Poupança tem saques líquidos de R$ 1,605 bi em julho

Poupança tem saques líquidos de R$ 1,605 bi em julho

Renda estagnada e desemprego alto fizeram com que famílias brasileiras voltaram a retirar recursos da caderneta

AE

publicidade

Em um ambiente de renda estagnada e desemprego ainda alto, as famílias brasileiras voltaram a retirar recursos da caderneta de poupança em julho. Dados do Banco Central mostram que, no mês passado, os saques líquidos somaram R$ 1,605 bilhão. Em junho, haviam sido registrados depósitos líquidos de R$ 2,498 bilhões. A saída líquida de recursos da poupança foi verificada em cinco dos sete primeiros meses de 2019: janeiro (R$ 11,232 bilhões), fevereiro (R$ 4,020 bilhões), abril (R$ 2,878 bilhões), maio (R$ 718,7 milhões) e, agora, julho (R$ 1,605 bilhão).

Neste cenário, a retirada líquida de recursos em 2019 até julho já soma R$ 16,105 bilhões. Este movimento ocorre em um ambiente de fraqueza da economia e alto desemprego. Com menos dinheiro para fechar as contas, muitas famílias voltaram a recorrer este ano aos recursos depositados na caderneta para fazer frente às despesas mensais. A situação tem semelhanças com o que ocorreu nos anos de 2015 e 2016, quando a recessão econômica provocou a saída líquida de cerca de R$ 95 bilhões da poupança. Em 2017 e 2018, houve certa reação, com a poupança recebendo depósitos líquidos de R$ 55 bilhões.

Em 2019, os saques voltaram a se intensificar. Apenas em julho deste ano, os saques brutos somaram R$ 214,609 bilhões, superando os depósitos brutos de R$ 213,004 bilhões. Considerando a saída líquida de R$ 1,605 bilhão e o rendimento de R$ 3,021 bilhões visto no mês, o estoque na caderneta de poupança passou a R$ 802,063 bilhões no fim do mês passado. Além da necessidade das famílias, a caderneta tem sido impactada pela baixa rentabilidade da aplicação em relação a outras disponíveis no mercado.

Na prática, muitos investidores têm preferido alternativas mais rentáveis para aplicar. Atualmente, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros da economia). A Selic, por sua vez, está em 6,00% ao ano, no menor patamar da história. Esta regra de remuneração vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).

Esta remuneração, mais elevada, deixou de valer em setembro de 2017, quando a Selic passou para abaixo do nível de 8,50%. Não bastassem as dificuldades para fechar as contas, os brasileiros também não possuem o hábito de poupar. Dados do Banco Mundial mostram que, em 2017, apenas 32% dos brasileiros com mais de 15 anos de idade guardaram alguma quantia de dinheiro - seja na caderneta, seja em qualquer outra aplicação financeira. A média global é de 48% e nos países de alta renda o porcentual é de 73%.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895