Cérebro também deve se exercitar

Cérebro também deve se exercitar

Pesquisadores estudam o funcionamento do órgão com o objetivo de expandir a capacidade cognitiva

Vera Nunes

Formas de aprendizagem têm se tornado item de estudo de neurocientistas

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Aos 32 anos, a educadora Adriana Foz sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e precisou reaprender a ler, a escrever e a falar. Pós-graduada em Psicologia da Educação, especialista em Psicopedagogia e Neuropsicologia, hoje ela ministra cursos e palestras por todo o Brasil. “Se houvesse uma ‘bula para turbinar o cérebro’ essa receita incluiria informação de qualidade, exemplos de comportamentos positivos, estímulos apropriados, afeto, aprendizagem socioemocional, autocontrole e compensações, no sentido de compensar a escassez de um estímulo com outros”, resume a também coordenadora do Projeto Cuca Legal – Programa de Prevenção em Saúde Mental nas Escolas (Psiquiatria/ Unifesp).

Neste mês, Adriana esteve em Porto Alegre, participando do Painel de Educação, promovido pelo Sistema Etapa e que tratou do Aprender a Aprender com dirigentes de escolas particulares do RS. A ideia do evento, realizado na sede do Sindicato dos Estabelecimentos do Ensino Privado (Sinepe/RS), foi discutir as etapas do cérebro que aprende. Segundo Adriana, independentemente do ponto do cérebro afetado por um acidente (como o AVC), é possível recuperar as habilidades ao desenvolver outras áreas por estímulos adequados. “É possível dizer que qualquer pessoa pode desenvolver habilidades (artísticas, de raciocínio, memória, matemática, etc.) se bem conduzida, porém deve-se entender que cada um tem suas próprias facilidades e aptidões – nenhuma pessoa é idêntica à outra”, adverte.

E se o cérebro pode ser estimulado, a criatividade também pode “ganhar uma força”. Essa é a tese do diretor de criação da Evolução Comunicação e Marketing, Gabriel Suminski, que em abril esteve palestrando no auditório do campus das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat). O encontro promovido pelo curso de Comunicação, por iniciativa da professora Marley Rodrigues, contou com a presença de acadêmicos de Publicidade e Propaganda e de Relações Públicas, além dos cursos Design, Marketing, Administração, Superior Tecnólogo em Gestão Comercial e Engenharia de Produção.

Gabriel destaca que todo mundo é criativo, mas é fundamental exercitar essa criatividade a vida toda. “As ideias vêm do cérebro, mas não se tem prova se as pessoas mais criativas nascem com mais neurônios ou se têm um lado do cérebro mais desenvolvido que o outro”, disse o palestrante, citando o exemplo de Einstein, com inteligência acima da média, mas sabidamente um homem que exercitava muito o cérebro e que tinha intensa atividade mental. Por isso mesmo, enfatizou que as informações acumuladas são resultado de vários fatores e de diferentes interações, misturadas, como estudos e leitura, mas também de sensações, cheiros e outros conhecimentos armazenados no pré-consciente de cada um. “O cérebro é um computador que vai adquirindo informações a vida toda. Ele trabalha fazendo conexões entre as coisas até chegar às ideias. Quanto mais insistimos e exercitamos, mais ideias vão surgindo”.

Nos estudos sobre aprendizagem, a Neurociência e suas recentes descobertas têm feito com que profissionais avaliem novos métodos para fazer com que o conteúdo possa ser ensinado às crianças de maneira mais eficaz. Estudar o sistema nervoso humano e suas funcionalidades tornou-se fundamental para que especialistas encontrem novas formas de expandir a capacidade cognitiva do aluno. Pesquisas indicam que o cérebro humano funciona como uma rede interligada, e, na medida em que se estimulam as regiões mais sensíveis às experiências emotivas, maior será a capacidade de criação de redes neurais, que terão o papel de realizar conexões com todas as partes da mente, expandindo a capacidade cognitiva de aprendizagem.

Neurociência cognitiva

Neurociência é o estudo do sistema nervoso: sua estrutura, seu desenvolvimento, funcionamento, evolução, relação com o comportamento e a mente e também suas alterações. Já a neurociência cognitiva é uma área acadêmica que se ocupa do estudo científico dos mecanismos biológicos subjacentes à cognição (aprendizagem), com foco específico nos substratos neurais dos processos mentais e suas manifestações comportamentais. As pesquisas da área questionam sobre como as funções psicológicas e cognitivas são produzidas no sistema nervoso central. A neurociência cognitiva é um ramo tanto da psicologia quanto da neurociência.

Neuropsicopedagogia

A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociências aplicada à Educação, com interfaces da Pedagogia e da Psicologia Cognitiva. O seu objeto formal de estudo e pesquisa é a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional. Apesar de resistências, quando do surgimento dos primeiros profissionais da área, hoje a Neuropsicopedagogia já é vista como uma área de grande suporte das questões da aprendizagem escolar, também como uma possibilidade de reintegração dos indivíduos que dela dependem.

Inteligências múltiplas

Denomina-se Inteligências Múltiplas a teoria desenvolvida na década de 1980 por uma equipe de investigadores da Universidade de Harvard, liderada pelo psicólogo Howard Gardner, buscando analisar e descrever melhor o conceito de inteligência. Gardner afirmou que o conceito de inteligência, como tradicionalmente definido em psicometria (testes de QI) não era suficiente para descrever a grande variedade de habilidades cognitivas humanas. Inicialmente, elencou sete tipos de Inteligências: lógico-matemática, linguística, musical, espacial, corporal-cinestésica, intrapessoal e interpessoal. Posteriormente foram acrescentadas à lista as inteligências naturalista e existencial.



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