"Teremos 3 meses de deflação, mas batalha não está ganha", diz presidente do BC

"Teremos 3 meses de deflação, mas batalha não está ganha", diz presidente do BC

Roberto Campos Neto avalia que o mercado precifica uma queda contínua da inflação após pico em 10 meses já ter sido atingido

R7

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (6) que o Brasil terá três meses consecutivos de deflação, mas a batalha contra a elevação dos preços não está ganha. Segundo ele, a autoridade monetária não pensa em queda de juros neste momento, mas sim em finalizar o trabalho de convergência da inflação para as metas.

Segundo Campos Neto, como o Brasil iniciou o processo de alta de juros antes das demais economias do mundo, há uma expectativa do mercado de que o trabalho está feito e de que os juros devem começar a cair.

"A gente tem comunicado que não pensamos em queda de juros, mas finalizar o trabalho, que significa convergir a inflação. A gente entende que a inflação teve alguma melhora recente por medidas do governo. Tem uma outra melhora que vem acompanhada disso, mas há um elemento de preocupação grande. Vamos passar por três meses de deflação, mas batalha não está ganha", disse Camps Neto durante o evento Valor 1000.

O presidente do BC avalia que o mercado precifica uma queda contínua da inflação, enquanto ele divide esse processo em duas etapas, com uma redução inicial de preços de energia e alimentos.

"A gente olha no final, a inflação cheia está alta e núcleos estão subindo muito no mundo. A inflação começou com energia, alimentos e um pouco de serviços. E agora começa a contaminar toda a cadeia. Por isso eu digo que o mundo tem dificuldade na luta com a inflação. Os mercados quase que precificam que a queda da inflação será contínua e eu entendo que não", destaca.

O presidente do BC ainda afirmou que os governos das maiores economias do mundo têm adotado medidas para compensar o aumento da inflação de várias formas, com gastos entre 1,5% e 2% do PIB. "A principal pergunta hoje é se inflação vai continuar alta com desaceleração econômica no mundo. Os ativos podem sofrer uma reprecificação com Fed e com desaceleração global", disse.

Na avaliação de Campos Neto, a inflação em 12 meses no Brasil chegou ao pico no Brasil e começa a melhorar. Ele vê a ociosidade no mercado de trabalho é um dos pontos importantes para análise na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e não descarta "um possível ajuste final" da taxa Selic, atualmente em 13,75%..

"Temos tentado entender na parte de serviços o que pode ser a pressão de salários sobre a inflação. Temos a sensação de que a ociosidade no mercado de trabalho está diminuindo. A ociosidade no mercado de trabalho é um dos pontos importantes para próximo Copom. É preciso entender as implicações da queda na ociosidade no emprego para a inflação de longo prazo", declarou.

Projeções

"A gente está em um processo de revisões para cima. Vamos ver um processo de revisão para cima de PIB do Brasil de 2022. A parte de emprego é o grande destaque e surpresa. A gente vai para uma taxa para perto de 8,5%. Isso tem sido uma surpresa. A população empregada tem sido um grande destaque", disse.

Segundo Campos Neto, os dados fiscais mostram uma situação das contas públicas melhor do que o esperado, apesar de entender que existem desafios significativos para financiar programas sociais no próximo ano. "Há um quadro macroeconômico favorável para este ano. O PIB e o emprego estão para cima, o fiscal está melhor e a inflação está caindo", afirma.


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