Quais são os principais impactos da dívida bilionária da Americanas?
Alfredo Cotait Neto, presidente da ACSP, analisa a situação da empresa e crê em solução viável, mas difícil
publicidade
O presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Alfredo Cotait Neto, analisou os principais impactos que a dívida de R$ 43 bilhões da Americanas deixará no mercado brasileiro. Em evento nesta quinta-feira, Cotait disse que provavelmente os problemas financeiros da gigante do varejo vêm desde a pandemia, que afetou o setor gravemente.
O primeiro impacto, de acordo com ele, deve acontecer no âmbito das outras empresas do ramo, já que, por ser uma das maiores varejistas do país, a Americanas pode arrastar essa crise para as outras, ainda que acredite que uma solução seja encontrada. "Americanas são líder do varejo e, na hora que chega a esse ponto de dívida, há um impacto negativo no contexto do varejo. Acredito que alguma solução será encontrada, mas de qualquer forma o impacto é significativo", analisa.
O segundo impacto é decorrente da própria dívida, que é muito alta. Ele diz que esses R$ 20 bilhões foram financiados pelos principais bancos do país, inclusive os estatais. Então, os bancos têm esse problema a resolver e a cadeia financeira pode ser um problema, já que a dívida está financiada e um possível calote pode acontecer. A solução, por mais que exista, pode demorar anos para ser encontrada. "Agora é preciso ver como irão tratar esse calote que pode surgir das Americanas", diz.
O terceiro, e mais grave de acordo com o presidente, é sobre os pequenos acionistas, a quem considera serem os grandes perdedores, já que existem pessoas que tinham suas reservas em fundos de ações que continham ações da empresa, que despencaram.
São pessoas que tinham poupanças, investimentos baixos, mas importantes e contavam com esse dinheiro para despesas pessoais e reservas de emergência que perderam boa parte do montante. A crise piora justamente porque a Americanas é uma gigante do ramo e quando as pessoas escolhem onde investir, escolhem as maiores, geralmente mais confiáveis e seguras. "As pessoas acreditam que os balanços estão corretos e a auditoria também, então se os pequenos se organizarem, podem responsabilizar a gestão da empresa e tentar rever suas perdas", explica Cotait.
Sobre a operação, ele considera que ela continua, mas há uma crise de imagem grave que precisará de solução. Isso porque os clientes provavelmente migrarão para outras lojas e empresas do ramo deixarão de confiar nas Americanas. Com o tempo, porém, crê que essa crise passará e a solução será encontrada, por mais díficil que seja. "A imagem das Americanas ficará extremamente chamuscada, então precisaremos de alguns anos para reconstruir a imagem da empresa dentro da própria clientela", conclui.