Quase metade dos bares e restaurantes praticam a circularidade, revela pesquisa

Quase metade dos bares e restaurantes praticam a circularidade, revela pesquisa

Relatório aponta que 48% de pequenos estabelecimentos adotam redução de perdas, gestão sustentável e reaproveitamento de alimentos

Correio do Povo

Especialista dá algumas dicas para donos de estabelecimentos que desejam adotar práticas circulares

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Quando o assunto é práticas sustentáveis nos negócios, os donos de pequenos bares e restaurantes dão exemplos ambientalmente responsáveis. De acordo com o Diagnóstico de Economia Circular 2023, pesquisa da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) em parceria com o Sebrae, bares e restaurantes de menor porte (MEI, ME e EPP) foram os mais bem avaliados em práticas de gestão sustentável que vão da redução de perdas, uso consciente de recursos e reaproveitamento de resíduos. O motivo é a redução de custos.

Na pesquisa realizada com mil empresários de todo o Brasil, pouco menos da metade (48%) disse que a motivação para adotar práticas circulares é própria, superando de longe a influência de clientes (20%), exigências de parceiros (12%), fornecedores (11%) ou investidores (11%).

Para Edson Grandisoli, coordenador pedagógico do Movimento Circular, a pesquisa revela que a Economia Circular faz parte da cultura empreendedora porque o conceito já é aplicado na vida pessoal dos empresários.

“Existe a mescla de mentalidade que faz parte dos princípios pessoais e empresariais. Mas temos que olhar para o resultado das práticas circulares, pois elas mostram que ser mais sustentável nem sempre significa aumentar gastos, pelo contrário. No caso de bares e restaurantes, ela está muito relacionada à queda dos custos de operação e isso mostra que dá para unir sustentabilidade com eficiência econômica, inspirando outros setores a fazer o mesmo.”

Muito resíduo orgânico
Entre as práticas circulares destacadas por Edson está a gestão de resíduos, como a substituição de produtos descartáveis por duráveis e uso integral de alimentos nas receitas. “Em média, 50% do resíduo produzido no dia a dia dos restaurantes é orgânico. E quando você dá uma destinação diferente do lixo comum, está dialogando com a Economia Circular.”

A compostagem de resíduos também é uma prática destacada. Para um restaurante, uma composteira elétrica (que transforma os resíduos em biogás) pode ser um investimento interessante, acrescenta o coordenador.

“Claro que é preciso levar em conta a capacidade de investimento dos restaurantes para essa tecnologia. Mas ela está em franco desenvolvimento e, dependendo da escala produzida de biogás, pode ser usada para gerar energia. Esperamos que logo se torne acessível.”

Dicas circulares
Para bares e restaurantes que desejam adotar práticas circulares, Edson dá algumas dicas:

1) Informe-se
O primeiro passo é entender os conceitos de Economia Circular e como eles se aplicam ao negócio. Além da teoria, é recomendável se informar com parceiros, fornecedores e todos que estiverem envolvidos na circularidade, disse Edson. “É conversar com pessoas, entender o que estão fazendo, o porquê e qual o payback a curto, médio e longo prazos.”

2) Avalie adaptações
Entendendo as ideias da circularidade, a etapa seguinte é fazer as adaptações possíveis para o modelo circular. Tudo pode ser incluído, como a gestão e melhorias operacionais, além do relacionamento com fornecedores. Alguns exemplos são o aproveitamento da água de chuva para reúso, uso integral de alimentos no cardápio e combate ao desperdício.

3) Escolha a circularidade
Na medida do possível, dê preferência a parceiros circulares. Como observa Edson, a circularidade tem a ver com escolhas, como buscar um fornecedor local de verduras e legumes produzidos de forma ecológica. “Pode ser um pouco mais caro, por isso é importante avaliar a questão financeira. Mas, ao escolher um parceiro agroecológico local, você deixa de trazer comida de outro município, por exemplo, e valoriza outro negócio circular.”

4) Compartilhe valores
Um dos princípios da circularidade é a criação de uma cadeia de corresponsabilidade, que inclui o negócio, fornecedores, clientes e investidores. Para isso, é preciso compartilhar ideias e valores frequentemente com todos os participantes do ecossistema, destaca Edson.

“O princípio dessa cadeia é nunca ficar sozinho. É preciso compartilhar o olhar da circularidade, informações e novas práticas com todos:clientes, fornecedores e, inclusive, os colaboradores. Não adianta ter pessoas trabalhando em um negócio circular que não compreendem o porquê daquele processo ser realizado. É importante formar colaboradores conscientes não só para a atividade, mas para a sociedade e buscar parceiros que sigam valores circulares.”


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