Trump baixa tom sobre tarifas de importação de aço e alumínio
Presidente americano promete que será justo e flexível ao promulgar impostos
publicidade
Mais cedo, no Twitter, o republicano defendeu a necessidade de "proteger e construir nossa indústria do aço e do alumínio mostrando ao mesmo tempo grande flexibilidade e cooperação com aqueles que são verdadeiros amigos e nos tratam de maneira equitativa a nível de comércio e de defesa".
Esses "verdadeiros amigos" não foram identificados pela Casa Branca até o momento. Há uma semana, Trump surpreendeu ao anunciar sua intenção de taxar as importações de aço em 25% e as de alumínio em 10%, em uma declaração que provocou uma onda global de preocupação.Looking forward to 3:30 P.M. meeting today at the White House. We have to protect & build our Steel and Aluminum Industries while at the same time showing great flexibility and cooperation toward those that are real friends and treat us fairly on both trade and the military. — Donald J. Trump (@realDonaldTrump) March 8, 2018
No entanto, a porta-voz da presidência, Sarah Sanders, indicou na quarta-feira que o plano poderia incluir exceções ao México e ao Canadá, dois parceiros que renegociam os termos do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) com os Estados Unidos. Segundo Sanders, essa exceção também poderia ser aplicada "potencialmente a outros países", após uma análise baseada em critérios de segurança nacional. No entanto, o jornal Washington Post assegurou que a isenção tarifária para o México e o Canadá seria de apenas 30 dias, prorrogáveis se a renegociação do NAFTA mostrar sinais de progresso.
Mexicanos, canadenses e americanos terminaram a sétima rodada de negociações esta semana sem que as partes tenham relatado avanços substantivos. Nesta quinta, Trump realizará uma reunião na Casa Branca dedicada exclusivamente a discutir a proposta de adoção de tarifas e poderá usar essa cerimônia para formalizar medida polêmica. Os secretários de Comércio e do Tesouro, Wilbur Ross e Steven Mnuchin, esforçaram-se no dia anterior para aliviar a tensão, observando que as tarifas eram negociáveis e não prejudicariam o crescimento. Ross afirmou que a decisão de aplicar as tarifas foi "cuidadosamente analisada" e que os Estados Unidos não estavam buscando uma guerra comercial. Por sua parte, Mnuchin disse à Fox Business que a medida não prejudicaria as projeções do governo de um crescimento de 3% e também assegurou que "não estamos procurando uma guerra comercial".
UE mostra as cartas
O aviso de Trump sobre o tratamento preferencial a "amigos verdadeiros" foi feito um dia depois que a União Europeia apresentou um plano cuidadoso de represália contra a iniciativa da Casa Branca. A comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmström, afirmou que esperava que uma escalada das tensões comerciais que "prejudiquem as relações transatlânticas" pudesse ser evitada, mas apresentou uma série de opções para responder a Washington. Enquanto isso, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, apontou que "as guerras comerciais são ruins e fáceis de perder", em uma referência direta ao presidente Donald Trump, que na sexta-feira disse que essas disputas são "boas e fáceis de ganhar".
Além disso, a UE advertiu que se Trump finalmente taxar fortemente as importações de produtos siderúrgicos, não poderá fazer exceções com certos países do bloco, como o Reino Unido. O vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, indicou em Bruxelas que "provavelmente estão considerando algumas isenções para os países do NAFTA, mas também mencionaram o Reino Unido e talvez outros países". Katainen também reiterou que a Comissão Europeia está em contato com as autoridades dos Estados Unidos "para tentar convencê-loa a não causar danos significativos à economia americana e à economia mundial".
Mesmo nos Estados Unidos, uma centena de deputados republicanos dirigiram uma carta a Trump pedindo-lhe para não impor tarifas uniformes e expressaram sua "profunda preocupação" com as consequências que a medida poderia implicar para as empresas locais. A estratégia da Comissão Europeia envolve três tipos de respostas: impor tarifas pesadas às exportações de produtos emblemáticos dos Estados Unidos, adotar medidas de salvaguarda e uma queixa perante a Organização Mundial do Comércio (OMC).