Economia

Setores gaúchos redirecionam exportações para reagir às tarifas dos EUA

Produtores de tabaco, por exemplo, aumentaram os embarques para países como Indonésia e Suíça, compensando vendas que seriam para os americanos

Estudo mostrou que sete segmentos reagiram às sobretaxas impostas pelo governo americano
Estudo mostrou que sete segmentos reagiram às sobretaxas impostas pelo governo americano Foto : Fabio Scremin/APPA

Sete setores gaúchos conseguiram redirecionar as vendas que seriam feitas para os Estados Unidos para outros mercados no último trimestre: tabaco, armas e munições, veículos, borracha, obra de pedra, ferro / aço e móveis. O economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, elaborou um estudo técnico sobre como dez segmentos reagiram às sobretarifas americanas para produtos do Brasil.

Quando observado o desempenho das exportações do RS para o resto do mundo, excluindo as vendas para os Estados Unidos, as exportações de tabaco, por exemplo, aumentaram 61,5% para a Indonésia e 15.375% para a Suíça no bimestre de agosto e setembro em relação ao mesmo período de 2024.

Para fazer a comparação, a pesquisa criou um cenário em que não houvesse o tarifaço americano e extrapolou a tendência para os meses que as sobretaxas começaram.

“O tarifaço começou em agosto, mas de fato, em julho já gerou um comportamento diferente nos agentes econômicos, porque alguns conseguiram antecipar os embarques. Procuramos ver o que seria esperado para os meses de julho, agosto e setembro e comparamos com o que realmente aconteceu”, explicou Frank.

Dessa forma, foi visto que os sete setores apontados conseguiram compensar parte relevante, ou de forma integral, as perdas dos embarques com destino aos Estados Unidos.

Conforme o economista, os resultados sugerem que o impacto das tarifas não foi uniforme. Produtos com demanda internacional diversificada mostraram mais sucesso no redirecionamento de, ao menos, parte das exportações dos Estados Unidos para o resto do mundo. Por outro lado, aqueles dependentes de nichos regulados e com poucos compradores sofreram queda. Os segmentos madeira, calçados e alumínio apresentaram estimativas negativas, evidenciando perdas líquidas de mercado, mesmo excluindo as exportações americanas

A pesquisa realizada pela CDL POA e divulgada ontem também apontou que o Rio Grande do Sul foi um dos estados mais impactados pelas tarifas, com alíquota média efetiva de 44,7%, acima da média nacional (34,6%). O efeito foi diferente entre as unidades da federação por causa da importância dos produtos que foram excluídos e da importância de cada um deles na pauta exportadora para os Estados Unidos entre janeiro e setembro de 2025.

Veja Também

Marketing x Vendas: Como acabar com a rixa e impulsionar resultados nas empresas

Alinhamento entre equipes ainda é desafio — especialistas do ecossistema de inovação do Instituto Caldeira discutem soluções práticas para integrar marketing e comercial