em que defendia uma redução nos repasses. Para entender esse movimento, o Correio do Povo consultou o economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS Gustavo Inácio de Moraes.

Veja o que ocasionou a crise e as possíveis consequências

- Ao reportar lucro líquido de R$ 31 bilhões no quarto trimestre de 2023, a Petrobras informou que não pagaria dividendos extraordinários do período por decisão do conselho de administração.

- Dividendos são a remuneração dos acionistas, quando a empresa tem lucros.

- Decisão da Petrobras de não distribuir os dividendos é o equivalente a não repartir os lucros com seus sócios.

- Os recursos obtidos de lucro são extraordinários e não são obrigatórios de serem divididos.

- Ainda que amparada na legislação, a decisão é fruto de embate no conselho de administração da empresa.

- Sem a distribuição, o dinheiro da estatal deve ficar em caixa para possíveis investimentos.

- A consequência é a diminuição da perspectiva, por parte do investidor, de obtenção de retorno com a companhia.

- A tendência, portanto, é que seja ampliada a venda de ações, ocasionando a queda de valor no mercado.

- Outra consequência é que o governo federal, como acionista de 50% da estatal, deixará de receber recursos, diminuindo o resultado fiscal e dificultando o equilíbrio de contas públicas.

- Reduz ainda a credibilidade da bolsa de valores, como instrumento de investimento para o grande público.

Bolsa de valores e reflexo em outras empresas

Na semana passada, as ações fecharam em baixa de 10,5%. No entanto, nesta terça-feira, houve leve recuperação, com alta de 3,28% nas ações preferenciais. A diretoria da Petrobras havia enviado ao Conselho de Administração proposta para pagar 50% dos dividendos extraordinários e reter os demais 50%. Porém, o conselho decidiu propor a retenção de todo o valor extraordinário em um fundo de reserva que, segundo o estatuto da própria companhia, deve ser usado para remunerar os acionistas ou, caso necessário, para cobrir possíveis prejuízos.

Para o economista Gustavo Inácio de Moraes, a crise revela uma influência política na empresa, o que traz insegurança no mercado. Na prática, a perspectiva de se ter um retorno com a companhia diminui para os acionistas. Por isso, a tendência é que os investidores vendam ações da Petrobras, ocasionando a queda de valor no mercado. “Diminuiu também a credibilidade da bolsa de valores, como instrumento de investimento e de poupança, para o grande público”, destaca.

Segundo ele, a crise afeta ainda instituições em que o governo tem participação nas decisões, como a Vale, que, apesar de não ser mais estatal, tem a presença de estado, por meio de fundos de pensão do Banco do Brasil e da Petrobras. “Atinge outras empresas também, visto que, no caso da Vale, o governo tenta forçar a indicação de um representante”, destaca. Nesta terça, um conselheiro da Vale renunciou alegando “influência política”. José Luciano Duarte Penido citou “conflitos de interesse” na escolha do CEO da empresa.

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