Fóssil descoberto no RS revela novos dados sobre a origem dos dinossauros e pterossauros

Fóssil descoberto no RS revela novos dados sobre a origem dos dinossauros e pterossauros

Pesquisa é de cientistas do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Correio do Povo

Esqueleto completo do Venetoraptor Gassenae foi criado com base em análises do fóssil, em impressora 3D

publicidade

Pistas inéditas sobre a origem de dinossauros e pterossauros foram descobertas por pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ao encontrarem um novo fóssil, na região central do Rio Grande do Sul, os estudiosos revelam que a evolução destes animais aconteceu de forma mais ampla e diversa do que se pensava.

O paleontólogo Rodrigo Temp Müller, que liderou a pesquisa, explica que, até então, se supunha que a variedade de formas apareceria com o surgimento dos dinossauros e pterossauros. No entanto, descobriu-se que antes disso já existia uma amplitude maior de formas destes animais. “Temos uma diversidade morfológica que não imaginávamos e mostra que esta história evolutiva foi mais complexa”.

Batizada de Venetoraptor Gassenae, a nova espécie viveu há cerca de 230 milhões de anos e pertence a um grupo extinto chamado de Lagerpetidae, parentes dos pterossauros (répteis voadores que viveram com os dinossauros há 165 milhões de anos). A criatura apresenta uma série de características vistas como incomuns pelos pesquisadores, como bico raptorial e mãos proporcionalmente grandes para o corpo. O pequeno réptil pesava entre 4 a 8 quilogramas, com cerca de 1 metro de comprimento. Também possuía garras longas e afiadas. E os dados indicam que o animal se locomovia com as mãos livres, em postura bípede.

Rodrigo esclarece que, pelo que se verificou até agora, ainda não é possível assegurar como o animal se alimentava. “Como ele tem um bico, é difícil definir e, comparando, poderíamos imaginar que se alimentava de invertebrados ou insetos, mas ainda é cedo para ter certeza.” Assim, diz que a pesquisa em torno da descoberta seguirá em andamento, já que este é um estudo inicial.

Escavado no território do Geoparque Quarta Colônia, no município gaúcho de São João do Polêsine, em 2022, o fóssil é o mais bem preservado de um precursor dos pterossauros. Dessa forma, pela primeira vez, foi possível ter uma imagem tão clara da face destas criaturas e entender como viviam antes dos répteis voadores. 

Ao todo, nove pesquisadores trabalharam na pesquisa durante o último ano, sendo que quatro cientistas são brasileiros, três são argentinos e dois são norte-americanos. Os detalhes da descoberta estão descritos na edição desta quarta-feira (16/8), da revista científica “Nature”. O fóssil e a escultura do esqueleto do Venetoraptor Gassenae ficarão em exibição no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia/UFSM, em São João do Polêsine, a partir desta semana, com entrada gratuita e aberta ao público. 




Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895