Ato em frente à Ufrgs pede reversão do desligamento de 161 alunos cotistas

Ato em frente à Ufrgs pede reversão do desligamento de 161 alunos cotistas

Participaram representantes de movimentos estudantis, familiares e funcionários da instituição

Daiana Garcia

O grupo foi impedido de participar da reunião do Consun, que foi encerrada devido ao manifesto

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Com cartazes, bandeiras, tambores e caixa de som, alunos da Universidade Federal do RS (Ufrgs) protestaram, na manhã desta sexta-feira, contra a expulsão de 161 estudantes cotistas. Diante da Reitoria, no Campus Centro, em Porto Alegre, o grupo foi impedido de participar da reunião do Conselho Universitário (Consun), que foi encerrada devido ao manifesto.

No ato, que teve a participação de representantes de movimentos estudantis, familiares e funcionários da instituição, os manifestantes criticaram o fechamento dos portões de acesso ao prédio da Reitoria, afirmando que a atitude da direção acadêmica vai contra o regimento do Consun, que estabelece que todas as sessões sejam abertas.

A estudante Mirela Queiroz, do Diretório Central de Estudantes da Ufrgs (DCE/Ufrgs), argumentou que apenas cinco estudantes iriam representar os alunos na reunião e levar a pauta das expulsões. Mas, mesmo assim, a entrada foi barrada. “A vice-reitora estava presente e não autorizou nossa entrada, assumindo uma postura de não legitimidade, como se não pudesse permitir a nossa entrada.”

Sara Albugeri, do 6º semestre de Nutrição e uma das cotistas desligadas da Ufrgs no início de maio, disse que conseguiu reverter a situação, provisoriamente, via judicial. Ela informou que foi notificada da inexistência de vínculo com a instituição via Portal do Aluno. “Ingressei com ação judicial e o advogado conseguiu um mandado de segurança. Assim, foi refeita a matrícula provisória e posso continuar frequentando as aulas até o final do processo.” Sara ingressou via cota étnico-racial, por meio de processo on-line da Banca de Verificação da Autodeclaração, dois anos após seu ingresso, em 2020/2. “Foi frustrante, nunca imaginei passar por isso. Tive que provar que sou parda (...) foi uma perda de identidade e isso foi muito desanimador. É uma injustiça comigo e com muitos estudantes.” Por isso, espera que a situação seja revertida, considerando que a Ufrgs deve “parar de adotar as matrículas provisórias e substituir o processo por algo mais eficiente”.

Na terça-feira (6/6), às 9h, os alunos desligados serão ouvidos na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do RS. E o DCE segue reunindo relatos dos cotistas expulsos, para anexar ao caso aberto no Ministério Público Federal (MPF).

Em nota, a Ufrgs ratificou que “o cancelamento de matrícula provisória, resultado da não homologação ou indeferimento de recurso, é decorrente da análise documental do candidato, quando o direito a matricular-se e estudar regularmente na Instituição deixa de atender os requisitos previstos em Leis e no Regimento e Estatuto da Ufrgs”. E acrescentou que estas “ações visam atender a legislação e possibilitar a ocupação destas vagas em outros processos seletivos”. 




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