Qualificação é um problema no mercado de trabalho, aponta Dieese
Pesquisa mostra que 13 setores da Região Metropolitana necessitam investimento em capacitação
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Em função da falta de capacitação, as agências de emprego seguem repletas de candidatos, mesmo com aumento no número de empregados contratados. Um exemplo dado pelo Superintendente Regional do Trabalho no RS, Eron Oliveira, esclarece parte do problema: “Uma multinacional anuncia 100 vagas para a área de limpeza no SINE, em Porto Alegre. São encaminhados para seleção 500 candidatos. Apenas um foi contratado. Por quê? Os outros, na grande maioria, eram analfabetos e não poderiam ler os rótulos de embalagens que continham produtos químicos”.
Para o superintendente, não é possível admitir que o Brasil - sexta economia mundial - permaneça com profissionais despreparados. “É preciso redimir essa chaga com cursos mais focados nestas funções”, avaliou.
Conforme dados levantados durante os quatro anos da pesquisa, não há o chamado “apagão da mão de obra” no País. O que ocorre é que não existem mais tantos profissionais dispostos a aceitar qualquer vaga ou salário para estar empregado. “Quem tem qualificação não se sujeita mais a baixos salários ou cargos aquém daquilo que se preparou. Claro que há setores com escassez, mas existem outro com abundância de vagas, como a construção civil e a indústria naval, por exemplo”, explicou a coordenadora nacional da PED, Lúcia Garcia. É essa mudança, somada à falta de capacitação que o empresariado vem sentindo e chamando de "apagão”, de acordo com a economista.
Ao mesmo tempo que falta capacitação profissional para essas áreas específicas, o País forma profissionais de forma acelerada, talvez mais do que o mercado possa absorver. Conforme a coordenadora, na década de 90 os empresários escolhiam empregados em uma enorme fila. Hoje, o trabalhador também faz a seleção das vagas que pretende ocupar. E salários são quase sempre o principal motivo de recusa.
Na Capital e Região Metropolitana, há maior demanda por qualificação entre os gerentes administrativos, financeiros e de riscos, técnicos de venda especializadas, representantes comerciais e compradores, garçons, profissionais na manutenção e conservação de prédios, porteiros, vigias, vendedores em domicílios, cozinheiros, costureiros, motoristas e operadores de equipamentos de cargas, caldeireiros na indústria metal-mecânica, trabalhadores de carga e descargas de mercadorias, trabalhadores em estrutura de alvenaria na construção civil e mecânicos de manutenção de veículos e máquinas. O estudo também foi realizado nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Recife, Fortaleza e Distrito Federal.