Três pessoas de uma mesma família são demitidas da Azaleia

Três pessoas de uma mesma família são demitidas da Azaleia

Fábrica de calçados dispensou 840 funcionários nessa segunda-feira na unidade de Parobé

Luciamem Winck / Correio do Povo

Jair era montador da Azaleia há 11 anos e a esposa Casemira encaixotadora há 10 anos

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Três integrantes da família Pereira, moradora do bairro Planasa, de Parobé, no Vale do Paranhana, estão na lista dos 840 demitidos pela Azaleia, em comunicado feito nessa segunda-feira. Jair Mariano Pereira, de 39 anos, era montador e trabalhava há 11 anos no local. A mulher dele, Casemira Michinoski, de 41 anos, era encaixotadora há dez anos. O filho mais velho do casal, Eder David Pereira, 20,  também trabalhava há dois anos e nove meses como cortador na fábrica. Vanessa Aparecida Pereira, 10 anos, é a caçula da família.

Juntos, Jair e Casemira ganhavam R$ 1,5 mil e Eder, R$ 700. A família havia feito um financiamento de R$ 15 mil – que seria pago em 58 parcelas de R$ 420 – para reformar a casa.  Apenas três prestações já foram quitadas. Segundo Jair, o dinheiro da indenização pelas demissões será usado para terminar de pagar o financiamento. Os funcionários dispensados estão fazendo o exame demissional ao longo do dia. Antes da demissão coletiva, 2.580 pessoas trabalhavam na empresa.

Tentativa de chamar a atenção

Para a prefeita de Parobé, Gilda Maria Kirsch, a demissão coletiva é uma forma da empresa chamar a atenção do governo do Estado. Segundo ela, a Vulcabras, que comprou a Azaleia há três anos, critica a falta de incentivos fiscais. A empresa possui 22 unidades fora do município – em outros Estados brasileiros, na Índia, Argentina e China.

Gilda estranhou a decisão rápida da empresa, sob alegação de que precisava resolver os custos de produção e captar mão de obra barata. A prefeita lembrou que a Azaleia é "pujante" e comandava o setor calçadista no município. Cerca de 70% do orçamento de Parobé vem desse setor.

Gilda está em Brasília, participando da marcha dos prefeitos, mas deve retornar ainda hoje para se reunir nesta quarta-feira com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Sindicato do Setor Calçadista, Câmara de Vereadores e representantes da indústria calçadista. A ideia é que pelo menos 60% dos trabalhadores demitidos sejam absorvidos pelas empresas locais. Além da Azaleia, outras grandes unidades calçadistas do município são Bottero, Crysalis e Bibi.

Nesta manhã, a prefeita tem reunião com a bancada gaúcha e pretende deixar agendada, para a próxima semana, um encontro com o ministro da Indústria, Fernando Pimentel. Ela vai pedir para que o governo federal crie políticas públicas que viabilizem incentivos às indústrias e evitem que outras fábricas fechem.

Parobé tem cerca de 52 mil habitantes e mais de 200 empresas e ateliês calçadistas, que são responsáveis pelo sustento de 40% da população. A Azaleia chegou a possuir 12 mil funcionários.

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