Estudante de 18 anos de Tramandaí é aprovado em cinco universidades estrangeiras

Estudante de 18 anos de Tramandaí é aprovado em cinco universidades estrangeiras

Apesar das bolsas, Gabriel Silva Teixeira ainda precisa arcar com alguns custos e fez uma vaquinha virtual

Chico Izidro

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No final da rua onde mora o jovem Gabriel Silva Teixeira, de apenas 18 anos, encontra-se um local propício para a paz, e onde ele pode estudar com tranquilidade, a Lagoa das Custódias, em Tramandaí. Com esse clima paradisíaco, o garoto achou inspiração para antes mesmo de concluir o ensino médio, obter aprovação em cinco universidades estrangeiras, quatro do Canadá e uma da Inglaterra, com bolsa integral. Gabriel vive com os pais, Cristiane e Robert Neves e a irmã mais nova, Lívia, de 16 anos, no Bairro Cruzeiro do Sul 1. E já prepara as malas para partir em setembro. A escolhida deverá ser a UCW, na canadense Vancouver, onde irá cursar engenharia. Ele poderia ir embora agora em março, mas ainda não terminou o segundo grau.

O garoto elogia a família, a quem é muito apegado. Os pais sempre incentivaram ele e a irmã a estudarem e buscarem seus sonhos. “A gente está sofrendo um pouco, mas os meus pais sempre foram grandes incentivadores. E a mãe sempre me inspirou a buscar coisas maiores. Ela não teve oportunidades, mas sabe que o mundo é muito mais do que Tramandaí. Sempre fui incentivado a estudar e ir para longe”, agradece.

Gabriel fez o ensino fundamental na Escola Estadual Almirante Tamandaré e o Ensino Médio no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), onde se formará em 24 de abril – um atraso provocado pela pandemia do coronavírus. Para ser aprovado nas universidades gringas, pesaram muito as boas notas que sempre obteve. Nunca repetiu e sempre foi um aluno acima da média.

E ele conta que ao fazer o Enem os anos de afinco nos estudos não foram suficientes. “Lá um dia ruim destrói tudo o que a gente construiu. Nas universidades de fora importa o histórico que fizemos em todos os anos de estudo”, comparou. O inglês, aprendido no início em curso do Senac e depois de forma autodidata também foi fundamental para obter a bolsa.

Porém, apesar da bolsa integral, são necessários alguns gastos, como passagem, hospedagem, alimentação e o pagamento da matrícula. Valores que a família não possui. Por isso, Gabriel que nunca havia trabalhado, conseguiu um emprego em uma loja de roupas em Tramandaí no final do ano passado. O salário tem ajudado um pouco, apesar de a mãe achar que ele não precisaria se sacrificar, e focar ainda mais nos estudos. E a família tem feito algumas economias para fazer uma caixinha, além de planejar uma vaquinha virtual para ajudar Gabriel.

O garoto é um leitor voraz de livros de ficção científica, e além da família, terá de deixar a namorada Íris, colega de colégio, com quem está há dois anos. “Eu a amo, mas não posso perder esta oportunidade”, afirma. Gabriel está tentando incentivar a amada a também tentar estudar no Canadá. “Eu quero ela e a Lívia (a irmã) morando lá comigo”, sonha ele, que nas horas em que não está estudando, gosta de andar de skate ou de bicicleta. “Pego a bike e me mando para Osório, o Morro da Borússia”, completa, contando os meses que faltam para dar um grande salto em sua vida.




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