Trabalhadores do Polo Petroquímico fazem ato e reivindicam por condições mais dignas de trabalho

Trabalhadores do Polo Petroquímico fazem ato e reivindicam por condições mais dignas de trabalho

A manifestação é também contra a pressão da empresa de querer impor novos Contratos Individuais de Trabalho que conflitam com os Acordos Coletivos que estão em vigência

Fernanda Bassôa

Terceirizados denunciam péssimas condições de trabalho, desde vestiários inadequados até questões básicas como alimentação

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Os trabalhadores diretos e terceirizados do Polo Petroquímico, em conjunto com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e sindicatos, estão realizando, desde as primeiras horas da manhã desta quarta-feira, um ato unificado na rodovia de acesso ao Complexo das Indústrias do Polo Petroquímico de Triunfo. A atividade tem um conjunto de reivindicações, que vão desde condições dignas de trabalho como banheiros e água, até a falta de segurança, que ficou mais evidente com o recente acidente ocorrido na Braskem no último domingo.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Petroquímicos de Porto Alegre e Triunfo (Sindipolo), Ivonei Arnt, o acidente de domingo mostrou não só o sucateamento dos equipamentos e a insegurança como o descaso com que a Braskem trata a questão, uma vez que somente quase 24 horas após o evento ela se manifestou. “Um descaso com os trabalhadores e com a comunidade, que ficou assustada com o tamanho das chamas nas chaminés (flare) do Polo”, pontuou ele.

Arnt acrescenta que a manifestação é também contra a pressão da empresa de querer impor novos Contratos Individuais de Trabalho que conflitam juridicamente com os Acordos Coletivos que estão em plena vigência. “Os trabalhadores diretos já estão ansiosos com os boatos diários de venda das ações da Odebrecht/Novonor na Braskem e agora essa alteração nos contratos de trabalho está causando grande preocupação a todos trabalhadores petroquímicos. Isso naturalmente afeta o psicológico de todos”, disse ele.

No caso dos terceirizados, representados pelo Sindicato da Construção Civil de Triunfo (SindiConstrupolo), as reivindicações também estão ligadas à segurança e vão ainda além. Eles denunciam péssimas condições de trabalho, desde vestiários inadequados até questões básicas como alimentação, banheiros, água adequada para tomar, assédio moral, desrespeito ao acordo coletivo, entre outros problemas.

O presidente do SindiConstrupolo, Júlio Selistre, reforça que a insegurança no Polo atinge a todos os trabalhadores, principalmente os terceirizados, que são tratados como invisíveis pelas empresas contratantes. Especialmente neste momento, com uma parada de manutenção em andamento em uma das caldeiras da Braskem, área onde ocorreu o acidente com fogo neste domingo, quando os trabalhadores estão sobrecarregados e precisam de toda segurança para trabalhar. “Mas em vez de trabalhar para criar um ambiente de trabalho seguro, as empresas, tanto a contratante Braskem como as empresas contratadas de manutenção, fazem de tudo para desrespeitar os trabalhadores e as Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde, causando acidentes e gerando ansiedade”, disse Selistre.

Para ambos os dirigentes, o ato é um momento de alerta já que as conversas com as empresas, tanto a Braskem como as terceirizadas, não vêm surtindo solução para estes problemas e acidentes. No caso dos trabalhadores diretos, o tal “Aditivo” Contrato Individual de Trabalho tem sido imposto sem qualquer tratativa com o Sindipolo e no caso dos terceirizados, os problemas se acumulam sem que as empresas tomem qualquer medida para solucionar, mesmo se tratando de questões básicas de trabalho.

Frente a este descaso, dizem, não resta aos trabalhadores a não ser avançar nas mobilizações, até que as empresas reúnam com os sindicatos/CUT para tratar dos respectivos problemas do conjunto dos trabalhadores do Polo Petroquímico para achar soluções efetivas e eficazes e não apenas medidas paliativas.

O que diz a Braskem

A Braskem destacou em nota que “mantém investimentos constantes em segurança e manutenção de suas unidades no Polo de Triunfo”. De acordo com a empresa, mais de R$ 1 bilhão que foram investidos por ano, nos últimos 3 anos, em tecnologia e inovação, para manutenção dos ativos e garantir as operações seguras e com integridade.

“O evento ocorrido no último domingo na caldeira foi um distúrbio operacional provocado por um vazamento de óleo em um dos queimadores em uma das caldeiras. Um incidente em que as equipes de técnicos da empresa atuaram prontamente para interromper a operação da caldeira. O evento não trouxe riscos para a segurança, pessoas ou ambiente”, destacou a Braskem.

A empresa informa ainda que as comunidades do entorno do Polo Petroquímico de Triunfo, bem como de Nova Santa Rita e Montenegro “foram informadas do ocorrido na noite de domingo por meio de contato realizado da empresa com lideranças do Conselho Comunitário Consultivo do Polo Petroquímico”.

A Braskem revela que assim que foi procurada pelo Sindipolo, sobre os aditivos aos contratos de trabalho, a empresa estabeleceu canal de comunicação e continua conversando com o Sindicato para buscar esclarecer os pontos de dúvida. De acordo com a empresa, “as alterações visam a atender a atual legislação definida pelos órgãos responsáveis”.

A empresa destaca ainda que "às demandas apresentadas por funcionários de empresas contratadas, estas estão sendo tratadas pelas próprias empresas que prestam serviços para a Braskem, junto ao Sindiconstrupolo e, pelo que a Braskem tem conhecimento, o canal de diálogo com o Sindicato permanece aberto e ativo".

A Braskem encerra a nota informando que a empresa “está aberta à visita da comunidade e de profissionais da imprensa para conhecer suas unidades industriais, onde serão apresentados os processos e as instalações”. De acordo com a empresa, nessas oportunidades, os visitantes poderão verificar “a transparência e a segurança das operações realizadas no Polo Petroquímico de Triunfo, fato este que é do conhecimento dos órgãos reguladores estaduais e federais”.


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