Sob comando feminino, startup já recolheu mais de 1,4 mil toneladas de resíduos

Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que 23% dos consumidores brasileiros afirmam ter modificado o seu comportamento de consumo em virtude de preocupações com o meio ambiente, deles, 41% consideram essas mudanças como definitivas. Segundo a pesquisa ‘Desenvolvimento Sustentável: marcas e publicidade no Brasil’, realizada em 2023 pela Teads, com apoio da Kantar, 8 a cada 10 brasileiros afirmam buscar o histórico das empresas em relação às práticas sustentáveis, antes de adquirirem um produto ou serviço.

A mudança na mentalidade da população não só influencia as decisões individuais de compra, mas também molda as estratégias das empresas, que cada vez mais necessitam adotar práticas sustentáveis em suas operações, produtos e serviços.

A exemplo da SOLOS, fundada em 2018 por Saville Alves, com propósito de incentivar soluções sustentáveis para auxiliar o meio ambiente e a redução de resíduos nas cidades, movimentando pessoas e empresas para o mesmo objetivo. Com seis anos de atuação, a iniciativa está presente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará e Pernambuco assinando iniciativas em parceria com grandes empresas, e também o poder público.

A startup promove a economia circular, com a facilitação do descarte das embalagens pós-consumo e reciclagem em três frentes de atuação: engajamento de quem gera os resíduos (através de conteúdos e experiências, usando uma linguagem simples que alcance a todos), gestão de resíduos em grande eventos (com a implementação de infraestrutura e gestão de dados para gerar eficiência na coleta) e um sistema inteligente de coleta (com soluções definitivas para a gestão de resíduos nos espaços).

Um dos projetos é o Central de Reciclagem no Carnaval, ação que reúne números referentes à coleta seletiva, reciclagem e inclusão social e produtiva durante os festejos. Somente em 2024, durante o Carnaval de Salvador, foram coletadas 135 toneladas de resíduos, gerando R$ 880 mil em renda para os catadores autônomos cadastrados.

Saville explica que um dos intuitos principais da startup é reforçar a discussão sobre temáticas como consumo consciente, descarte correto de resíduos, reciclagem com a população e as organizações parceiras, tendo como exemplo o projeto Braskem Recicla. A iniciativa, realizada juntamente com a Braskem, conta com atividades lúdicas, jogos, exposições e dinâmicas, em um espaço criativo montado numa área de grande circulação de pessoas, para recolhimento de material reciclável e conscientização da população de forma interativa.

O projeto já aconteceu em diversas cidades do país, como Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo, e reúne dados importantes referentes à economia circular. Em 11 edições foram mais de 17 mil visitas aos stands, 107 toneladas de resíduos arrecadados e uma geração de renda superior a R$ 215 mil.

“Nosso grande sonho é fazer a reciclagem acontecer de forma justa e inclusiva. Para isso é importante a participação de todos e de cada um. As ações de mobilização que fazemos tem o objetivo de aproximar as pessoas do tema, de maneira simples, descontraída, desmistificar alguns tabus e preconceitos, em especial em relação aos catadores, e gerar engajamento e constância na mudança de atitude”, acrescenta a empresária.

A sócia-fundadora também destaca que o uso da tecnologia como aliada tem sido um objetivo chave para tornar acessível e democrático o descarte de resíduos recicláveis atrelado a inclusão social e produtiva. A startup desenvolveu um sistema inteligente de coleta através de triciclos elétricos, que realizam o delivery de reciclagem, operação de coleta seletiva porta a porta através de agendamento online.

Liderado por mulheres e com um grupo de colaboradores 80% feminino, a SOLOS sempre incentiva a participação feminina nos mais diversos cenários. O projeto Cidade Recicla inseriu mulheres como protagonistas da iniciativa, à frente do contato com o público e explicando os processos para o descarte correto no seu cotidiano, de forma lúdica e pedagógica. Com 12 edições realizadas, obteve-se 107 toneladas de materiais e renda para cooperativas de todo Brasil, além de mais de 17 mil participantes nas sete cidades do Sul, Sudeste e Nordeste que receberam a atração.

“Consciência de identidade é algo que é construído nas sutilezas e com constância. Tenho entendido o que é ser mulher: no mundo do negócios, no Brasil e em meio ao machismo; e como a minha personalidade, meus conhecimentos e minhas atitudes podem gerar conquistas coletivas, no mesmo passo que sei que outras mulheres fizeram um tanto para que eu pudesse liderar uma startup, mesmo os números apontando o contrário: apenas 4,7% das startups foram fundadas exclusivamente por mulheres, segundo Report Female Founders. Nosso time é formado amplamente por mulheres e cada uma têm uma série de atributos distintos, mostrando a complexidade e nossas capacidades que têm feito a SOLOS gerar resultados relevantes e construir relações verdadeiras”, enfatiza Saville.

Ao longo de cinco anos de trabalho, atuando em diversos estados, em parceria com 27 cooperativas, mais de 7 mil catadores, e grandes marcas, o trabalho realizado pela SOLOS gerou mais de 1,4 mil toneladas de materiais reciclados, mais de 3,6 milhões de reais em renda para cooperativas e catadores autônomos, além de diversas premiações.

A startup recebeu o Prêmio Nacional de Inovação no ano de 2023, foi um dos 25 negócios de impacto selecionadas para participar do programa de tração criado pelo BNDES, participou do programa de aceleração do Quintessa, maior aceleradora de impacto do Brasil, e a cofundadora Saville Alves, foi eleita em 2022, como uma das 20 mulheres mais inovadoras das AgTechs Brasil pela Forbes e atualmente integra a Rede de Líderes da Fundação Lemann, junto com personalidades como Eduardo Lyra, da Gerando Falcões, a Deputada Federal Tabata Amaral e a Governadora de Pernambuco, Raquel Lyra.

A SOLOS atua para que o cidadão descarte corretamente os resíduos recicláveis, os territórios tenham infraestruturas e logísticas de coleta mais eficientes, as cooperativas ganhem empoderamento financeiro, e a indústria garanta adicionalidade de massa reciclada, diminuindo o volume de matéria-prima virgem, proporcionando assim, uma vida melhor desde os catadores até as tartarugas marinhas.

“O Brasil é o quarto maior gerador de lixo do mundo e perde 14 bilhões de reais por não reciclar. Temos apetite como negócio para crescer nossa relevância no mercado e colaborar para a construção de um novo modelo que consiga ampliar os índices de reciclagem ao mesmo tempo que torne o lixo uma ferramenta de mobilidade social para quem está na base. Para isso, vamos ampliar nossa atuação territorial para todo o país, consolidar nossa atuação junto às grandes corporações e intensificar nossas operações junto ao poder público, que tem a capacidade de dar escala aos impactos gerados”, finaliza Saville Alves.