Estudo revela dificuldades para inclusão escolar no Rio Grande do Sul
Pesquisa de sindicatos de professores do ensino privado vai embasar campanha por direito a descanso docente e estrutura de atendimento
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Uma pesquisa realizada com professores do ensino privado do Rio Grande do Sul revelou que as escolas de Educação Básica (ensinos Infantil, Fundamental e Médio) não oferecem estrutura, nem pessoal de apoio necessários, a uma efetiva educação inclusiva, como determina a legislação. O estudo, realizado em agosto deste ano pela consultoria FlamingoEDU, a pedido dos sindicatos dos Professores do Ensino Privado do RS, de Caxias do Sul e de Ijuí, teve 969 participantes, que responderam questões sobre escola, professor e aluno, e relataram suas realidades escolares.
Entre as conclusões, o trabalho aponta que sem o comprometimento da escola, a inclusão de alunos com deficiência acaba sob a responsabilidade apenas dos professores, que, em muitos casos, arcam até com custos de materiais e equipamentos. “O levantamento confirma uma realidade que vem sendo relatada reiteradamente pelos professores aos sindicatos nos últimos anos”, destaca Cecília Farias, diretora do Sinpro/RS.
A professora explica que o levantamento vai embasar uma campanha dos sindicatos, para que as escolas preservem o direito de descanso dos professores e garantam o necessário apoio material e humano visando à real inclusão escolar.
“Já havíamos constatado a exaustão dos docentes com o trabalho extraclasse ordinário (...). Registramos, agora, que há ainda mais trabalho do que o incorporado durante a pandemia e a dedicação necessária para planejamento, elaboração de materiais e avaliações adaptados para os estudantes com deficiência”, alerta Cecília. “É preciso que as escolas entendam que estão ultrapassando os limites”, argumenta, em relação à crescente jornada e à necessidade de ser revista a elasticidade da ação docente.
Estrutura legal
A inclusão de estudantes com deficiência na escola regular tem estrutura legal amparada na perspectiva de que os direitos humanos devem ser garantidos a todos. E, no que diz respeito à escola, devem ser asseguradas as condições de acesso e permanência.
Para tornar a inclusão efetiva, cabe à escola, entre outras medidas: preparo do corpo docente, adaptação do projeto pedagógico, produção de materiais pedagógicos, mediação do desempenho, fomento a ambiente de cooperação e livre de preconceitos. E entre as bases legais da inclusão estão: Constituição Federal; Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); e leis de diretrizes da educação (LDB) e da inclusão da pessoa com deficiência.
Dados do levantamento do Sinpro:
• Quase metade dos 969 professores que responderam à pesquisa desconhece o projeto político-pedagógico da respectiva escola e o regimento escolar. O documento deveria ter sido construído pelo coletivo escolar e cumprido pelo corpo docente.
Sobre o desenvolvimento dos alunos, 46% dos professores revelam assumir a responsabilidade; 24% possuem materiais básicos; e 9% têm condições adequadas.
• É verificada falta pessoal de apoio para atender aos alunos com deficiência como determina a legislação: 26% responderam não contar com nenhum apoio; e 33,2% disseram que o apoio em sala de aula é prestado por pessoa sem formação.
• Relativo às condições de trabalho, 27,4% dos professores responderam não existirem ambientes adequados e bem equipados; e 28,3% alegaram não ter espaço físico escolar para atender os alunos com deficiência. Para 25,6%, o ambiente é pequeno, mas devidamente equipado; e 13,2% informaram que existe espaço, mas sem ferramentas e materiais para os alunos.
Os docentes informaram gastos próprios, em média anual de R$ 300,00, com a compra de materiais de apoio que não são disponibilizados pelas escolas.
• O Sinpro/RS informa que a Educação Básica do ensino privado no RS possui 746 instituições de ensino; e 16.882 professores.