Política monetária não será usada para controlar o câmbio, reafirma presidente do Banco Central

Política monetária não será usada para controlar o câmbio, reafirma presidente do Banco Central

Países emergentes, como Argentina, adotaram essa estratégia recentemente

AE

Ilan também disse que política monetária é separada da política cambial

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O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reafirmou nesta sexta-feira que a política monetária não será usada para controlar a taxa de câmbio. O comentário, que já havia sido feito por ele na noite de quinta, durante coletiva de imprensa, surge após avaliações no mercado financeiro de que o BC poderia elevar a Selic (a taxa básica de juros) para conter a escolada do dólar ante o real.

Alguns países emergentes, como a Argentina, adotaram essa estratégia recentemente. "O regime é de câmbio flutuante, e tem sido nossa primeira linha de defesa", disse Ilan Goldfajn. "A política monetária é separada da política cambial. Não há relação mecânica entre as duas", acrescentou. Conforme o presidente do BC, a política monetária "olha para projeções e expectativas de inflação e seu balanço de riscos e não será usada para controlar a taxa de câmbio".

Ao mesmo tempo, Ilan Goldfajn reiterou que as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) são sempre tomadas a cada reunião, o que ocorre a cada 45 dias. Estes comentários de Goldfajn foram publicados na manhã desta sexta pelo Banco Central em seu site. Eles serão proferidos nesta mesma data em dois eventos em São Paulo: uma conference call com investidores internacionais organizada pelo Bradesco e uma palestra no Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef-SP). A íntegra dos apontamentos está disponível online.

Swaps no curto prazo

O presidente do Banco Central reafirmou que a instituição vai intensificar o uso de swaps no curto prazo. "Iremos oferecer US$ 20 bilhões até o final da semana que vem, em adição aos US$ 750 milhões diários já planejados", disse. Além disso, segundo ele, o BC poderá ir, em suas atuações com swap, além dos níveis verificados no passado, quando a posição vendida da instituição chegou a US$ 115 bilhões. Atualmente, esta posição está próxima de US$ 38 bilhões.

Ilan Goldfajn reafirmou ainda que o BC tem atuado para prover liquidez com swaps e, juntamente com o Tesouro, tem dado liquidez ao mercado de juros. "O BC e o TN vão continuar oferecendo de forma coordenada liquidez, seja no mercado de câmbio, seja no mercado de juros", acrescentou. Ao mesmo tempo, afirmou que o Brasil tem amortecedores robustos, fundamentos sólidos e encontra-se mais preparado para lidar com choques externos. Comportamento volátil O presidente do Banco Central avaliou que o mercado apresenta "comportamento volátil, com uma piora na percepção dos agentes internacionais em relação ao cenário global". "Esta percepção tem provocado pressões sobre várias economias emergentes", acrescentou.

De acordo com o presidente do BC, o diagnóstico é de que há um choque externo afetando cada país, de acordo com suas características particulares. Ilan Goldfajn pontuou, por outro lado, que o Brasil tem "amortecedores robustos, fundamentos sólidos e encontra-se mais preparado para lidar com choques externos". Ele citou o balanço de pagamentos em "situação confortável" e as reservas internacionais, próximas de US$ 380 bilhões. As reservas, conforme Goldfajn, foram "acumuladas em um período externamente favorável, funcionam como um seguro e nos têm possibilitado passar por choques de diversas naturezas ao longo destes últimos anos, sem que os fluxos internacionais de comércio e de capitais fossem fortemente abalados".

Segundo ele, o atual estoque de swaps também é um fator importante para "garantir nossa habilidade para enfrentar choques e volatilidades". "Temos também um ambiente com inflação corrente baixa e expectativas ancoradas." Em outro momento, Ilan Goldfajn reforçou mensagem já presente em outras comunicações de que o Copom, em seu próximo encontro, levará em consideração que o impacto de choques recentes sobre a política monetária ocorrem através dos seus efeitos secundários sobre a inflação. "Esses efeitos tendem a ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas e projeções de inflação ancoradas nas metas", acrescentou.

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