Estudantes de Passo Fundo desenvolvem projeto que melhora qualidade do ar em centros urbanos

Estudantes de Passo Fundo desenvolvem projeto que melhora qualidade do ar em centros urbanos

Experimento de iniciação científica pode diminuir a poluição nas cidades

Correio do Povo

Experimento de iniciação científica pode diminuir a poluição nas cidades

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Em março deste ano, na fase de pesquisa do projeto de iniciação científica do Ensino Médio, Emanuela Camillo Sordi, Manuela Peres Sontag, Maria Vitória dos Santos Gonçalves e Valentine Ferreira Nascimento de Moraes ainda não sabiam o rumo do trabalho que fariam, mas tinham uma certeza vinda por um interesse em comum: o mar como ponto de partida. À época, o que elas não imaginavam era que a possível aplicação seria em terra firme, principalmente nos centros urbanos. Foi ao acaso, após uma delas assistir a um reels no Instagram, que veio a inspiração para o tema final: “o oceano e a humanidade futura, uma relação de interdependência” 

“Na apresentação do projeto percebi que teríamos um estudo importante. As meninas foram incríveis ao buscar viabilizar a pesquisa, mostrando proatividade e motivação para buscar informações sobre como cultivar e manter as microalgas. Acompanhar ao longo do semestre foi gratificante e recompensador”, salienta Álvaro Silveira, professor de Biologia do Fleming e orientador do quarteto.

O vídeo na rede social mostrava grandes tanques com algas e microalgas marinhas espalhadas em Belgrado, na Sérvia, após resultados obtidos pelo Instituto de Pesquisa Multidisciplinar da Universidade de Belgrado, os quais basearam as atividades da turma de Passo Fundo. Os grandes aquários realizam a fotossíntese, absorvendo CO² da atmosfera e liberando oxigênio. Chamados de árvores líquidas, cada um corresponde a duas árvores de 10 anos ou a 200 m² de gramado. A partir disso, as alunas do Fleming Ensino Médio buscaram entender se seria possível desenvolver tais algas em laboratório e em climas locais.

As etapas em laboratório envolveram testes com cinco espécies, quatro microalgas (Chlorella Vulgaris, Spirulina, Scenedesmus e Euglena) e uma cianobactéria (Stigonema), todas doadas pela Universidade Federal de Santa Maria. Os testes indicaram competição entre elas por habitat e melhor desempenho apresentado pela microalga Spirulina, diferentemente do estudo sérvio, que reproduziu a Chlorella Vulgaris.

“Os experimentos foram realizados em pequena escala por tentativa e erro, com ambiente entre 18ºC e 22ºC e água a 20ºC, condições climáticas as quais nenhuma morreu. Fizemos o possível com o que tínhamos à disposição. Como sociedade, precisamos fazer o que está ao alcance e modificar para melhor a partir do que já se tem”, pontua Manuela Sontag.

Além de comprovar que é possível melhorar a qualidade do ar nas cidades, o trabalho também chama a atenção para o mar. “Os oceanos são o pulmão do mundo. Precisamos atentar para sua preservação e para o impacto ambiental provocado pela poluição no universo marinho, que pode ser solução para melhora da qualidade de vida humana”, acrescenta Manuela.

Com a pesquisa finalizada, o momento agora é de busca por parcerias para viabilizar a prática em grande escala a fim de melhorar o ar respirado nas cidades. “Os resultados alcançados são promissores. Por meio do auxílio de parcerias privadas, laboratórios e do poder público, a execução se torna viável”, salienta Silveira. Além da busca por parceiros em prol do planeta, as quatro jovens também pretendem, ainda, inscrever o projeto em salões de iniciação científica de universidades.




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